quinta-feira, 19 de novembro de 2009

097. Seria fácil III

WATT, Stephen. Iconoclastas e as 3 diferenças. HSMManagement, São Paulo, n.76, p.65-68, set - out. 2009.

Na entrevista concedida a Stephen Watt, o neurocientista Gregory Berns, esclarece sua teoria acerca dos iconoclastas e das três diferenças deste grupo seleto de “pessoas raras” segundo ele.

O termo “Iconoclastia” vem do grego do grego εικών, transliterado como “eikon”, "ícone” e κλαστειν, transliterado como “klastein”, "quebrar". Inicialmente era uma posição adotada pelas doutrinas cristãs em oposição às religiões pagãs romanas, famosas pela diversidade de imagens espalhadas em praças públicas e representativas dos deuses do Império Romano.

O termo sofreu diversas alterações no decorrer da Hitória e Berns utiliza-o para se referir àquele que” faz o que dizem ser impossível fazer, dasafiando – e destruindo – as ideias estabelecidas de modo geral”. Neste caso, o neurocientista afirma que tais ações são movidas devido a diferenças no cérebro da pessoa.

As alterações são na (1) percepeção, (2) resposta ao medo e (3) habilidades sociais. A primeira se dá de forma diferente no iconoclasta que vê o mundo da mesma forma que qualquer outra pessoa, mas que percebe o mundo de maneira diferenciada. Entre enxergar e perceber existe a variação da interpretação que o cérebro dá às imagens captadas. No iconoclastas esta interpretação é a chave para as novas ideias. A segunda é a resposta que o cérebro dá aos medos mais comuns como fracassar, ridicularização que são provenientes de milênios de convívio em ambientes sociais. O iconoclasta consegue driblar este medo e se arrisca na concepção e apresentação de suas ideias. A terceira e última só é possível pela superação das duas primeiras e consiste da capacidade de apresentar as novas percepções a um grupo obtendo relativa aceitação e sucesso na persuasão .

Berns credita aos iconoclastas os grandes avanços na cultura e tecnologia, mas se limita a apenas um exemplo na comprovão de sua teoria, referindo-se a Picasso. No entanto o exemplo é fraco, pois não acompanha argumentos válidos que indiquem a validade da tese de que Picasso era ou não iconoclasta ou que possuísse cérebro diferente dos demais.

Berns assevera que a novidade, a surpresa e o contato com a diversidade é a melhor forma de estimular o cérebro na tentativa de vencer as três barreiras mentais. Daí, não há novidade alguma, pois é de conhecimento geral (senso comum) que o novo influencia e impulsiona à novas descorbertas. Qualquer médico sabe que para estimular o cérebro é preciso testá-lo constantemente.

Se entendermos que todos os seres humanos (com excessão das anomalias genéticas) possuem o mesmo aparelho biológico, elétrico, físico e psíquico, então a tese de Berns contraria a ciência.

Aplicado ao âmbito eclesiástico do Cristianismo, basta analisar a história da Igreja que se percebe claramente que os iconoclastas enfrentam um processo simples em quatro partes: são ignorados, ouvidos, rejeitados e por fim perseguidos.

Os exemplos são vários, desde Marcião até Lutero existiram muitos. Depois da Reforma, a pluralidade de denominações indica como aqueles que têm novas percepções são vistos.

O iconoclasta só permanece no âmbito eclesiástico se não não interferir na tradição que a denominação segue. Se permanecerem fiéis aos dogmas professados, então têm total liberdade para propor novas ideias e ações, mas de fato não é uma liberdade, mas apenas um controle dissimulado. O novo que influencia, impulsiona e estimula não pode ser ser tão novo a ponto de chocar no entendimento cristão. Deve ser algo já conhecido e que apenas tem um remendo novo, como Lutero que rompe com a Igreja Católica, mas que faz de sua igreja uma cópia fiel daquela.

No contexto religioso brasileiro o iconoclasta é necessário para destruir as inúmeras figuras que impedem a evolução do pensamento ao entorpecerem as mentes dos cristãos com as “vãs repetições” de mensagens frias e repletas de dogmas e doutrinas tão frágeis quanto muletas.

Sozinhas as muletas não se sustentam e, uma vez retiradas, os seus mantenedores (sacerdotes da ilusão) caem e se arrebentam no chão.

Iconoclastas, se é que existem de acordo com a teoria de Berns ou se ainda pelo significado primevo da palavra, onde estão?

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