sábado, 29 de agosto de 2009

047. Não estamos sós, mas dois perdidos não fazem um achado.

E quando eu penso que só estou, descubro outros que caminham na mesma estrada.

Infelizmente, dois perdidos não fazem um achado.

O Texto é um comentário ao texto de Robson Sampaio Guerra, postado em Peroratio.

Olá prof. Osvaldo e olá Robson,

Embora não conheça o Robson pessoalmente, a leitura do texto foi como olhar-me no espelho, pois a estrutura me é muito semelhante, família Batista tradicional, Embaixador do Rei, líder de jovens, corais e etc.

Foi um bom texto. Uma declaração que representa a realidade de vários (diria até maioria, mas seria presunção minha) seminaristas (prefiro o termo “universitários”) que conheci.

Seria de bom grado que pastores tivessem acesso ao teu texto para, movidos pela compaixão que deveriam expressar e, julgo eu, indispensável ao ofício pastoral, mudar suas práticas em relação aos seminaristas.

Quando falei com o pastor da igreja que freqüentava que pretendia ir para o seminário, (sim, fui pedir autorização para entrar no STBSB) ele disse que não concordava que pessoas sem “chamado” fossem para o seminário, pois lá era um local em que “existiam pessoas que não acreditavam em Jesus” e apenas o “chamado” seria a “âncora” que garantiria a perseverança do “seminarista”.

Creio que é por isso que os seminaristas (e aqui não preciso mais das aspas, pois não são universitários mesmo) são sobrecarregados com “projetos” de evangelização, assistência aos irmãos ausentes, cultos jovens, grupo de diáconos e por aí vai.

As inúmeras atividades são a “âncora” que não permitem que seminaristas leiam os livros das disciplinas. Com muito mais de doze trabalhos, nenhum ser humano tem tempo para ler e pensar sobre obras como “O Método”, “A Cidade Antiga”, “Filosofia da Ciência”, “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” entre outras que ajudam no processo de desconstrução necessária para a dessacralização dos conteúdos.

Creio que a igreja precisa passar por uma reforma pedagógica e mudar do Educare para o Educere. Muito difícil de acontecer. Mas não vejo ainda outra solução.

Impedir que as pessoas tenham acesso ao conhecimento é criminoso e muitos pastores (mais uma vez desejo dizer todos) são culpados. Eles enxergam a vida religiosa do indivíduo (embora que até a visualização da pessoa como indivíduo já seja alvo de controvérsias) como parada e por isso a âncora é necessária. Esta posição parece muito com a idéia de posse e, portanto, dogmatismo.

Escreveria sobre “levantar âncora!”, mas chega de termos náuticos.

Se devo me afastar de locais em que estejam pessoas que não acreditam em Jesus (seja lá qual Jesus que o pastor se referiu) então não vou mais ao mercado, à padaria, à universidade, à farmácia e nem à igreja! E o diálogo com as Ciências Humanas? Coisa do demônio...

Abraço,

Harlyson Lopes

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

046. Dublagem

A dublagem brasileira é excelente. É claro que este é apenas um juízo de valor.

Tenho dos inúmeros desenhos e filmes que vi durante a infância e adolescência ótimas lembranças.

Uma ótima produção da Puc-Rio é o documentário "Eu conheço essa voz", realizado há poucos anos.

Alguns dubladores foram entrevistados e apresentaram em poucas palavras alguns fatos importantes da história da dublagem. Relataram ainda algumas características necessárias ao profissional, bem como as dificuldades da profissão.

A frase "eu odeio filme dublado" é complicada, pois implica que a "reação emocional" que faz um pessoa chorar de alegria, causa à outra um aversão.

Eu gosto de dublagem. A voz do Márcio Seixas é a mais poderosa que já ouvi e ele é um dos meus dubladores prediletos.

Enfim, chega de blá, blá, blá e vamos ao que interessa.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

045. Língua Portuguesa IV

Antes que o leitor (se é que há algum) procure por postagens anteriores relativas à Língua Portuguesa, aviso que não as encontrará.

Língua Portuguesa IV é uma das matérias que curso no quarto período da faculdade de Teologia na FABAT (Faculdade Batista do Rio de Janeiro).

Este quarto momento de estudos da Língua Portuguesa tem ênfase na comunicação oral e o prof. Adalberto Alves de Souza colocou-me numa situação complicada.

Pediu-me a leitura de um soneto. Diante da turma. Não gosto de falar em público, fico nervoso e as chances de errar alguma palavra são grandes, mas como não poderia negar o pedido do professor aventurei-me na leitura.

O que eu não esperava era que o soneto pedido fosse o controverso e quase duvidoso "A uma santa" de Luís Lisboa. Para este soneto existem várias versões e vários autores e é possível encontrar uma versão diferente em cada pesquisa no oráculo do saber moderno (Google).

Eis uma versão:

A uma Santa (*)

.

Tu és o quelso do pental ganírio

saltando as rimpas do fermim calério

carpindo as taipas do furor salírio

nos rúbios calos do pijom sidério.

.

És o bartólio do bocal empírio

que ruge e passa no festim sitério,

em ticoteios do pártamo estírio,

rompendo gambas do hortomogenério.

.

Teus lindos olhos que têm barcalantes,

são começúrias que carquejam lantes,

nas cavas chusmas de nival oblôneo.

.

São carmentórios de um carcê metálio,

nas duas pélias por que pulsa Obálio,

vem vertimbráceas do pental perôneo.

domingo, 23 de agosto de 2009

Está escrito...

Cosmogonia. Não é uma palavra complicada, apenas não é muito utilizada nas igrejas. Significa uma “descrição hipotética da criação do mundo”. Adoro Cosmogonias. Também adoro Teogonias, mas será assunto de outra postagem.

O leitor (se é que há algum) atento que é, percebeu que escrevi no plural. Se for um cristão que lê, então além de ter percebido o uso plural da palavra, já não tem mais interesse no texto, pois começa errado, afinal, “Não existem cosmogonias! Só existe uma criação. E não é hipotética!”. Se a descrição foi acertada, então se prepare, pois o que vou escrever pode doer um pouco e por isso mesmo aviso antes que se o leitor quiser continuar lendo, já não tenho responsabilidade e, de fato, nem antes tinha.

A descrição da criação do mundo presente em Gênesis cap.01 e cap.02 é cosmogonia. Ela não pode ser provada. Tente prová-la e terá cinco caminhos possíveis ao final da tentativa, a saber, (a) aceitar que não é possível provar e continuar a acreditar na narrativa bíblica, (b) aceitar que não é possível provar e se decepcionar, (c) aceitar que não é possível provar e criar uma explicação para a não possibilidade de comprovação da veracidade da narrativa bíblica, (d) não aceitar a impossibilidade de comprovação do texto bíblico e criar uma explicação que comprova a veracidade do texto bíblico.

A Igreja adora as duas últimas alternativas. A questão é que comprovar que Deus juntou um monte ou um pouco de terra e modelou um corpo, soprou em suas narinas e surgiu um humano, com pele, músculos, gordura, ossos, órgãos entre outras coisas, não é necessário para a aceitação do texto como verdade.

Uma cosmogonia é uma descrição hipotética porque não pode ser comprovada e não por ser mentirosa. Dizer que o mito da criação é interessante, não significa que seja mentiroso. O mito não necessariamente é algo em que há fraude. O mito é algo que está descrito em uma realidade diferente da nossa.

Vivemos na (e não “a” como muitos querem afirmar) época em que a comprovação das histórias é imensamente valorizada e por isto busca-se compreender o contexto histórico/social/mítico do autor do texto antes de decidirmos se compreendemos o texto e, ainda bem que o fazemos, pois assim as chances de compreensão da intenção do autor (intentio-auctoris) aumentam muito.

Quanto o autor do texto está disponível, pode-se acessá-lo para que as dúvidas nascidas da leitura do texto sejam respondidas e assim não cresçam. Mas quando não é possível acessar o autor do texto, então como impedir que as dúvidas nascidas cresçam e nos devorem? Não há como. Entender o contexto ajuda, mas não garante com total certeza que a interpretação de um texto corresponde àquilo que o autor do texto deseja dizer.

Por inúmeras vezes eu escutei a frase “não foi isso o que eu quis dizer.” à qual respondo sempre com “mas foi isso que você disse.”. Após estas duas frases, a pessoa tenta explicar novamente aquilo que não ficou claro quando falou ou escreveu algo que ouvi ou li.

Será que o leitor entende porque as Igrejas preferem as letras “c” e “d”? Sem termos acesso aos autores dos textos bíblicos (De muitos nem sabemos quem foram!) como poderemos afirmar aquilo que a divindade deseja ou não? Cansei de ouvir que “Deus quer isso...”, “Deus quer aquilo...”, “O correto é isso...”, “O correto é aquilo...” e etc.

Se o leitor ligar a TV no sábado pela manhã ouvirá os muitos absurdos daqueles que afirmam saber a vontade divina, pois está escrito na Bíblia um “X”, um “Y’ ou um “Z” que usam como justificativas para suas pregações e afirmações. Assim é fácil pedir dinheiro e responsabilizar a Bíblia, como é simples também fazer qualquer coisa e achar justificativas na Bíblia.

Embora pareça que falo com desdém, que fique claro que a Bíblia é o livro mais fantástico que já li e é um livro que tenho acima de todos. Ainda não li outros livros considerados sagrados, mas assim que for possível, lerei.

A desconsideração que pode ser sentida aqui é para com aqueles que usam levianamente os textos bíblicos e que se aproveitam do povo, empurrando textos e mais textos que de modo algum confirmam as aberrações que são ditas pelas bocas dos pretensos estudiosos e “profetas” que têm a insolência de afirmarem que “a Bíblia diz.”.

A Bíblia não diz. Ela pode estar aberta ou fechada, mas seu silêncio é evidente. Ela só diz algo quando lida e interpretada.

O leitor vigilante que é, sabe que mencionei cinco caminhos, mas apenas descrevi quatro. O quinto caminho é (e) aceitar que não é possível comprovar a veracidade da narrativa bíblica e procurar entender qual o sentido da narração.

O texto está escrito e todo texto tem alguma intenção. Nenhum texto é escrito sem intenção e perguntar qual o significado do texto é uma opção bem simples, embora de difícil caminho, que pode ser feita.

Como estamos lendo e interpretando a Bíblia?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

043. É gripe?

Com os recentos/antigos escândalos no Senado e com a nova/velha briga entre Globo e Record, algumas matérias foram para o lixo, pois perderam a capacidade de chamar a atenção do leitor.

Com um pouco de atenção pode-se perceber que a gripe suína já não assusta tanto. Mas será que em algum momento ela assustou? Sim. Assustou alguns que precisaram correr para garantir o seu "Tamiflu".

A pergunta que faço é: a gripe suína assustou porque era algo com o que devíamos nos preocupar ou assustou porque a maneira utilizada para sua apresentação foi alarmante?

Acredito que a preocupação com a gripe era desnecessária na medida em que ocorreu.

Culpa da mídia que aterroriza os cidadãos.

"Cadê a gripe suína que estava aqui?" por Luis Antonio Magalhães

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

042. Nublado

Não há Sol que escalda ou campos de cor de esmeralda, mas sinto uma paz que não sei de onde vem e por isso lembro de Olavo Bilac neste meio-dia:

Meio-dia

Meio-dia. Sol a pino.
Corre de manso o regato.
Na igreja repica o sino;
Cheiram as ervas do mato.

Na árvore canta a cigarra;
Há recreio nas escolas:
Tira-se numa algazarra,
A merenda das sacolas.

O lavrador pousa a enxada
No chão, descansa um momento,
E enxuga a fronte suada,
Contemplando o firmamento.

Nas casas ferve a panela
Sobre o fogão, nas cozinhas;
A mulher chega à janela,
Atira milho às galinhas.

Meio-dia! O sol escalda,
E brilha, em toda a pureza,
Nos campos cor de esmeralda,
E no céu cor de turquesa...

E a voz do sino, ecoando
Longe, de atalho em atalho,
Vai pelos campos, cantando
A Vida, a Luz, o Trabalho!



Fonte: Rua da Poesia.

041. Globo X Record

Para todos aqueles que não entenderam a "guerra nada santa" (a terminologia não é minha) entre as duas grandes emissoras, Eugênio Bucci sintetizou a questão:

"O problema, entretanto, não é de escala, mas de conceito. Religiões e emissoras deveriam ser negócios muito mais separados do que de fato são. Se quiséssemos seguir à risca o ideal democrático e o que estabelece a Constituição, até poderíamos considerar admissível que igrejas comprassem faixas de horários em algumas programações, mas jamais toleraríamos como um dado natural que igrejas, de forma velada ou aberta, fossem simplesmente as proprietárias de grandes redes. Não toleraríamos porque, quando isso acontece, o caráter de serviço público da radiodifusão sai muito, mas muito arranhado. Ou mesmo mutilado."

terça-feira, 18 de agosto de 2009

040. Globo X Record

Eu escrevi que a briga entre Rede Globo e a Rede Record estava interessante.

Perdi o entusiasmo e direi por que, mas antes esclareço que continuarei acompanhando as acusações, pois é interessante como cada uma das envolvidas desenterra segredos da emissora contrária, mas o ânimo em ver quem ganhará a falsa batalha que tentam nos fazer engoli já se foi.

Um dia desses, antes de dormir, eu liguei a TV para me distrair um pouco, (sei que é um péssimo hábito), e vi a seguinte inscrição na tela “Vigília da resposta à perseguição da TV Globo”, além do nome gigantesco (que não significa nada), a imagem de templos lotados foi suficiente para que às 02h00min da madrugada eu não trocasse o canal da TV.

A vigília em questão foi realizada pela Igreja Universal em diversos estados, sendo transmitida ao vivo pela Rede Record.

Acompanhei a programação da emissora até as 03h00min. Vi justamente o momento em que algumas pessoas, em diversas cidades, testemunhavam/foram entrevistadas. Nada de diferente do que pode ser visto em qualquer igreja evangélica, para desespero daqueles que dizem que a Igreja Universal não é igreja. O bispo principal passava a palavra ao responsável, não sei se pastor ou bispo também, em alguma cidade e este assumia por lá a direção do testemunho/entrevista, fazendo perguntas às pessoas. Em geral eram famílias que testemunhavam/eram entrevistadas. Pessoas bem arrumadas e com falas ensaiadas. Novamente digo que não houve nada diferente do que pode ser visto em algumas igrejas evangélicas. O que há de interessante? O discurso.

Todas as pessoas que falaram apresentaram palavras semelhantes e uma ordem específica nos discursos.

O responsável pela entrevista/testemunho perguntava “como chegou ou chegaram à IURD? (Igreja Universal do Reino de Deus)”, “quais eram os problemas que enfrentavam?”, “como está ou estão agora?” e a mais terrível de todas as perguntas realizadas “qual a sua resposta à TV Globo?”.

Como era de se esperar, a vida de cada um dos que foram entrevistados/testemunharam estava “destruída”, palavra muito utilizada, e em todas as áreas, seja a família, o trabalho, a saúde e por aí vai. Não nego que as pessoas estejam falando a verdade. É bem possível que todos realmente estivessem com suas vidas traumatizadas e que após ingressarem na Igreja Universal tenham passado por mudanças que consideram como melhoramentos. Mas isto não significa que fecharei os olhos e taparei os ouvidos para o que é evidente.

A última pergunta sempre era respondida com uma afirmação triste, “na minha casa não existe mais Rede Globo”.

Então a solução para as acusações que a Rede Record sofre é deixar de ver a Rede Globo? E que defesa é esta que para se livrar das acusações, incrimina o acusador? Então se aquele que acusa também tem suas falhas isto significa que as acusações feitas são inexistentes? É o mesmo argumento daquele que mente e diz: “mas eu nunca roubei”, então é inocente da mentira? Não. É culpado.

Não escrevo que a Rede Globo ou a Rede Record são culpadas das acusações feitas. A responsabilidade está nas mãos da justiça, de farinha, do Brasil.

É incrível como os líderes da Igreja Universal não se pronunciam contra (percebe que não escrevo que estimulam) a posição dos fiéis de não mais assistirem a programação da TV Globo. Alguns com certeza vêem, até por que se não o fizessem, não teriam como responder às reportagens com mais reportagens e vigílias.

Enfim, é isto que é cristianismo. Cristianismo é dominação e conquista, de vidas, de bens, daquilo que se pode ver e fazer. Enquanto os fiéis, como ovelhas mantém a cabeça baixa os líderes mantém a cabeça levantada para verem tudo. Triste.

Outro dia ouvi de alguém a seguinte frase: “...está vendo a Globo? Dando IBOPE pra Globo? Quando Deus pesar a mão...”. Que horror. Então Deus “pesará a mão” por que eu decido saber aquilo que é noticiado nos jornais?

E, só para constar, porque os líderes na Igreja Universal não fazem uma vigília contra o Ministério Público de São Paulo ou contra a 9ª Vara Criminal da Capital, que acolheu as acusações?

domingo, 16 de agosto de 2009

039. Das imagens pintadas

Conversando com uma pessoa que leu um dos meus textos no blog, percebi que não fui totalmente compreendido quando me referia a imagens pintadas (sem qualquer conotação católica) para nos aprisionarem e, portanto, decido explicar um pouco mais aqui para que o leitor (se é que há mais algum) não enxergue aqui o que não está escrito.

As imagens feitas por líderes religiosos enfeitam os salões de nossas vidas de tal forma que não percebemos que são imagens, mas isto não significa que todos os estes líderes tenham pintado as imagens.

Muitos dos que estão nas lideranças de igrejas e comunidades religiosas estão aprisionados em imagens construídas. Eles não têm consciência de que suas convicções são tão pueris que com um leve sopro se desfazem. Dizer a algum deles que um personagem bíblico pode não ter sido realmente como eles imaginam e atestam com toda certeza que é, pode ser catastrófico. Esses estão na mesma cela que muitos e, não os culpo por pregarem a verdade que acreditam, pois não tiveram alguém que os contasse como as imagens são falsas.

Não fico indignado com o fato de estarem à frente de multidões e pregarem a plenos pulmões as mensagens que consideram corretas. Eles não sabem.

Não se engane o leitor ao pensar que a um líder religioso o conhecimento de algumas coisas é obrigatório. É totalmente possível “nascer e morrer cristão” sem nunca sair do fundamentalismo por não ter tido acesso a outras formas de conhecimento. Julgue o meu caso. Foram vinte e seis anos dentro da igreja. Igreja Batista e presente em todos os cultos, classes de E.B.D. (Escola Bíblica Dominical), união de jovens e organização missionária, corais...e nunca disseram aquilo que só ouvi e li quando ingressei na FABAT. Até professor de E.B.D. eu fui e, coitados dos alunos.

As imagens que nos aprisionam foram construídas em outras eras. Hoje elas são restauradas. A teologia da prosperidade, por exemplo, é uma restauração de outra imagem pintada há muito tempo.

Culpo aqueles que tiveram e têm acesso às informações que a maioria não tem. Pessoas que ocupam cargos importantíssimos na igreja e que ajudam a manter o povo aprisionado. Consideram as pessoas como ovelhas e a igreja como seu curral. Por que não mostram às pessoas que elas são pessoas e não animais? Têm medo de que elas não precisem mais deles? Têm medo de que elas se percam? Se o temor é este, então consideram as pessoas incapazes de decidirem por suas vidas, que é o mesmo que menosprezar a capacidade de cada um, portanto se julgam superiores e são soberbos. Mas, se consideram seus pastorados e lideranças como prova de que são detentores da verdade absoluta então isto por si só é megalomania.

Agora, acreditar que tudo seja mentira e que não há nada nas comunidades religiosas, nos livros sagrados e na liderança religiosa que tenha proveito é ser minimalista ao extremo.

Julgar tudo como inútil e perda de tempo é abrir mão da possibilidade de conhecer algo que talvez faça bem e, fazer bem aqui é contribuir para uma sensação de bem estar.

A pessoa com quem conversei não apresentou argumentos para sua retirada da igreja. Ela simplesmente saiu. Não saiu pelo que leu neste blog, ela saiu e depois leu. Disse que concordou com o que escrevi, mas não disse por quê.

Este blog não incentiva as pessoas a saírem de suas igrejas. Se for possível, no máximo o meu desejo é apresentar uma proposta simples: perguntar, pensar e decidir, por si e não pelos outros, aquilo que se deseja fazer e naquilo que se deseja acreditar.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

038. Escândalos de escândalos...

Vale lembrar ao leitor (se é que há algum) que não é bom seguir a imprensa brasileira.

Há o costume constante de trocar um escândalo por outro indefinidamente até que interesses específicos sejam atendidos afim de manter na boca do povo a famosa frase: "vai acabar em pizza".

Quanto mais somos bombardeados com dezenas de reportagens, mais propensos ficamos ao esquecimento das situações e dos personagens envolvidos ou não nas histórias contadas.

A imprensa gosta de revelar e alardar, mas não gosta de esperar o desfecho da apuração. Será que a imprensa não o faz porque não quer ou porque apenas cumpre o desejo de seu público?

Seja como for, vale o texto de Luciano Martins Costa.

"Neste começo de semana, os principais jornais do país se desviam do escândalo que tem como epicentro o presidente do Senado Federal e testam outros temas não menos espinhosos, ameaçando manter o leitor preso no novelo das intrigas, do bate-boca, das informações obtidas em vazamentos de inquéritos."

037. Dilma X Lina

Confesso que gosto da Lina Vieira.

Acredito que ela sabe de algumas coisas e que pode complicar a situação da sra. Dilma Roussef.

Ela não tem como complicar a situação da presidência, pois o Lulinha já enfrentou coisas muito piores, mas o "quiprocó" (sic) entre a Secretaria da Fazenda e a sra. Lina Vieira é interessante ao Lulinha, pois quando Vieira foi demitida, esqueceram que ela possivelmente sabia demais.

Seja como for, o humorista Maurício Ricardo fez uma charge engraçada a respeito da situação.

"Incrontrô!!"

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

36. Grandes atores

Mais dois vídeos hilários de Hugh Laurie e, um deles com a participação do talentoso Stephen Fry.

Tudo o que temos de fazer é mmsgrroee, mshordllll, msmmarflll...

35. Globo X Record

Não é interessante como a disputa pela audiência está acontecendo? A Globo perde alguns pontos no IBOPE e as acusações contra a Igreja Universal aparecem ou as acusações contra a Igreja Universal aparecem e são utilizadas pela Globo para evitar que pontos no IBOPE continuem sendo perdidos.

Muito interessante, ainda mais porque a maioria das acusações já feitas contra Edir Macedo foram arquivadas.

Enquanto a disputa jurídica corre por fora, a batalhas das emissoras permanece. A Globo evidencia as denúncias e a Record aponta os benefícios que a Igreja Universal proporciona aos seus fiéis.

Continuarei observando.

34. Do Apocalipse

Estou nas últimas páginas do maravilhoso livro “Cosmos, Caos e o mundo que virá – As origens das crenças no Apocalipse” de Norman Cohn, tradução de Claudio Marcondes, pela Companhia das Letras.

Cohn apresenta os mitos mais conhecidos entre as regiões do Antigo Oriente Próximo, a saber, Egito, Mesopotâmia, Índia Védica e do Crisol Sírio-Palestino, com a apresentação e comparação entre O Exílio e o pós-exílio, Apocalipses judaicos, Ugarit, Zoroastrismo...

Como acontece todas as vezes que leio um livro do qual gosto, começo a sentir o desgosto de vê-lo findar-se em minhas mãos, e acredite o leitor (se é que há algum) que já interrompi leituras no último capítulo de um livro apenas para mantê-lo ainda vivo por mais algum tempo.

Não vou descontinuar a leitura deste. E não o farei porque habilmente, Cohn reservou para o final os capítulos que mais tocam aos cristãos: “O livro do Apocalipse” e “Judeus, zoroastrianos e cristãos”, esperto, muito esperto.

Mas não é apenas pela esperteza do autor que estes capítulos estão no final do livro. Se o leitor (agora do livro e não do blog) não possuir em sua bagagem as duzentas e poucas páginas anteriores, pode não aceitar a lógica do pensamento de Cohn.

O Apocalipse tal como está escrito na Bíblia, é descrito em várias igrejas como iminente. Os terrores dos monstros e das perseguições descritas no 27º livro do Novo Testamento são de assustar qualquer um e, eu era um deles. Sempre fiquei temeroso depois da exposição dos desafios que os cristãos enfrentariam quando o Anticristo surgisse e quando todos ao meu redor andariam com a marca da Besta. O que eu poderia fazer? É o cenário que sempre pintam para aprisionar e, existe melhor maneira de manter prisioneiros senão pelo medo? Sim, existe.

A melhor maneira de manter prisioneiros é através da falta de conhecimento. Não saber o que há atrás das muralhas é ainda pior do que saber e temer, pois como temer aquilo que não se conhece? Aqui entram os medos ocultos, infantis. Sabe quando se está numa sala escura e têm-se a certeza de que algo se moveu num canto? Nada se moveu. A imaginação que viaja e constrói figuras onde elas não existem.

Com o Apocalipse descrito na Bíblia é o mesmo. Não estou escrevendo que as palavras do último livro bíblico sejam apenas construções fantasiosas para influenciarem nossas mentes a imaginarem monstros que nos manterão sempre trancados em nossas igrejas.

Estou escrevendo que são aqueles que continuam unindo os pontos dos desenhos apocalípticos que tentam manter a todos aprisionados. Alguns fazem assim, pois como a criança que aprende a desenhar unindo os pontos numerados, apenas sabe fazer isso e não enxerga que pode construir desenhos diferentes.

Outros percebem que aqueles pontos apenas traziam um desenho que poderia ser melhorado ou piorado ou simplesmente feito diferente e, quase sempre, aumentam a “grande tribulação” e dizem que já chegou ou que chegará em breve ou que, quando vier, será muito mais sinistra do que as palavras bíblicas descrevem.

Entre tantos desenhos, tenho de agradecer ao prof. Dionísio Oliveira Soares por ter desconstruído alguns dos meus medos com relação ao Apocalipse. Não que ele tenha em algum momento feito algo que não fosse apresentar a matéria, mas agradeço-o por ter apresentado a matéria! Estou cada vez mais grato por não encobrirem a verdade, ou melhor, as possibilidades de verdade.

Enfim, participei de uma matéria na FABAT em “Tópicos Livres”, cujo conteúdo apresentado foi o livro de Daniel, presente no Antigo Testamento. O prof. Dionísio apresentou leituras comparadas em capítulos chaves e o contexto sócio-histórico da formação do livro e foi possível entender que o apocalipse desenhado em Daniel era muito diferente daquele que tantas vezes ouvi da boca dos “ministros do evangelho”.

Não vou arriscar apresentar o conteúdo das aulas ou do livro aqui, pois seriam necessárias diversas páginas e não sei se o leitor (se é que há algum) tem tamanha paciência.

Recomendo a leitura do livro de Norman Cohn e da comunicação do prof. Dionísio, “O livro de Daniel: Aspectos sócio-históricos de sua composição”, publicada na revista Atualidade Teológica, Revista do Departamento de Teologia da PUC - Rio Ano XII, n.29, maio a agosto/2008.

Dos medos que antes me apavoravam, hoje apenas sorrio.

Daqueles que antes incutiam o medo, hoje espero que falem comigo, quando, sem qualquer compaixão colocarei o dedo em suas caras e direi: “Falem. Falar e pregar lhes são permitidos, mas não é mais o menino apavorado que está aqui”.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

33. Castellini

A série de revistas que promoveram um "quebra-pau" entre os universos DC e Marvel foi um fiasco.


A série foi lançada em 1996 com roteiro de Ron Marz e Peter David e desenhos de Dan Jurgens e Claudio Castellini.


Os personagens escolhidos para as lutas até que foram legais, mas nem todos e as lutas foram péssimas. (O Hulk nunca perderia para o Super-Homem).


Enfim, a série serviu para apresentar um talentoso artista que poucos conheciam na época, o incrível Claudio Castellini.


Neste site é possível ver vários desenhos do artista e saber um pouco mais de sua vida.


Recomendo as galerias...principalmente os desenhos do Batman!


Na dúvida se vale o click? Então veja a pequena amostra:




domingo, 9 de agosto de 2009

32. Do julgamento

Recebi o comentário abaixo no blog:

“Irmão vamos deixar Deus julgar kda um, cabe a nós somente amar e servir a Deus. E colher o fruto de nossas atitudes, sejam elas boas ou ruins.
sabendo todos nós que a sabedoria lá do alto é Pacífica, não polémica.
Que Deus te abençoe!”

Agradeço o comentário.

Após a leitura, escrevi o pequeno texto a seguir.

Eu não “julgo”...só o fazia quando era o “cristão” que fui ensinado a ser. Hoje, cada vez mais livre das catequizações impelidas por anos, parei com os “julgamentos”.

Creio que será de valia para o leitor do blog, ou pelo menos para mim, se, em poucas linhas, esclarecer que julgo sem julgar. Compliquei? Não. Está mais simples.

Eu julgo. Todos os seres humanos julgam e é impossível viver sem julgar. Jesus, ou pelo menos aquele que os autores dos textos bíblicos apresentaram como Jesus, julgou. Duvida? Então o que dizer dos textos de Mateus 6.2, 6.5, 6.16, 7.5, 15.7, 16.3, 23.13, 23.14, 23.23, 23.25 e para não ficarmos apenas em Mateus, que tal Marcos 7.6 e Lucas 6.42?

A palavra “julgar” pode ter vários significados. Os significados mais utilizados são: “decidir (como juiz, árbitro, etc.)” e “sentenciar”. O significado menos utilizado é: “Proceder ao exame da causa de”.

Como razoável cristão que sempre fui sempre tive de me decidir acerca de tudo. Julgar as situações e pessoas é uma ação que parece muito necessária no Cristianismo. Escrevi “no” e não “ao”, ok?

Como não tenho mais uma venda a impedir que meus olhos vejam e muito menos um cabresto a guiar minha cabeça, então parei de decidir e sentenciar, mas examino as causas de muito do que vejo e ouço.

Se um jogador de futebol é ungido como presbítero, eu examino. Se um religioso é acusado de entrar num país estrangeiro com dinheiro escondido numa Bíblia, eu examino. Se alguém diz que Deus falou com ele e me pede R$900,00 para receber uma unção “nunca vista antes”, eu examino.

E, se ao examinar a causa de alguma expressão eu julgo, então continuarei julgando e sugiro que o leitor (se é que há mais algum) também julgue e se gostar de julgar, não me agradeça, não fiz nada.

No meu caso, começar a julgar foi ótimo. Deixar o “julgamento” apenas para Deus gera um problema: muitas pessoas sabem o que Deus quer (ou pelo menos acreditam que sabem ou afirmam que sabem). Se ligarmos a TV será possível observar vários pastores, missionários, bispos, profetas e toda sorte de “enviados divinos” afirmando que sabem exatamente qual é a vontade divina. Então, o que fazemos nós se não analisamos as situações? Esperamos que algum “mensageiro divino” diga qual é o julgamento correto? Esperamos que estes mesmos “portadores da verdade” nos digam o que é certo e errado? Devemos engolir tudo que eles dizem sem julgar antes? Não. Não mais.

Não me cabe apenas “amar e servir” como se não tivesse intelecto ou vontade. Não me cabe esperar que outra pessoa diga o que são “ações boas ou ruins”. Será que não posso julgar aquilo que é certo ou errado? Será que apenas como um boi manso deve carregar o peso que colocam nos lombos devemos nós fazer o mesmo? Minhas costas doem. E não mais deixarei que coloquem peso para carregar.

Com relação à sabedoria que vem do alto ser pacífica e não polêmica...depende daquilo que consideramos como “polêmica”. Se aquele Jesus que está nos Evangelhos realmente esteve entre os humanos, então ele era muito polêmico. Duvida? Então o que dizer de todas as passagens que estão no começo da postagem? Jesus discutiu com os fariseus e com os saduceus (Mateus 3.7) e debateu de tal modo que gerou tanta polêmica que, aos berros, pediram “Crucifica-o, crucifica-o!” (Lucas 23.21).

Os discípulos de Jesus eram tão polêmicos quanto ele. Duvida? Então duvidas demais e isto é ótimo, pelo menos eu penso que sim! Tão polêmicos eram que quando chegaram a Tessalônica ouviram: “Estes que têm alvoroçado o mundo, chegaram também aqui;” (Atos 17.6).

Enfim, a questão é que não julgo pessoas. Julgo ações. Com relação às pessoas apenas entristeço-me.

31. Medo = Lucro

Não sei o que o leitor (se é que há algum) pensará a respeito do vídeo abaixo, mas eu pensei em algum episódio do Arquivo X e no filme Missão Imposível II, principalmente na sinopse que li neste site: http://www.webcine.com.br/filmessi/missaoi2.htm

"A nova missão do agente Ethan Hunt (Cruise), nascido em série de TV, é impedir um lunático de infestar a humanidade com um vírus letal. Sean Ambrose (Dougray Scott, de Para Sempre Cinderela) tem interesse na contaminação porque é o único a possuir o antídoto, pelo qual pretende cobrar milhões de dólares.".


Lucrar com o medo...

Fonte: Peroratio

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

30. Do pensamento livre.

Conversando com uma amiga, falávamos a respeito do corpo humano e das possíveis origens do encobrimento da sexualidade.

A pergunta principal era: “quando o corpo nu passou a ser motivo de vergonha?” Antes que o leitor (se é que há algum) pense que minha amiga e eu somos naturistas, aviso que não somos e que o interesse era puramente teológico.

O corpo nu é o mais natural possível. Chegamos nus ao mundo e a mãe precisa se desnudar, perante outra pessoa muitas vezes, para que nasçamos. Por que então escondemos nossos corpos?

Acredito e, futuras pesquisas revelarão se estou certo ou errado, que a nudez passou a ser encarada como mal. Adão e Eva estavam nus e quando seus olhos foram abertos temeram por estarem nus. (Gênesis 03.06-10). Mas, meu querido Adão, porque temer? Acaso tu se esqueceste de quem te fez? Se Deus quisesse que tu estivesses vestido com folhas de figueira (v.7) não as teria dado logo de início?

O autor ou autores desta passagem esquecem esta pequena contradição e, sem perder tempo, colocam (apenas imaginam, pois não têm poder para tanto) as mãos de Deus para trabalharem a favor de suas composturas. Logo, o ser que cria um mundo costura roupas para o primeiro casal (v.21).

Não consigo acreditar que são as mãos de Deus que costuram as roupas. São as mãos do autor do texto que costuram, mas não uma roupa e sim a história, de tal modo que ao coser cada pedaço da narrativa, tenta convencer-nos a costurar as nossas roupas, afinal, se Deus fez então devemos fazer e se fez para que usássemos então precisamos usar!

Não consigo acreditar também que este capítulo de Gênesis trate apenas de nudez e muito menos que ela começa ou termina com Adão e Eva, personagens que gosto embora não da maneira dos conservadores e muito menos do modo dos fundamentalistas, mas o texto serve ao propósito aqui.

Enquanto Adão, coitado, teme e muitos o seguem temendo e recriminando o corpo nu, uns poucos enxergam a nudez de forma diferente e, se não com naturalidade, então com uma mente aberta o suficiente para emitir uma opinião que faz todo o sentido.

Com prazer, destaco este trecho do maravilhoso texto do padre Claude D' Abbeville:

"Pensam muitos ser coisa detestável ver este povo nu, e ser perigoso o viver entre índias, mulheres e raparigas totalmente nuas, como elas andam, por não se poder prevenir que o homem se despenhe no precipício do pecado.

É certo ser tal costume mui disforme, desonesto e brutal, porém o perigo é menor aparentemente, e sem comparação muito menos à vista dos atrativos voluptuosos das mulheres públicas de França.

Na verdade são as índias modestas e recolhidas em sua nudez, pois nelas não se notam movimentos, gestos, palavras, ação ou coisa alguma ofensiva à vista de quem as observa. Cuidam muito na honestidade do matrimônio e não são capazes de dar algum escândalo público.

Junte-se a isto a disformidade ordinária, que não tem encantos, a própria nudez que não é tão perigosa e nem tão cheia de atrativos, como os desenfreados requebros e as novas invenções das mulheres francesas, que causam mais pecados mortais e prejudicam mais a alma, do que essas mulheres e raparigas índias com sua nudez brutal e aborrecida.".

Percebem como o padre consegue reverter a culpabilidade do pecado? Temos um padre que diz que a nudez não é o problema e isto em 1612!!

Sei que aqueles que lerem o texto completo perceberão que o religioso escreve algumas coisas contra os índios, mas neste trecho ele foi fenomenal, demonstrando um pensamento livre bem diferente de sua época.

É claro que se pode argumentar em contrário e dizer que ele apenas combatia a vulgaridade de algumas mulheres francesas, mas o que está escrito é evidente: a nudez não é o problema principal e nem sequer oferece riscos como os costumes das cortes civilizadas.

Eu gostei!

Para ler um trecho maior: Jangada Brasil.

29. Tristeza e solidão

Fernando Pessoa, ainda não citado aqui, traz a beleza a este espaço:

Quando estou só reconheço

"Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.

E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.

Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por cousa esquecida."

Fonte: Rua da Poesia

terça-feira, 4 de agosto de 2009

28. Religião se discute?

Jogar RPG on-line tem vários benefícios. Além de estimular a imaginação e de ser um passatempo muito saudável (apesar do que os pseudo-entendidos dizem) o jogo permite que se converse com inúmeras pessoas tão afastadas de ti que, provavelmente, se dependesse das circunstâncias cotidianas da vida seria impossível conhecê-las.

Ontem estava conversando com um grupo de jogadores do TRIBALWARS. Papo animado, muitas risadas, clima legal e, num estalo, surgiu o tema da religião. A maioria dos jogadores pediu que mudássemos de assunto, pois “política e religião não se discutem”. E foi aí que uma surpresa agradável surgiu.

Um dos jovens, um rapaz de 22 anos, queria continuar a conversa sobre religião, então fomos, ele e eu, para outra janela (facilidades da vida virtual) e continuamos a conversa.

Ele apresentou algumas passagens com as quais não concordava, a saber, I Timóteo 02,11-15:

11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.
12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.
13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
14 E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.
15 Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação.

Ele não conseguia entender como um Deus que enxergava todos os homens como iguais poderia considerar as mulheres como seres menores. Expôs, também, que nunca lhe tinham explicado estas passagens e que sempre lhe apresentavam passagens “bonitinhas”, mas que ao pegar a Bíblia em suas mãos, via contradições que nunca eram assunto das aulas de catequese, que freqüentou por 10 anos.

Antes que o leitor (se é que há algum) protestante sorria, a catequese Católica não é inferior à EBD evangélica. Também não é superior. As duas são iguais, pois ensinam a mesma coisa: doutrina.

O fato é que o jovem declarou um profundo respeito e admiração por sua mãe e, portanto qualquer passagem que indique uma inferioridade da mulher lhe seria inaceitável. Declarou ainda que resolveu não “perder tempo” estudando um livro que se contradiz e assim sendo, tornou-se ateu.

Conversamos. Parti do princípio de que ele não acreditava em Deus. Conversamos acerca da importância da Bíblia e de outros textos sagrados, sua relevância para o Ocidente, o contexto histórico da formação do texto bíblico, a dificuldade de interpretação do texto bíblico, o fundamentalismo, os discursos presentes na Bíblia e etc.

Em momento algum procurei “convertê-lo” ou “demonstrar a existência de Deus”. Não foi necessário. As dúvidas que o apoquentavam não precisavam de “fé” para explicação.

Após alguns minutos de conversa, ele declarou “...gostei”.

Não sei se o leitor concorda com o que eu fiz. Talvez os mais conservadores digam que eu deveria ter explicado as “4 leis espirituais”, mas eu pergunto (e faço muito isto por aqui), as dúvidas seriam sanadas com uma tentativa de evangelização? O que era mais importante? Conquistar a alma ou responder os desgostos da alma?

Ele pode apenas ter sido educado com a declaração final. Eu prefiro acreditar, por enquanto, que foi aprazível para ambos reescrever a frase inicial e poder dizer: “religião se discute sim!”.

domingo, 2 de agosto de 2009

027. Empresário divino?

Às vezes tento imaginar como os apóstolos, bispos e semi-deuses das igrejas atuais lêem a Bíblia.


Deve ser mais ou menos assim:

Fonte: Nóis na Tira.

026. A imprensa

Fiz alguns períodos de Comunicação Social e passei a achar que tudo era manipulação.

Depois de poucos períodos de Teologia, começo a ter certeza!

Mas, voltando à época boa, um ótimo texto de Altamiro Borges e da vergonhosa manipulação por parte da imprensa brasileira:

"...trabalhador é para trabalhar; estudante é para estudar; e a elite é para governar".

Para outro exemplo ainda mais gritante, confira Maurício Caleiro:

"No Brasil, o desinteresse foi ostensivo...".

Lembre-se: "A televisão disse, então é verdade!".

025. ...deslizando no céu entre brumas de mil megatons!!

Raios e trovões!!!


A natureza é impressionante.


Lembro da música "O Trem das 7" do Raul Seixas...



São 26 imagens!

sábado, 1 de agosto de 2009

024. Grandes atores

Gosto dos atores que não se envergonham do passado. Aqueles que fazem dramas, mas não esquecem do passado como comediantes.

Um dos atores que mais gosto é o Hugh Laurie, conhecido no Brasil pelo papel do Dr. House.

Lembrando seu passado comediante, uma ótima música:

Então é aqui?

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