sábado, 28 de novembro de 2009

100. Jó e as teologias da retribuição e prosperidade

É natural do ser humano buscar respostas para as questões inquietantes da vida. De todas as demandas que perturbam o homem certamente a morte e o sofrimento são as mais debatidas. Muito se diz acerca da morte e mais ainda acerca do sofrimento. Faça o leitor a experiência de procurar livros com a temática funesta e o Google apresentará mais de oito milhões de resultados. Caso pesquise pelo “sofrimento” então que também pesquise “dor” e “pesar” e os frutos se multiplicarão. O livro bíblico “Jó” é umas das diversas opções de leitura acerca do tema.

O livro de Jó desperta a curiosidade dos acadêmicos e muito se tem escrito acerca das dificuldades de leitura da obra. De fato, Norman K. Gottwald afirma que os ingredientes de gêneros presentes no livro são numerosos e que se destacam por apresentarem estruturas muito diferentes. A lamentação individual, o discurso de controvérsia, o apelo à antiga tradição e uma fórmula de sumário-avaliação permeiam o livro.

Mas não são apenas os acadêmicos que demonstram interesse pelo livro de Jó. É muito comum que líderes religiosos utilizem o livro bíblico em suas mensagens e é do senso comum que o personagem represente a paciência, como se percebe na frase “tem que ter paciência de Jó”.

Academia e a Igreja se separam com relação à interpretação do livro. Enquanto a Academia adota em sua maioria uma leitura diacrônica, a Igreja adota uma leitura anacrônica[1].

Na leitura ou abordagem anacrônica, a Igreja, ou seja, aqueles que fazem parte de uma comunidade de fé de acordo com Cristianismo lêem o livro de Jó segundo a Tradição. Esta auxilia os leitores a compreenderem Jó como personagem rico que perde tudo o que tem, incluindo seus filhos e filhas, e sofre de chagas dos pés à cabeça, mas por ser paciente e não blasfemar contra a divindade é recompensado com o dobro de tudo que possuía, incluindo filhos e filhas.

A leitura diacrônica, no entanto não enxerga qualquer paciência em Jó. Pelo contrário, vê no personagem quase um blasfemador. Não há tradição que oriente os leitores diacrônicos, mas há um conjunto de ferramentas utilizadas para a reconstrução do contexto histórico-social da época do autor do texto. O personagem não é importante para o leitor diacrônico, pois este o entende como um ser, fictício ou não, que desempenha um papel dentro de uma esfera construída por um autor. É o autor e seu mundo que interessam, pois só pela compreensão da intentio-auctoris é possível chegar ao sentido do texto.

Tendo em vistas estas duas possibilidades apresentadas é possível entender como os líderes religiosos utilizam o texto de Jó em suas igrejas e comunidades. O texto bíblico favorece e até alicerça a Teologia da Prosperidade (TP) tão bradada dos púlpitos. Segundo esta teologia, os cristãos fiéis a Deus não são derrotados definitivamente pelo mal, mas vencem e são prósperos em tudo que fazem. Esta prosperidade é enfatizada no que concerne aos bens materiais. As muitas campanhas e slogans prometem uma reviravolta na vida daquele que se dispuser a ingressar nestas igrejas e que assumir um compromisso com Deus. Este compromisso em geral é uma oferta voluntária programada durante algumas semanas, também conhecida como “corrente”. Mensagens como “Vida vitoriosa”, “Pare de sofrer”, “A mão de Deus está aqui”, “Sinta o poder de Deus” enfeitam outdoors e letreiros de igrejas.

O grau de influência da TP é tão impressionante que uma das músicas dita “evangélica” mais conhecida no Brasil e, jocosamente apelidada de “melô do Imposto de Renda”, tem como refrão as seguintes frases:

Restitui! Eu quero de volta o que é meu
Sara-me! E põe Teu azeite em minha dor
Restitui! E leva-me às águas tranqüilas
Lava-me! E refrigera a minh’alma
Restitui...

A TP é apenas uma releitura da Teologia da Retribuição (TR), também chamada de “Justiça Distributiva”, presente no livro de Jó. A TR é o entendimento de que todas as ações e pensamentos humanos são avaliados pela divindade que retribuirá individualmente de acordo com o que for merecido. Se uma pessoa pratica boas obras então receberá bênçãos, mas se pratica atos maus receberá maldições, que podem ser castigos iguais aos que Jô recebeu.

Os três amigos de Jó, Elifaz, Bildade, Zofar e o misterioso quarto elemento Eliú tentam convencê-lo de que a divindade apenas cumpre o papel e que os castigos infligidos se devem às atitudes de Jó. Jean Louis Ska afirma que eles

fizeram de tudo para levá-lo a admitir que ele era um caso como os outros, sujeito à regra geral da justiça distributiva: Deus recompensa o justo e pune o ímpio; se sofres, é porque és punido; se és punido, é porque há pecado; arrepende-te e Deus te curará.

Esta teologia ainda está presente no meio evangélico brasileiro. A Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Internacional da Graça de Deus são suas mais conhecidas representantes, mas muitas outras denominações têm apresentado discursos semelhantes, apresentando um deus ex machina diligente em castigar a todo aquele que não seguir as doutrinas, que são transmitidas por estes líderes, como verdades absolutas. O impressionante é a afirmação contraditória de que pregam uma divindade que é amor.

Conquanto seja uma teologia que inspire no fiel a mudança de comportamento e o abandono de atitudes prejudiciais, é uma forma de dominação, pois não é pela boa vontade que o homem altera seus costumes, mas pelo medo de ser castigado.

Embora muitos estudiosos considerem que a leitura diacrônica não tenha lugar no ambiente eclesiástico e que a própria Igreja a exclua, mesmo sem ter conhecimento aprofundado da questão limitando-se a considerá-la como heresia, é justamente pelo Método Histórico-Crítico que se pode apresentar uma nova leitura deste livro sapiencial indo de encontro às TP e TR.

O livro de Jó é descrito como um livro Sapiencial, ou seja, “Sabedoria”. Trata-se de um modo de ver o mundo baseado na observação e reflexão. Segundo Gottwald a meta do escrito sapiencial é desenvolver táticas de vida que farão parte da existência da pessoa com a ordem percebida do mundo. É uma busca por um modo de vida ético entre os seres humanos inseridos em situações comuns a todos.

Entender que o movimento Sapiencial é contrário ao culto praticado em Israel é um erro, pois ser um israelita no tempo do AT é ser religioso, assim como ser romano no período do Império Romano é ser religioso. A religião está em todos os aspectos da vida. Mas este movimento enxerga a possibilidade humana de refletir e chegar à uma determinação da verdade. O culto a IHWH possivelmente era praticado pelos integrantes do movimento, mas com a diferença de que era “algo cujo valor e significado tinham de ser postos à prova, determinados e integrados a todo o resto de conhecimento e de verdade.” (GOTTWALD, 1988, p.525).

Haroldo Reimer identifica uma “crise na sabedoria” devido ao mecanismo do sistema de retribuição não ser mais suficiente como regulador da ordem social tendo em vista a experiência cotidiana que demonstrava a opressão aos justos enquanto os ímpios prosperavam. Esta crise se dá no período pós-exílico quando as constantes invasões, deportações e derrotas do povo de Israel aumentaram as experiências de sofrimento e empobrecimento que foram discutidas à luz da teodicéia babilônica.

De acordo com Osvaldo Luiz Ribeiro a influência babilônica é evidente no livro, principalmente em 7,12 quando Jó faz referência ao mito da criação babilônico ao questionar se ele mesmo era o “monstro marinho”, conhecido como Tiamat no mito cosmogônico Enuma Elish.[2]

Ainda de acordo com Ribeiro o livro bíblico pode ser dividido da seguinte forma: Prólogo: 1-2 em prosa, Núcleo: 3,1-42,6 em poesia e Epílogo: 42,7-17 em prosa.

Esta divisão favorece a tese de que o prólogo e o epílogo fazem parte de uma história já conhecida em muitas nações e regiões do AT cujo tema é o justo sofredor como se pode perceber na extensa relação feita por Ribeiro

Constitui “evidência externa” o fato de que “de uma série de textos paralelos do antigo Oriente se depreende que o livro de não trata de um tema genuinamente israelita”. Mencionam-se vários desses “textos paralelos”. 1 – Homem e Deus, ou Jó Sumério, datado de cerca de 2.000 a.C. 2 – Ludlul bel nemeqi (“Eu enaltecerei o senhor da sabedoria”), mais conhecido como Jó Babilônico, datado de cerca do século XII a.C. 3 – O Diálogo de um Sofredor com seu Amigo Religioso, também conhecido por outros dois nomes: Teodicéia Babilônica e Qohelet Babilônico, datado entre os anos 1.000 e 800 a.C. 4 – vários excertos da literatura egípcia, caracterizados como “controvérsia sapiencial”: O Lamento do Agricultor, O Diálogo da Pessoa Cansada da Vida com sua Alma e as Palavras de Exortação de Ipu-Ver, por exemplo, datados do fim do terceiro milênio. 5 – na literatura grega, Prometeu, Os Persas (de Ésquilo), bem como dramas de Eurípedes, todos datados entre os séculos VI e VIII.

O núcleo do livro apresenta uma refutação à TR e Gottwald afirma que o autor está satisfeito em demonstrar que há

sofrimento inocente, algo que a dogmática sapiencial não poderia tolerar (...) “inocente” não quer dizer que o sofredor esteja sem pecado, mas apenas que o sofrimento acontece uma a outra vez, para o qual nós não podemos apontar nenhuma razão formulaica.

O único argumento que resta para que a TR e a TP ainda se utilizem de Jó como personagem central de suas mensagens é o verso 42,5-6 em que a tradição lê o arrependimento do personagem, conditio sine qua non para a benção de Deus. No entanto, Ribeiro oferece a tradução de Jack Miles e a argumentação que o verbo presente no v.6

não se faz seguir imediatamente de um complemento, qualquer que seja, de modo que os complementos “de mim” e “me” das traduções (...) “são acrescentados da cabeça do tradutor” – não existem no texto hebraico, e foram pressupostos pelos respectivos tradutores. Jack Miles aposta que tal tradição derive da LXX, cujo tradutor acrescentou literalmente o complemento, cuja força ter-se-ia migrado para a tradição de leitura de Jó.

Se a tradução de Jack Miles estiver correta, então o personagem não se arrepende. Desta forma, “Jó pôde rebelar-se, e suas palavras puderam beirar a blasfêmia, mas é a ele que Deus aprova e não a seus amigos,” (SKA, 2000, p. 35). A tradução de Miles é:

“Tu ouves, eu falarei’, dizes, ‘eu perguntarei e tu responderás’.

Ouvira falar de ti, Mas agora que meus olhos o viram,

Estremeço de pena pelo barro mortal.”

O que o personagem fala é um lamento pelo homem diante de uma divindade muito além da compreensão e condições características da raça humana.

Não há paciência em Jó. Ele lamenta as perdas, resmunga das dores, amaldiçoa o dia em que nasceu e questiona a divindade acerca das aflições humanas. Talvez seja justamente por isso que o autor silencia Deus diante de Jó. Após as últimas palavras de Jó, Deus se volta contra os “amigos” que não falaram aquilo que era “reto”. É visível que os amigos representam a TR, o templo e o poder da época e que são todos condenados quando comparados àquele que era considerado pecador e sofredor da justiça divina.

Jó se recusa a carregar o fardo que lhe é constantemente imposto e isto não faz dele um super-homem, mas sim um homem. Ele se permite chorar e sentir a dor que as agruras da vida lhe proporcionaram, e no decorrer da história ele aprenderá que as circunstâncias da vida acometem a todos os seres e que não é a fidelidade em um ser divino que garantirá a riqueza, a paz e a saúde na terra.

Essa é uma mensagem que os líderes religiosos não transmitem quando pensam em Jó. Fazem dele um ser tão fiel e forte que sua humanidade é imperceptível.

A morte e o sofrimento permanecerão no habitual dos seres vivos e no imaginário de cada indivíduo, mas se prestarmos atenção às atitudes e palavras que o autor do livro bíblico atribui a Jó, entenderemos que não há sofrimento necessariamente por causa de pecado e que a morte não é um castigo divino, mas são apenas etapas que não podem ser evitadas, pois são elas que nos constituem como verdadeiros seres humanos.

Referências Bibliográficas

GOTTWALD, Norman K. Introdução socioliterária à Bíblia Hebraica. São Paulo: Edições Paulinas, 1988.

REIMER, Haroldo. Pobre Sujeito: sobre os direitos do pobre no livro de Jó. Disponível em: <http://www.haroldoreimer.pro.br/pdf/Pobre%20Sujeito.pdf>. Acesso em 28 nov. 2009.

RIBEIRO, Osvaldo Luiz. Os seis versículos: sobre a estrutura e o sentido de Jó. Disponível em <http://www.ouviroevento.pro.br/biblicoteologicos/Os_seis_versiculos.htm>. Acesso em 28 nov. 2009.

RIBEIRO, Osvaldo Luiz. Entre a dor, as palavras e a fé. Disponível em <http://www.ouviroevento.pro.br/curtissimas/entreador.htm>. Acesso em 28 nov. 2009.

SKA, Jean Louis. Como ler o Antigo Testamento?. In: SIMIAN-YOFRE, Horácio. Metodologia do Antigo Testamento. São Paulo: Edições Loyola, 2000. p.34-37.



[1] Adota-se aqui a nomenclatura utilizada por Simian-Yofre em sua obra Metodologia do Antigo Testamento. São Paulo: Edições Loyola, 2000.

[2] Para uma descrição detalhada do Enuma Elish cf. COHN, Norman. Cosmos, caos e o mundo que virá: as origens das crenças no Apocalipse. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

099. Grandes Atores

O talentoso e engraçadíssimo Selton Mello interpretando "Chicó" do "Auto da Compadecida".

098. Valsa dos amantes

Lindo e triste.

Me lembra alguém.


Valsa dos amantes

Jorge Fernando

1
há um sorriso pequeno nos lábios que amei
faz tempo que te não via e ao ver-te pensei
estás mudada, estou mudado
e dos jovens que um dia se amaram nasceu este fado
2
há um sorriso pequeno no homem que eu sou
iniciamos o amor quando o amor nos chegou
não me esqueço, não te esqueças
que inocentes, escondidos, escondemos
o amor feito as pressas
3
não penses que te vejo como outrora
a vida esgota a vida hora a hora
o tempo gasta o tempo e marca a gente
o espelho mostra como eu estou diferente
não estou novo não sou novo
mas não peças que a vida te apague do fundo de mim
4
há um sorriso pequeno nos olhos dos dois
há uma lágrima triste que existe depois
fico a espera,estás a espera
mas a voz não se atreve e uma lagrima em mim desespera
5
não penses que te vejo como outrora
a vida esgota a vida hora a hora
o tempo gasta o tempo e marca a gente
o espelho mostra como eu estou diferente
não estou novo não sou novo
mas não peças que a vida te apague do fundo de mim"

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

097. Seria fácil III

WATT, Stephen. Iconoclastas e as 3 diferenças. HSMManagement, São Paulo, n.76, p.65-68, set - out. 2009.

Na entrevista concedida a Stephen Watt, o neurocientista Gregory Berns, esclarece sua teoria acerca dos iconoclastas e das três diferenças deste grupo seleto de “pessoas raras” segundo ele.

O termo “Iconoclastia” vem do grego do grego εικών, transliterado como “eikon”, "ícone” e κλαστειν, transliterado como “klastein”, "quebrar". Inicialmente era uma posição adotada pelas doutrinas cristãs em oposição às religiões pagãs romanas, famosas pela diversidade de imagens espalhadas em praças públicas e representativas dos deuses do Império Romano.

O termo sofreu diversas alterações no decorrer da Hitória e Berns utiliza-o para se referir àquele que” faz o que dizem ser impossível fazer, dasafiando – e destruindo – as ideias estabelecidas de modo geral”. Neste caso, o neurocientista afirma que tais ações são movidas devido a diferenças no cérebro da pessoa.

As alterações são na (1) percepeção, (2) resposta ao medo e (3) habilidades sociais. A primeira se dá de forma diferente no iconoclasta que vê o mundo da mesma forma que qualquer outra pessoa, mas que percebe o mundo de maneira diferenciada. Entre enxergar e perceber existe a variação da interpretação que o cérebro dá às imagens captadas. No iconoclastas esta interpretação é a chave para as novas ideias. A segunda é a resposta que o cérebro dá aos medos mais comuns como fracassar, ridicularização que são provenientes de milênios de convívio em ambientes sociais. O iconoclasta consegue driblar este medo e se arrisca na concepção e apresentação de suas ideias. A terceira e última só é possível pela superação das duas primeiras e consiste da capacidade de apresentar as novas percepções a um grupo obtendo relativa aceitação e sucesso na persuasão .

Berns credita aos iconoclastas os grandes avanços na cultura e tecnologia, mas se limita a apenas um exemplo na comprovão de sua teoria, referindo-se a Picasso. No entanto o exemplo é fraco, pois não acompanha argumentos válidos que indiquem a validade da tese de que Picasso era ou não iconoclasta ou que possuísse cérebro diferente dos demais.

Berns assevera que a novidade, a surpresa e o contato com a diversidade é a melhor forma de estimular o cérebro na tentativa de vencer as três barreiras mentais. Daí, não há novidade alguma, pois é de conhecimento geral (senso comum) que o novo influencia e impulsiona à novas descorbertas. Qualquer médico sabe que para estimular o cérebro é preciso testá-lo constantemente.

Se entendermos que todos os seres humanos (com excessão das anomalias genéticas) possuem o mesmo aparelho biológico, elétrico, físico e psíquico, então a tese de Berns contraria a ciência.

Aplicado ao âmbito eclesiástico do Cristianismo, basta analisar a história da Igreja que se percebe claramente que os iconoclastas enfrentam um processo simples em quatro partes: são ignorados, ouvidos, rejeitados e por fim perseguidos.

Os exemplos são vários, desde Marcião até Lutero existiram muitos. Depois da Reforma, a pluralidade de denominações indica como aqueles que têm novas percepções são vistos.

O iconoclasta só permanece no âmbito eclesiástico se não não interferir na tradição que a denominação segue. Se permanecerem fiéis aos dogmas professados, então têm total liberdade para propor novas ideias e ações, mas de fato não é uma liberdade, mas apenas um controle dissimulado. O novo que influencia, impulsiona e estimula não pode ser ser tão novo a ponto de chocar no entendimento cristão. Deve ser algo já conhecido e que apenas tem um remendo novo, como Lutero que rompe com a Igreja Católica, mas que faz de sua igreja uma cópia fiel daquela.

No contexto religioso brasileiro o iconoclasta é necessário para destruir as inúmeras figuras que impedem a evolução do pensamento ao entorpecerem as mentes dos cristãos com as “vãs repetições” de mensagens frias e repletas de dogmas e doutrinas tão frágeis quanto muletas.

Sozinhas as muletas não se sustentam e, uma vez retiradas, os seus mantenedores (sacerdotes da ilusão) caem e se arrebentam no chão.

Iconoclastas, se é que existem de acordo com a teoria de Berns ou se ainda pelo significado primevo da palavra, onde estão?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

096. Hebreus

DATTLER, Frederico. A carta aos Hebreus. São Paulo: Edições Paulinas, 1980. 175 págs.

1- Introdução

No livro “A carta aos Hebreus” o autor F. Dattler apresenta uma análise geral do livro bíblico com base no trinômio Santuário, Sacerdócio e Sacrifício, dividindo o estudo em dois momentos, o primeiro uma explanação da relevância de do Santuário e do Sacerdócio para a comunidade judaico-cristã com base nos textos do Antigo Testamento (AT) e, no segundo momento empreendendo um comentário do livro bíblico versículo por versículo.

O autor esclarece que o temário Santuário, Sacerdócio e Sacrifício não constituem o objetivo imediato do livro de Hebreus (Hb), mas que são utilizados como “arsenal de conceitos e comparações” para o trabalho desenvolvido, a saber, o incentivo a uma comunidade que se sentia desamparada após a destruição do Templo de Jerusalém, ou seja, uma palavra de exortação. É provável que Hb tenha sido uma “pregação escrita a qual, como o discurso da sinagoga judaica, foi fixada por escrito, sendo-lhe acrescentada depois a conclusão epistolar.” (SCHREINER; DAUTZENGERG, 1977, p. 393).

Dattler não se aprofunda no estudo da evolução do Sacrifício, pois confere a este um grau de uniformidade que o Santuário e o Sacerdócio não mantiveram, sendo assim, mais enfocados no livro. De fato, o autor dispensa quase um terço do livro para apresentar a desenvolvimento desses dois campos.

Para demonstrar o progresso destes dois fatores o autor inicia com a exposição dos vários locais de culto e das linhagens sacerdotais presentes no AT. Dattler destaca a importância da Tenda de Reunião (Êxodo 25), pois nela estavam contidos os objetos sagrados (Arca e Altar) que foram separados em períodos seguintes, mas conservados em santuários, evidenciando a diversidade de locais de culto com sacerdotes correspondentes.

O autor percorre todo o AT indicando as constantes mudanças dos objetos sagrados até o repouso definitivo dos objetos no templo salomônico (I Reis 08,4). Dattler silencia com relação à conquista de Israel pelas nações estrangeiras e não fornece qualquer explicação para o desaparecimento da arca, no entanto, esta posição é compreensível uma vez que a intenção do autor não é apresentar uma história de Israel, mas apenas demonstrar ao leitor a importância do Santuário e Sacerdócio[1].

Dattler aborda a problemática das truncadas genealogias sacerdotais, principalmente de Sadoc (Zadoque) e de Aarão, que para conferir autoridade ao sacerdócio modificaram diversos textos, de tal modo que o “artifício e a arbitrariedade saltam aos olhos” como se pode perceber na confusão de 1 Crônicas 24 em que Sadoc é transformado em filho de Eleazar, filho de Aarão (v.3; Levítico 10.6) e Abiatar é confundindo com o próprio pai Aquimelec. Tais detalhes, segundo Dattler, comprovam a fragilidade desta tradição.

Dentre todas as tradições referentes ao Santuário e ao Sacerdócio hebreu, o Templo de Jerusalém se firmou como o centro religioso irrefutável dos israelitas quer habitantes de Canaã ou dispersos pelo mundo antigo. Mas por que então o “Templo” não é mencionado em Hb, mas apenas a Tenda de Reunião? Dattler explica que o autor de Hb não tomou conhecimento de nenhum dos três templos (Salomônico I Reis 9,1-3; Segundo Templo Esdras 6,15; Herodiano João 2,20) o que implica a data da carta como posterior à destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C. embora Dattler não indique datas ou a destruição do templo.

O autor comenta que Hb quer ilustrar a precariedade dos sacerdócios materiais e passageiros, apenas considerados santos por sua ligação com determinados lugares em condições específicas, em comparação com o sacerdócio do Cristo “cujo santuário não é “desta criação”, mas sim do Céu” e, portanto eterno. De fato, Guthrie afirma que o “sacerdócio de Cristo está diretamente ligado à antiga ordem levítica, mas visa claramente substituí-la” (GUTHRIE, 1983, p.13).

Com relação à autoria de Hb, Dattler é restritivo com a afirmação “Contentemo-nos de uma vez para sempre com os indícios tirados do próprio texto e abandonemos toda espécie de devaneios fantasiosos. O autor não nos revelou o seu nome.”, apesar disto, Dattler acredita ser um judeu não apocalíptico com conhecimento vago da vida de Jesus de Nazaré, no entanto, ele não fornece argumentos que comprovam sua teoria e se confunde ao afirmar que o autor bíblico “não fala em anjos”, ignorando (propositalmente?) os versículos 1,4.5.6.7.14; 2,2.5.7.9.16;12.22;13.2) a não ser que se refira a uma revelação como descrita no Apocalipse, mas Dattler não foi específico e o texto dá a entender as duas possibilidades.

Do local de autoria o autor apenas lamenta que não haja indicação da cidade italiana donde a missiva foi escrita. Porém Kümmel apresenta a tradução de 13,24 “hoi apo tês Italías” como “os que vieram da Itália vos saúdam”, problematizando a questão, pois a expressão tanto pode ser entendida como se o seu autor enviasse saudações àqueles que estão na Itália ou se enviasse saudações daqueles que estão na Itália. Pesa a dúvida nesta questão embora o fato de ser Clemente de Roma o primeiro a confirmar a carta a Hb (I Clem. 2.2) um forte indício da relação Italiana.

Da relação de Clemente de Roma com Hb se pode propor a data desta carta. Todavia, Dattler não emite sequer um comentário acerca do assunto. Guthrie oferece uma boa abordagem da questão e chega à conclusão de que a provável data final para o livro seria anterior à carta de Clemente de Roma (95 d.C) tendo em vista a dependência entre esta e aquela. (I Clem. 36.1-2; Hb 1.3).

Com relação à possibilidade de autoria Paulina[2] amplamente aceita até tempo recente, Dattler apresenta semelhanças e diferenças entre a teologia paulina e Hb, mas o faz de forma superficial e não abarca a questão histórica da autoria paulina ou a contribuição de Orígenes, Agostinho e a separação feita por Lutero, que constituem importantes referências para o estudo do livro[3].

As principais diferenças apresentadas entre Paulo e Hb são: em Paulo a justificação pela fé no Cristo que é redentor e vítima em oposição às observâncias da Lei mosaica (Gálatas 2,11-21; 3,1-6; 4,9.10), mas em Hb a justificação pela fé no Cristo que é sumo sacerdote em oposição aos sacrifícios transitórios e imperfeitos da Lei mosaica (9,11-13). Outra diferença assaz berrante é a ressurreição. Paulo identifica a ressurreição do Cristo como modelo da nossa, que é obra de Deus e, que assim como foi com Cristo, será conosco (1 Coríntios 15; 5 e 8). Este entendimento primordial ao Cristianismo primitivo e contemporâneo não está presente em Hb e, a “maior ideia dominante na cristologia de Hb - o sumo sacerdócio de Cristo – acha-se completamente ausente nos escritos de Paulo.” (KÜMMEL, 2004, p. 518).

Dos destinatários da carta Dattler propõe que sejam judeu-cristãos helenistas da diáspora, ou seja, vivendo fora da Palestina. O autor assevera que o teor da carta era de interesse apenas de cristãos e a referência a “nossos pais” presente no v.1 corrobora a identificação judaica. Esta posição é impugnada por Kümmel que a considera improvável pelo fato da “referência à necessidade da fé em Deus” (6,1; 11,6). Ele considera com mais possibilidade a proposição de E. M. Roeth (1836) de que os leitores eram gentios cristãos, devido ao entendimento de que os cristãos da igreja primitiva eram encarados como herdeiros das bênçãos e das promessas do povo de Deus do AT e assim se consideravam o verdadeiro Israel, o povo escolhido de Deus para quem o AT foi escrito. (Gálatas 6,16; 1 Coríntios 10,1.11; 1 Pedro 1,12; 2,9; Romanos 15,4) e esta era de fato a tradição didática helenístico-sinagogal, isto é, fazer “falar Deus, Cristo, o Espírito Santo, como sujeitos diretos, e do outro, usa as palavras da Escritura “com total independência” do seu contexto histórico, liga-as uma com as outras e amplia-as para usá-las em uma nova mensagem teológica” (SCHREINER; DAUTZENGERG, 1977, p. 391).

Dattler apresenta duas estruturas para Hb. A primeira consiste de uma visão geral composta de: (1) A pessoa de Cristo (1-7), (2) A obra do Cristo (8-10) e (3) A nossa obra (11-13). A segunda visão é mais detalhada e é formada por textos de ensinos teóricos (E) e de ensinos moralizantes (M) assim divididos: (1) E 1 + M 2,1-4, (2) E 2,5-18 + M 3,1, (3) E 3,2-6 + M 3,7-4,16, (4) E 5,1-10 + M 5,11-6,20, (5) E 7,1-10,18 + M 10,19-39 e (6) E 11 + M 12-13.

A primeira estrutura é muito semelhante à estrutura desenvolvida por W. Nauck, embora Dattler mencione Nauck apenas passageiramente em sua obra. De fato, Nauck apresentou três divisões para Hb num esquema fixo de uma exposição teórico-teológica seguida por uma parte parenética que forma o auge da ideia teológica sendo: (1) Ouvir a palavra de Deus no Filho, Jesus Cristo, que é superior aos anjos e a Moisés (1,1-4,13), (2) Aproximemo-nos do sumo sacerdote do santuário celeste, e mantenhamos firme a nossa confissão (4,14-10,31) e (3) Perseverar na fidelidade a Jesus Cristo, que foi quem iniciou e aperfeiçoou a fé (10,32-13,17) [4].

Fica evidente que Dattler chama “Ensino Teórico” ao que Nauck denomina “Exposição Teológica” e “Ensino Moralizante” à “Parênese”. O surpreendente é que Dattler não utilizará estas divisões quando comentar o texto bíblico versículo por versículo. Ele adotará uma terceira divisão ainda mais detalhada e que em nada se parece com as duas apresentadas.

No segundo momento de seu estudo Dattler traduz o texto bíblico e acrescenta uma pequena crítica textual com base em vários manuscritos e códices importantes como o Códice Sinaítico, Códice Vaticano, Códice Alexandrino, Códice Paririenses e o Códice Beza.

Em seus comentários Dattler apresenta em raras ocasiões a explicação exegética de uma passagem do AT e em seguida explica como o autor de Hb empregou a passagem, mas deixa claro que abandonará o “terreno da história” para se ocupar da Teologia cristológica até o último capítulo.

Desta Teologia Dattler proporciona a visão do Cristo que é visto primeiramente como profeta e depois como herdeiro universal devido a sua filiação eterna. Ele interpreta o AT como revelação do Cristo que viria no NT e lembra ao leitor o “mosaico” de passagens do AT presente no texto de Hb.

Dattler segue a linha proposta pelo autor de Hb e aborda na mesma ordem da carta (1) a encarnação do Cristo e sua obra, (2) a morte como consumação que ele traduz como o “estado de perfeição final alcançada na outra vida” e daí se percebe claramente a ausência do tema “ressurreição” em Hb e (3) o novo papel do Cristo como sumo sacerdote celestial.

Este três tópicos principais estão entre as trinta e cinco divisões que Dattler utiliza.

A dura passagem de 5,11-6,8 é entendida por Dattler como uma reciclagem catequética e ele cita o exemplo de Paulo que passou por semelhante problema em Corinto (1 Coríntios 3,1-3).

O autor ainda cita o paralelo entre Jesus e Melquisedec para fortalecer a imagem do Cristo como superior ao sacerdócio terreno e, assim desenvolver o pensamento de um novo sacerdócio e uma nova aliança que faz a conexão com uma nova Tenda, com um novo Sacrifício que exige uma nova conduta do fiel e uma nova fé seguindo para os exemplos dos heróis judaicos do AT que inspiram a perseverança, e esta se dá num momento de aflições que Dattler não alude apenas indicando o que ele chama de “Pedagogia Divina” isto é, a correção feita por Deus com castigos corporais e por fim segue alguns avisos e saudações.

2- Relevância

A leitura de “A carta aos Hebreus” de Dattler é importante devido à proposta do autor de apresentar uma explicação prévia do Santuário, Sacerdócio, e Sacrifício. Esta abordagem não está presente nas demais obras consultadas e consiste de um valioso material para a compreensão da carta de Hb.

Sem a leitura prévia deste material, o leitor pode não entender a importância dada pelo autor de Hb ao sacerdócio do Cristo. De fato, após o exame cuidadoso desse trinômio para Israel é possível perceber que o Cristo de Hb é sobremaneira exaltado em relação aos demais livros do NT, sendo possível afirmar que em nenhum outro momento do NT Cristo chega a um nível mais sublime do que em Hb.

3- Metodologia do Texto

Dattler se propõe a apresentar um estudo da carta aos Hebreus que aborde o Cristo-sacerdote que encerra a questão do Santuário e Sacerdócio ao penetrar no santuário celestial.

A obra de Dattler é interessante por apresentar esta visão histórica que engloba AT e NT, mas o autor abdica de informações importantes que auxiliariam o leitor do texto na compreensão de Hb.

Pelo estudo da linguagem e da forma de Hb alguns estudiosos (Moule, Schreiner, Dautzengerg) entenderam nesta carta uma liturgia que representava o aspecto histórico-teológico da igreja primitiva, mas Dattler faz apenas uma menção à forma litúrgica e mesmo assim como possibilidade em uma variação do v.8 que tem um “amém” no final de acordo com o Códice Beza.

De igual modo, não há explicação na obra de Dattler acerca de quais eram as aflições que motivariam o autor de Hb a escrever uma carta de exortação. Moule apresenta duas possibilidades sendo: (1) se os leitores fizessem parte do círculo do cristianismo helenista de Jerusalém e, portanto após a morte do protomártir Estevão (o autor compara as afirmações e Estevão com as idéias presentes em Hb e encontra muitas semelhanças) as perseguições eclodiram havendo então razão para lembrar a expropriação dos bens e o encarceramento mencionado em Hb ou (2) quando na guerra de 66-70 os judeu-cristãos se recusaram a participar do movimento de resistência judaica, a saber, a insurreição dos zelotas à santidade do templo, iniciou um movimento de pressões políticas e psicológicas a fim de que os judeu-cristãos demonstrassem sua fidelidade à religião dos ancestrais e à nação, assim, o autor de Hb responde dizendo que não se deve desviar do propósito devido aos escárnios de que cristãos são ateus por se separarem dos objetos sagrados de culto, pois “todas estas coisas nós temos e as temos em nível absoluto, no céu”. (MOULE, 1979, p.58).

A crítica textual presente na obra não é utilizada nos comentários do autor, o que leva o leitor a se perguntar da razão de incluí-las.

Se Dattler acerta em explicar o contexto do trinômio em Israel no primeiro momento de sua obra com vastas referências ao assunto e explicações pormenorizadas das questões relativas, ele se demonstra extremamente limitado em segundo momento, pois seus comentários são, em sua maioria, restritos a uma contextualização do texto escrito em Hb às palavra atuais, caracterizando apenas um repetir enfadonho de conceitos claros no texto bíblico.

4- Justificativa e indicação

O livro é indicado a todos os estudantes de Teologia e cristãos que desejam se aprofundar no entendimento da imagem do Cristo como sumo sacerdote na Igreja primitiva e que tenham o interesse de entender como os cristãos do Cristianismo primevo liam e alcançavam e interpretavam o AT. Salienta-se que a obra de Dattler deve ser percebida como introdutória sendo recomendada a leitura das obras indicadas pelo próprio autor em sua bibliografia.

5- Área Teórica

· Hermenêutica Bíblica;

· História do Cristianismo;

· Teologia Sistemática.

6- Bibliografia

GUTHRIE, Donald. Hebreus Introdução e comentários. São Paulo: Edições Vida nova e Editora Mundo Cristão, 1987.

KÜMMEL, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. 3 ed. São Paulo: Paulus, 2004.

MOULE, Charles Francis Digby. As origens do Novo Testamento. São Paulo: Edições Paulinas, 1979.

SCHREINER, Josef; DAUTZENBERG, Gerhard. Forma e Exigências do Novo Testamento. São Paulo: Edições Paulinas, 1977.



[1] Para uma abordagem abrangente do destino dos objetos sagrados do Templo de Jerusalém verificar DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos. Vol. 2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. Rio de Janeiro: Editora Sinodal, Vozes, 1997. p.421-432.

[2] Segundo Kümmel, a Pontifícia Comissão Bíblica decidiu em 1914 que Hb deveria ser arrolada aos escritos paulinos mesmo que este não a tenha produzido na forma em que está atualmente, mas os estudiosos católicos desde então chegaram à conclusão de Hb não é de autoria paulina e desde que não violem a veritas fidei et morum (“verdade referente à fé e à moral) os estudiosos católicos gozam de liberdade em relação decisões da Pontifícia Comissão Bíblica.

[3] Dentre as obras consultadas na elaboração deste trabalho indicamos Introdução ao Novo Testamento (p.514-517) de Kümmel e Hebreus Introdução e Comentário ( p.14-17) de Guthrie por serem mais detalhadas com relação à tradição de Hb.

[4] Para o estudo da estrutura elaborada por W. Nauck, cf. KÜMMEL, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. 3 ed. São Paulo: Paulus, 2004.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

095. Realidade

Bem feito, triste e, incontestavelmente, a realidade.

Não aconselhável para menores. (Seja de idade, de razão, de sentimento...).

Do talentoso Nick Cross.

Vi no Chongas também.

Yellow Cake from Nick Cross on Vimeo.

094. Talentos do Brasil

Para não dizerem que só valorizo o Brasil se for por motivos vexatórios, vai um vídeo excelente da SEAGULLS FLY.

Esta empresa tem clientes de peso como Coca-Cola, TIM, Tv Globo, UCI, Bradesco...

Recomendo conferir o portfólio.

Vi o vídeo no Chongas.



093. Talentos do Brasil

Eis que vejo um dos mais carismáticos artistas populares do Brasil.

Já imagino o show no Maracanã, no final do ano, com participação de Roberto Carlos...

Fonte: Charges.com.br

Então é aqui?

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