sábado, 20 de novembro de 2010

146.Cada um tem o inimigo que tem...

O que importa é a fé?






Do talentoso Coala...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

145. Por que certas coisas não têm sentido...aparente.

Sei que é uma tradição. É um traço cultural. É uma demonstração característica do país, da região, das famílias e de cada pessoa.

Não entendo. Não vejo sentido.

Mas é um bonito vídeo.

Senhoras e senhores: Casteller.

Casteller from Mike Randolph on Vimeo.


Eu vi no Jacaré Banguela.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

144. Apagaram o tópico...

Fui ontem à comunidade Embaixadores do Rei no Brasil, no orkut. Fui lá esperando encontrar a continuação da conversa que estava em andamento e que publiquei aqui no blog na postagem abaixo. Fui certo de que encontraria uma resposta, pois éramos dois conselheiros conversando, com indagações coerentes, pontos de vista diferentes, mas cujo objetivo era apenas de contribuir para o melhor na organização Embaixadores do Rei.

Pelo menos era isto o que eu imaginava.

Apagaram o tópico.

Para minha surpresa, existem tópicos que datam de 02/03/2006. Mas o tópico que teve início na semana passada simplesmente sumiu.

Fiquei surpreso. Mais até. Fiquei perturbado.

"Deve ser algum erro do orkut, o que acontece muito, e provavelmente estará resolvido amanhã", pensei.

Não está. O tópico foi apagado. Meu texto, aos argumentos do conselheiro XXXXX, não teve resposta.

Fui imediatamente procurar os moderadores da comunidade para saber o que tinha acontecido, tendo em vista de que se tratava de um tópico com questões específicas e próprias para o debate geral, mas fui surpreendido novamente. São dois moderadores e um deles é o conselheiro com quem eu dialogava.

O que há de errado? O que foi feito de errado? Será que meu texto não terá resposta? Será que não se pode demonstrar aos embaixadores que as pessoas podem divergir e chegar à uma conclusão através do diálogo? Será que não se pode dizer o que se pensa? Será que simplesmente se pode ignorar o pensamento diferente?

Assim como meu texto, estas perguntas não têm resposta. É uma pena.

Talvez fosse melhor acreditar que tivesse sido apenas um erro do orkut, mas se assim fosse então acredito que o conselheiro XXXXX colocaria novamente a sua resposta, afinal "a bola estava (e está) com ele".

Não vou pedir por uma resposta, mas vou questionar os moderadores. Saber por que razão o tópico foi apagado, afinal, eu preciso saber e cada um que decida se precisa saber e se vale a pena buscar a verdade.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

143. Embaixadores do Rei e Vida militar

Em resposta à postagem 109. Valentes!!! Disposição!!! , recebi pelo orkut um texto que não me incomodou um pouco. Aqui vai a resposta na íntegra como a coloquei no orkut.

Retirei o nome do indivíduo, pois não sei se ele me permitiria colocar aqui o seu texo, conquanto o tenha feito no orkut.



Como vai, XXXXX? Tudo bem? Em resposta ao teu texto:
“Infelizmente Harlyson eu não concordo com nada ou quase nada com que você fala.”

Eu não vejo problema algum que me leve á questão da infelicidade em você não concordar comigo. Pelo contrário! Que você concorde ou não concorde eu não ligo a mínima. Agora, fico extremamente feliz de vê-lo responder abertamente ao texto que publiquei. Infelizmente tenho visto muitos conselheiros que falam pelas costas, que mentem e encobrem quando discordam de algo e que fazem intriga depois. Fico feliz e satisfeito de vê-lo responder publicamente e dizer que discorda de mim. Embaixadores e conselheiros, este é um exemplo que deve ser seguido.


“Antes de mais nada, considero muito inoportuno sua colocação, visto que o criador do tópico fala de uma "atividade corriqueira", para com menores. Além de ser éticamente errado, é crime e isso não dá pra refutar. Comparar esse fato (espero que seja isolado) com os valentes, no meu entendimento é uma irresponsabilidade.”

Eu considerei colocar o texto na íntegra por que fala do ANVER, que é uma programação de peso na Organização Embaixadores do Rei e fala da própria organização. O autor do tópico não especificou uma atividade, mas se referiu à organização como um todo e, se é todo, então falo do ANVER e de qualquer outra atividade que se refira à organização, bem como falo da organização.
O que é crime? Mandar pagar flexão é crime? Fazer concursos de flexão é crime? Fazer cantorias de quartel é crime? Temos de especificar isso.
Os Valentes são um grupo da Organização. Então comparo. Se os Valentes se reunissem uma única vez no ano, eu compararia, pois recai sobre eles o peso de serem atividade da organização Embaixadores do Rei.
Entendo que irresponsabilidade seria ignorá-los.

“Sobre o regulamento, sua reclamação carregada de sarcasmo, não posso deixar de dizer que realmente de 2000 a 2009 o regulamento foi uma cópia com sucessivos remendos, muitas vezes feitos de forma equivocada. Contudo, o regulamento de 2010 apresenta melhora significativa. Para comprovar isso, estou colocando aqui 3 links dos últimos regulamentos:”

Sarcasmo? Podes me mostrar onde leste o sarcasmo? Por que, pelo que entendo de sarcasmo, devo ter escrito algo que ofendeu alguém, mas como não ofendo ninguém, pelo menos não de forma intencional, então não entendo como posso ter carregado no sarcasmo. Eu disse que não atribuo muita importância a regulamentos, o que ao meu entender só diz respeito a mim mesmo e, portanto foi uma observação pessoal. E não disse que falava do regulamento do ANVER, logo, foi uma suposição sua? Se foi…tem 50% de chances de estar certa e 50% de estar errada, seja como for, deverias levar isso em conta antes de dizer que era uma reclamação carregada de sarcasmo da minha parte. Se eu quisesse reclamar, mandaria um e-mail para o Denaer.

“Quero dizer que sua fala sobre sua "neutralidade", porque não há interesses próprios seus, comigo não cola.”

“Não cola”? Como assim? E que interesses meus você enxerga? Podes escrever aqui?

“Veja que tudo que você pode usar a favor do militarismo na organização, até mesmo coincidências, você usou para advogar a presença do aspecto militar na organização, fato que lamento profundamente.

Você lamenta que eu tenha usado tudo que podia para favorecer o militarismo na organização? Eu também me lamentaria, mas eu não usei. Entenda: Eu escrevi o texto para dizer que a organização assumiu um perfil militar e de pré-militarismo, logo, coloquei todas as semelhanças com a vida militar e com o pré-militarismo que existem na organização. Em momento algum eu favoreci o estilo de vida militar ou o pré-militarismo na organização. Eu apenas me limitei a descrever quais eram as semelhanças que eu vi. Os elogios que faço aos Valentes ou à organização não estão acompanhados de elogios ao estilo de vida militar ou ao pré-militarismo. Daí, não entendo seu lamento profundo.

“ Isso se chama etnocentrismo. Por tanto, sua visão sobre o caso é etnocêntrica.”

Etnocentrismo? Bem, se a premissa anterior que valida a frase acima está equivocada, então nem comento essa frase, visto que de igual modo está equivocada.
Para ficar mais claro, basta entender que a visão etnocêntrica pressupõe a superioridade de um grupo étnico ou nacionalidade sobre os demais e eu não disse em lugar algum do texto que o estilo de vida militar ou o pré-militarismo é superior a algo.

“Veja o exemplo citado: o garoto encerra (hoje) seu ciclo de atividades na embaixada quando completa seus 17 anos. O Acampamento Nacional comporta o menino nos núcleos até 16, obviamente ele com 17 anos, poderá participar dos valentes. O fato do rapaz ter que se apresentar ao alistamento obrigatório aos 17 anos, não passa de uma baita coincidência. Porque usar isso a favor do rancho militarista na organização ER? Aos 16 anos pode votar, aos 18 anos é maior de idade, se formos criar várias semelhanças, poderemos forçar várias, assim como essa é.”

Permita-me trazer parte do meu texto para cá. Eu escrevi: “A idade para ingressar no NV é de 17 anos, ou seja, apenas um ano antes da apresentação obrigatória ao serviço militar. Coincidência.”
Ponto final. Não disse mais nada. Finalizei com a palavra “coincidência”. Não criei semelhança e nem fiz papel favorável ao “rancho militarista”.

“Outra coisa... ninguém ingressa no NV, a pessoa acampa durante 4 noites e 5 dias no NV. O NV não é instituição. As pessoas supervalorizam isso. Por isso as palavras "Ingressa" e "Lotado" não tem a mínima razão de ser usada para um acampamento.”

Se o Embaixador do Rei tem de preencher os requisitos necessários para ter sua entrada permitida no Núcleo dos Valentes, então ele ingressa, pois “ingressar” é “dar ingresso”, ou seja “ato de entrar, entrada, admissão”. Ao ter a entrada permitida, ele acampa, pois “acampar” é “estabelecer ou instalar no campo”. Ele ingressa para acampar. Ele não acampa direto, pois o seu ingresso pode até ser vetado.
Estar “lotado” é um termo mais conhecido pelos militares ou por qualquer um que leia um regulamento. Existem vários órgãos públicos e instituições privadas que usam este termo em seus regulamentos. Exemplos: CENAPESQ, UENP, UFRGS, UFRGN, TRT…todos estes órgãos e instituições não podem ser militares.

“Sua visão me parece um tanto quanto romantizada, e como disse anteriormente, etnocentrica.”

Por que o “romantizada”?

“Como estou trabalhando no projeto memória ER, pude conversar com pessoas que acamparam nos primórdios do "fim do mundo", como sempre foi chamado.
Bagby Jr, Otho Fanini e Guy Key, com quem conversei e colhi informações e fotos dos primeiros acampamento lá.”


Espero ver este projeto em breve. Parece ser muito interessante.


“Observo que em algum momento na história dos valentes, alguém resolveu ir agregando aspectos militares.”

Não duvido.

“Não é para ser militarizante e muito menos pre-militarismo ou ter aspectos militares, nisso eu sou taxativo com minha opinião.”

Eu não sou tão taxativo. Acredito que os conselheiros devem se reunir com os embaixadores e todos juntos decidirem isso. Seria muita pretensão minha dizer que não deve ser de um jeito ou que deve ser de outro. Prefiro deixar à escolha dos embaixadores com os conselheiros.

“E quero deixar aqui o meu agradecimento aos conselheiros que deixam os preceitos militares restritos ao seu trabalho e na organização trabalham como servos de Deus com o único objetivo de guiar os Embaixadores do Rei a seguir os propósitos da palavra e o ide de Cristo.”

Eu não acredito que as pessoas consigam deixar os preceitos da vida que levam de lado quando estão no trabalho com os Embaixadores. Acredito que um advogado é advogado mesmo sendo conselheiro, assim como um médico é médico mesmo sendo conselheiro, que um militar é militar mesmo sendo um conselheiro e assim por diante, assim como um conselheiro é conselheiro mesmo sendo advogado, médico ou militar. E ainda bem. Foi pela contribuição de advogados, médicos, militares e muitos outros profissionais que a Organização Embaixadores do Rei chegou onde está e o Cristianismo mesmo. Eu agradeço àqueles que não confundiram. Consultório com embaixada, gabinete com embaixada, quartel com embaixada e etc.

“Se pensarmos numa visão "macro", quantos ERs não participaram e não participarão do NV? Sem dúvidas muitos. E nem por isso deixaram de aprender valores essenciais de um homem responsável e um cristão convicto e devoto.”

Não sei se deixam de aprender valores essenciais. Sei que em qualquer núcleo, do Aquário até o Valentes, pode ser que o garoto não apreenda coisa alguma boa. Concordo que o Valentes não é o único núcleo em que isto possa ou não ocorrer, mas isto em momento algum esteve em voga no texto que escrevi, portanto, encerro.
“Agora dizer que o ANVER (excetuando-se o NV) é pre-militar é um absurdo, sob o argumento da forma de organização?!”
Sob o argumento da utilização de certos termos e pela utilização de procedimentos parecidíssimos com a estrutura militar.

Ora, então uma escolinha primária também, porque lá as pessoas cantam o hino-nacional, fazem fila, tem horários, formam para entrar, tem uma série de regras a seguir.

E quem na escolinha chama o professor de “comandante”? Ou paga flexões quando chora por ser o último a ser escolhido para o futebol? Ou canta um grito de guerra contra a turminha da sala ao lado?

“Isso não passa de forçação de barra. Isso é argumento de quem quer ver a organização (sua embaixada) como seu mini-pilotão.”

Esta foi direta. O argumento é meu e parece que você me acusou de querer ver a organização (que você chama de “sua embaixada”) como um mini-pelotão particular. Então, antes que eu erre por entender de forma equivocada algo que você tenha escrito, pergunto: estás me acusando de querer ter um mini-pelotão? Se estás, então acuse. Se não, então explique a sua frase por que eu não entendi.

“Sobre os aspectos citados por você sobre as semelhanças da organização com militarismo. Por favor, comece a repensar o que é a organização ER.”

Obrigado pelo conselho. Penso e repenso o que é a organização Embaixadores do Rei sempre que penso na Organização Embaixadores do Rei.

“Sobre os requisitos mínimos? O que há de militar nisso? Juramento? O nome correto é compromisso.”

Não me referi aos requisitos em se tratando de seus conteúdos, mas sim de serem necessários para que o garoto galgue postos, o que acontece com os postos nas forças armadas, assim como acontece com várias outras organizações, é claro, mas arauto, escudeiro, cavaleiro, lembram os militares de outrora.
O nome certo é “compromisso”? Quando eu entrei na embaixada há muitos anos era juramento às bandeiras. Aliás, ainda é juramento às bandeiras, seja nacional ou cristã como bem diz o site da União de Homens Batistas do Brasil com relação ao GAM, mas inventaram que o embaixador não mais fazia juramento à bandeira dos ERs e sim um compromisso. Não sei o porquê. O estimado conselheiro que atua no projeto acerca da memória dos ERs, talvez possa me esclarecer. Aliás, o DCER/SC ainda usa o termo “juramento, assim como o DCER/Gaúcho. (http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:rz4B7wdU1VgJ:www.newsitebrasil.com/uhbb/denagam_manual_de_gam/denagam+juramentos+a+bandeira+crist%C3%A3&cd=3&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt).
(http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:1MYBqs-GCi8J:members.fortunecity.com/dcercatarinense/material.htm+manual+do+candidato+juramento+dos+embaixadores+do+rei&cd=6&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt).
(http://dcergaucho.blogspot.com/).

“Sistema de postos com relação a patente militar?
Temos que tratar os postos como uma titulação dada a um garoto após atingido um nível de conhecimento a mais da organização, da palavra de Deus e de missões. E não darmos uma patente a ele..”


Sugiro ao conselheiro que procure no dicionário o significado da palavra “posto”. Além de significados como “emprego, cargo e dignidade”, vai encontrar o significado “graduação militar”. Reafirmo que apenas estabelecia a comparação, mas vou me aprofundar no tema, já que o conselheiro XXXXX insiste que isso é apenas invenção da minha cabeça.
O primeiro posto? Arauto. Sabe o que é? Era um oficial (inferior ao rei das armas e superior ao passavante) que levava as declarações de guerra e servia ao parlamentário durante a Idade Média. Dizer que não tem este significado na embaixada não apaga o significado que a palavra tinha antes de ser utilizada pela Organização Embaixadores do Rei.
O segundo posto? Escudeiro. Sabe o que é? Era um pajem ou criado que levava o escudo do cavaleiro. Lembrando que o termo “pajem” significa: “Moço que acompanhava o rei ou os nobres e lhes levava as armas quando iam para a guerra.”. Dizer que não tem este significado na embaixada não apaga o significado que a palavra tinha antes de ser utilizada pela Organização Embaixadores do Rei.
O terceiro posto? Cavaleiro. Sabe o que é? Homem que monta a cavalo, é óbvio, mas também é o indivíduo agraciado com o primeiro graus de algumas ordens, ou um membro de ordem de cavalaria. Dizer que não tem este significado na embaixada não apaga o significado que a palavra tinha antes de ser utilizada pela Organização Embaixadores do Rei.
E os demais, Sênior, Master e Emérito são considerados pelo DENAER como “postos superiores”!
(http://www.denaer.com/index.php?sc=arquivos).
Parece que os postos fazem muita referência à guerra e vida militar.
Quando na escola o garoto é aprovado e passa de um ano para o outro, ele recebe algum nome? Não. Ele simplesmente pertencia ao 6º ano e agora ao 7º, por exemplo. Mas e na embaixada? Era Arauto. Agora é Escudeiro! Era Escudeiro e agora Cavaleiro! Sempre lembrando que o DENAER chama de “promoção” a passagem de um posto para o outro, logo como não dar um patente ao garoto? Lembrando que o termo “patente” significa: “Documento ou título oficial de concessão de posto ou privilégio.”.

“Essa comparação é um desejo profundo de dar tratamento militar a organização, objetivo do qual sou TOTALMENTE CONTRÁRIO.”

Mais uma vez parece que a sua frase foi uma acusação. Se foi, então acuse. Se não foi, então explique a frase.

“Exemplo de titulações (Mestre-Mestrado / Doutro-Doutorado) e etc.
Os postos da organização são puramente estruturalista e não patentes numa relação de poder ou subalternidade entre os que detem um posto ou outro.”


Então por que o DENAER chama alguns postos de “superiores” e à mudança de postos de “promoção”? Então é sistema de títulos e não sistema de postos? Não parece ser isso.

“Se a organização ER fosse realmente militarizante, pré-militar ou militar, eu já estaria fora dela a muito tempo, mas ela NÃO É, definitivamente.”

Eu acredito que a organização é/esteja militar e pré-militarismo.

“Acho que quem quer pensar a organização de outra forma, que saia dela, e vá formar seu pelotãozinho de Jesus, ou soldadinhos do reino.”

Acredito que quem quer pensar a organização Embaixadores do Rei de outra forma deve colocar como pensa a organização para que cheguemos juntos ao melhor para os garotos. Nunca vi uma saída da organização ajudar em coisa alguma.

“Pra finalizar o assunto valentes, quero dizer que minha preocupação com os valentes é de apenas 5 dias ao ano.”

Agora fiquei triste. Não que seja do teu interesse a minha tristeza, mas coloco aqui, como coloquei minhas opiniões e te interessaram a ponto de respondê-las. Como diretor de semana do ANVER que és, eu esperava que o Núcleo do Valentes fosse sua preocupação o ano todo, assim como todos os demais núcleos do ANVER. É minha preocupação o ano todo. Assim como o Aquário, o Alvorada, o Abilene I e II, o Alto da Boa Vista, mas eu sou assim mesmo, gosto de me preocupar com os Embaixadores.

“A organização ER é muito mais que os valentes.”

Mas a organização ER também é muito mais por causa dos Valentes.

“Somos uma organização para meninos de 9 a 16 anos e os valentes é um acampamento a parte.”

Discordo. Os Valentes nunca serão um acampamento à parte para a organização Embaixadores do Rei. Os Valentes são, antes de tudo, Embaixadores do Rei e não podem estar à parte.

“Somos organização ER o ano todo, em atividades missionárias, evangelísticas, recreativas, de estudo da bíblia e estudos missionários e bem como aplicação no serviço de Cristo, O ANO TODO e não APENAS em 5 dias ao ano”

Eu espero que sejamos mesmo, mas não vejo isso acontecer em muitos locais, por isso escrevo e falo e enquanto estiver por aqui escreverei e falarei.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

143.Embaixada Pr. Francisco Fulgêncio Soren

Há muito tempo que não escrevo neste Blog. Tenho me limitado a pensar em muitas coisas, mas sem escrevê-las. São como pedras atiradas àquele lago imaginário, sempre sereno, que irrompe em violenta agitação quando alguém se dá ao devaneio de atirar-lhe pedras sem qualquer razão. Tenho tido muitas pedras, mas carrego-as comigo. O lago, este Blog, tem estado sereno.



Esta serenidade não me é confortável. Tenho verdadeira agonia por não atirar pedras…a questão é que não as atiro em direcção a uma pessoa. Sempre as atiro neste Blog, que agitado, eclode em ondas demoradas e lindas que me acalmam tanto quanto se pedras eu atirasse a um lago.



Esta calmaria cansa. Já passa do tempo de atirar pedras, mas aí surge o problema. A inércia acomoda e, de tal forma estou acomodado que meus pensamentos estão desordenados (Como se algum vez já tivessem sido ordenados).



Preciso de uma grande pedra. Preciso de uma pedra que me faça vencer a inércia e reorganizar os pensamentos e, se a maioria das pessoas gosta de pensar que atirar pedras é só falar mal e agredir, eu acredito que as pedras que atiro são apenas as que tiro do caminho. Não faço o esforço de levantá-las para me valer delas como armas. Com a licença do poeta, as malditas pedras estão no caminho e muitas outras foram colocadas cá ou atiradas para cá, mas seja como for a verdade é que também posso utilizar estas pedras numa construção.



É isto que me fará ultrapassar a acomodação instalada.



A pedra que foi fundamental (quem disse que não posso começar com uma heresia?) foi a organização Embaixadores do Rei.



No dia 15 de Outubro a organização Embaixadores do Rei (ER) da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro (PIBRJ), chamada de Embaixada Pr. Francisco Fulgêncio Soren completou mais um ano de existência.



Minha família chegou à PIBRJ quando eu tinha 8 anos de idade. Meu pai quis saber qual era o local para os rapazes da minha idade. Alguém lhe indicou a Embaixada. Não sei quem foi. Meu pai me levou lá.



De lá para cá são 21 anos como Embaixador do Rei.



Há poucos dias falava com um amigo a cerca de como encontramos locais com os quais nos identificamos profundamente, mesmo sem sabermos como explicar a sensação tão agradável de estar ali ou aqui. Alguns desses locais mudam nossa vida. Pode ser que demoremos dias num local, como numa fazenda, num acampamento ou apenas alguns instantes como numa montanha russa. A questão é que são locais que marcam. O meu lugar foi a Embaixada Pr. F. F. Soren.



Foi lá que comecei a estudar a sério a Bíblia. Que comecei a sentir o gosto pela leitura da Bíblia. Foi lá que aprendi que gosto de estudar a Bíblia. Foi lá que aprendi a geografia bíblica, os personagens bíblicos, a história bíblica e muitos dos conceitos que os cristãos e os Batistas usam. Foi lá que aprendi a ser rápido no manuseio da Bíblia. Foi lá que aprendi a trabalhar em grupo. A aceitar o outro como ele é. Foi lá que descobri que era um nerd! Foi por intermédio da Embaixada que descobri que haviam as mensageiras… Foi lá que descobri quanto gosto de mato! Foi lá que descobri quanto gosto de exercícios físicos! (Paga 10!). Foi lá que eu aprendi a ser forte. Foi lá que conheci garotos que até hoje são meus amigos, mesmo 20 anos depois. Foi na Embaixada que eu me descobri como pessoa que sou. Foi lá que descobri muitas coisas a meu respeito. Coisas boas e coisas ruins. Foi lá que descobri as coisas boas que uma igreja pode oferecer. Foi lá que vi quantas coisas ruins uma igreja pode oferecer. Lá tive muitos exemplos bons. Sr. Levindo, Sr. Davi, Sr. Brivaldo…pessoas que guardo no coração. Pessoas que enfrentaram muita coisa para ajudar a embaixada.



Ajudar? Sim. Ajudar. A embaixada precisa de ajuda. Sabe por que? Por que a maioria das igrejas não valorizam o trabalho com os Embaixadores do Rei.



Não vou entrar nos detalhes que levam a tal comportamento. Sei que quando se trata de trabalhar com os garotos, parece que qualquer um serve. NÃO SERVE! Este trabalho não é para qualquer um. Sem qualquer juízo de valor, a questão é que nem todos têm o coração para isso e nem as habilidades necessárias.



Sabes o que é necessário?



É necessário gostar mais dos garotos do que da Embaixada, por que muitas regras da organização são ainda dos manuais de décadas atrás e em nada ajudam os garotos do séc. XXI.



É necessário investir tempo, pois os garotos precisam de atenção e de um olhar atento. É preciso reconhecer as deficiências e as potencialidades e isso não se faz com um rápido olhar.



É necessário saber que se vai perder dinheiro. A verdade é que os pais investem fortunas na educação dos garotos (os que podem), mas quando se trata de Igreja…consideram perda de dinheiro. Outros pais não podem mesmo investir nos garotos e seja qual for o caso, como falam meus amigos conselheiros baianos: “No frigir dos ovos, sempre sobra para o conselheiro” e sobra mesmo. É garoto que não pode pagar um acampamento, outro que não pode pagar o transporte e assim por diante. Se o conselheiro não tem dinheiro para ajudar, cabe a ele achar quem tem e lá se vai o conselheiro a pedir ajuda a um e a outro. Não é humilhação. Sou eternamente grato ao Sr. Davi que pediu ajuda para custear as minhas idas ao ANVER (Acampamento Nacional de Verão dos Embaixadores do Rei).



É necessário aguentar a pressão. Vão falar mal da embaixada, dos garotos, dos conselheiros e de tudo relativo à embaixada. Se falam demais, são barulhentos. Se não falam, são calados demais. Se fazem muitas actividades, são irrequietos. Se não fazem, são inactivos. Se pedem R$1,00, esbanjam dinheiro. Se não pedem, não são humildes. Vão falar mal. É preciso aceitar que vai acontecer e que cabe ao conselheiro não deixar que os garotos fiquem desanimados quando ouvirem as pessoas falarem e em algum momento eles vão ouvir.



É necessário lutar. É necessário estudar. É necessário crer. É necessário viver a organização.



Eu conheço pessoas que vivem a organização. São poucas e boas. Conheço muitas outras que não vivem a organização. Estão só passando um tempo na embaixada. Isto me remete aos tempos em que era um garoto. Muitos passaram pela organização se apresentando como conselheiros e logo sumiam. Conselheiros? BAH! Apenas alguns turistas na Embaixada.



Infelizmente eu tive de me afastar da Embaixada Pr. Francisco Fulgêncio Soren devido a uma mudança de residência. Só eu sei a dor que é estar longe dos garotos. Estar longe da organização. Estar longe dos “bizonhos” e das suas “bizonhices”.



Quando quero sorrir eu lembro da embaixada. Lembro dos garotos. Lembro de muitas histórias boas que passei como embaixador e conselheiro. Espero um dia poder retornar a esta grande organização. Acompanho semanalmente as evoluções deles. Visito o orkut de cada um. Pergunto ao Conselheiro que lá está como está a programação. Infelizmente é só o que posso fazer.



Sei que comemoram no sábado o aniversário da organização. Já vi as fotos. Já me informei de como foi. A vida é complicada e nem sempre podemos ter tudo o que queremos. É preciso fazer escolhas. Eu escolhi a mudança por que seria o melhor para o meu futuro, mas também escolho a embaixada por que é o melhor para o meu presente.



A vida é escolha. Isto, eu não aprendi na embaixada, mas fiz o possível para que eles aprendessem.



Aos meus grandes Embaixadores eu os saúdo por a escolha acertada que fizeram pela Embaixada.



Aos conselheiros eu os saúdo por a escolha acertada que fizeram pela Embaixada.



Aos pais, mães, avós e avôs, tios e tias eu os saúdo por a escolha acertada que fizeram pela Embaixada.



A todos que têm a coragem de bradar “Uma vez embaixador? Sempre Embaixador do Rei!” eu os saúdo por fazerem parte da mais fantástica organização Batista que há.



Parabéns Embaixada Pr. Francisco Fulgêncio Soren e muito obrigado!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

142. Efeito borboleta

O nome do filme é "Causes" de Joe Brumm e conta de forma simples e criativa a lógica do processo capitalista arrivista presente no mundo todo.

É o primeiro trabalho que conheço de Joe Brumm, mas só pelo fato de usar a teoria do Efeito Borboleta eu já gostei.




Fonte: www.charges.com.br

141. Da identificação.

Escrevi há poucos dias que a principal razão para uma leitura do Antigo Testamento como revelação anterior ao e do Novo Testamento ou ainda como promessa do que seria cumprido no Novo Testamento era a necessidade de identificação com o povo de Deus.

Pois bem, estando um pequeno grupo reunido aqui em casa eu obtive mais uma prova de que é não estou errado.

A certa altura da conversa, uma pessoa me pergunta quais as matérias que mais gosto no Seminário. "Exegese do Antigo Testamento" foi uma parte da resposta ao que ouvi a pessoa dizer:

"Eu adoro o Antigo Testamento.".

Como todo seminarista é a "imagem do cão" (rsrsrsrsrs) não poderia deixar uma frase desta passar e fiz a pergunta capciosa do dia.

"Gosta do Antigo Testamento? Se sente em casa lá?"

A resposta não foi surpresa. De fato, poderia ter escrito a resposta antes da pessoa a ter pronunciado.

"Sinto. Eu vejo Deus mais presente lá. Eu sinto como se fosse parte daquele povo. É Deus falando para mim".

rsrsrsrsrsrsrsrsrs

OK...OK... sei que a pergunta tendenciou a resposta, mas foi hilário, não?

Olha a tal da identificação presente. Antigamente o Deus do povo de Israel falava diretamente com o povo e fazia sinais e prodígios, mas hoje está tímido e os sinais estão escondidos. É ocultação de milagre e não mais milagre, de tal forma que o povo anda tão carente de sentir o "poder de Deus" que tudo é místico novamente.

Os rituais de igrejas evangélicas são direcionados para o místico, para o mistério, para o que é acima de tudo, incompreensível. Líderes religiosos fazem uma mistura de versículos bíblicos utilizando a Bíblia como fonte para suas elucubrações doentias e nisso o povo que não lê e não questiona vai andando em cima do sal, passando pelos portões, batendo cabeça com o sacerdote, derramando azeite, derramando sangue falso ou simplesmente vendo a figura do espiritual em tudo, por que quanto mais parecido com o Antigo Testamento, mais identificados com o povo de Israel e com o Deus que não se escondia, mas que agia e falava diretamente com o povo, ainda que com o povo mesmo ele não falasse, mas sim com alguns poucos escolhidos.


Lembro de 2002 (não sei como...) e de uma charge do talentoso Maurício Ricardo. Algo que sempre gostei no site dele é que jamais ofendeu uma religião. Jamais. Brinca e brinca muito, mas mantém suas brincadeiras com total respeito pelas crenças de todos. É um boa política.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

140. Descoberta!

Investigadores encontram vestígios de madeira que julgam pertencer à Arca de Noé

http://noticias.pt.msn.com/Internacional/article.aspx?cp-documentid=153170669

ok, ok...acharam um pedaço de madeira de 38 milímetros no monte Ararat, local onde segundo o registro bíblico a famosa "Arca de Nóe" teria repousado finalmente após o dilúvio.

O tal pedaço de madeira deve ter uns 4.800 anos segundos os autores da descoberta.

Agora a pergunta:

De qual dos dilúvios este pedaço de madeira pertence? É da 1a narrativa ou é da 2a narrativa?

rsrsrsrsrsrsrs

sexta-feira, 23 de abril de 2010

139. O Inferno de fogo

Há muito tempo eu ouvi a pregação de um pastor que mencionava algumas razões que justificavam (e justificam) a pregação da mensagem do Evangelho. Dentre as razões que ele mencionava estava "o terror do inferno".

É possível rever esta mensagem em muitíssimas pregações hoje em dia. É uma mensagem muito utilizada. Descrevo como funciona:

O responsável pela pregação, pela mensagem, pelo momento de reflexão ou qualquer outra coisa que venha a substituir a palavra "sermão", não precisa de mais do que 10 versículos para conseguir o objetivo a que se dedica. As passagens são do livro "Apocalipse" e de "Mateus". As passagens falam do "lago de fogo" e do "pranto e ranger de dentes". Cada passagem é dirigida a um grupo específico em um momento específico, mas isso não importa para o pregador. "O texto fala para nós!" E por falar para nós é que o texto diz o que se quer que ele diga. Se falasse para aqueles a que foi destinado, talvez falasse coisa diferente. Enfim, fala e fala do inferno e do terror que deve ser o tal local inóspito e do sofrimento que as pessoas sofrerão por toda a eternidade. Quem ouve fica aterrorizado com tal visão e deseja a todo custo se salvar (entendemos aqui a "salvação" como os grupos a entendem, ou seja, a aceitação de Jesus como salvador livra do inferno de fogo). Quem já é salvo sente a necessidade de salvar outras pessoas, afinal, é tão fácil! Basta pregar e pregando as pessoas conhecerão o que as espera e optarão por fugir do caminho mal, se arrepender, se converter, aceitar a Jesus e viver no Céu e não no lago de fogo.

Desculpem o longo parágrafo. Está tudo aí. Só não coloquei as passagens utilizadas, por que quero me ater a outras passagens. Aquelas presentes no folheto.

Folheto? Outro? Pois é...

Lembram da segunda-feira catastrófica? Aquela da chuva? Pois foi nesta segunda que recebi um folheto com o título desta postagem.

Estava no ônibus. Janelas fechadas. Abafado. Calor insuportável. Ruas alagadas. Trânsito caótico. Entra um senhora falando que a chuva não impede ninguém de fazer a vontade do "Senhor". Entrega folhetos à todos os presentes. Quando chega a minha vez de receber o tal folheto, ela diz, sem me olhar nos olhos:

"Uma palavra de despertamento...".

O folheto era branco com letras vermelhas. Tenho-o aqui a minha frente. Há a imagem de um homem aparentando indiferença. Este homem tem chifres. Abaixo dele estão pessoas com expressões de dor. Há fogo em toda a imagem. Há um borrão que parece ser um morcego. Se é, não sei. Parece. Sou fã do Batman, então o apreço pelo folheto sofre uma drástica queda. Estão escritas as seguintes palavras:

20.000 GRAUS
E SEM UMA GOTA DÁGUA

O INFERNO DE FOGO
ALMAS PERDIDAS TORTURADAS
QUEIMANDO PARA SEMPRE!

Isto é o que está escrito na capa. Dentro do folheto há um texto longo que não vou transcrever aqui. Resumo-o com a fala da senhora que o entregou. É uma palavra de despertamento contra o inferno.

O autor tem a coragem de dizer que "Um dia, no INFERNO, você não terá que ser incomodado por algum cristão tentando entregar-lhe um folheto evangelístico.".

E trata diretamente com o leitor. Usa "você" e dispara uma série de acusações, previsões, alertas e apelos recheados com várias passagens bíblicas.

Esta postagem é justamente para analisar o folheto e suas passagens.

Qual primeiro? Folheto ou passagens?

Passagens? Ok.

A primeira passagem utilizada é a de Lucas 16.23-24. O texto não está presente no folheto, mas eu o escrevo aqui:

23 E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.
24 E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.

Esta versão é propícia. Vamos lá.

Em qual língua o Novo Testamento (NT) foi escrito? Grego. No grego existia a concepção parecida com a atual para o inferno? Não. O que existia então? Existia o termo "Hades". Está escrito "inferno" no texto bíblico? Depende. No grego não está escrito o termo "inferno". O termo traduzido pela Bíblia de Jerusalém como "Mansão dos mortos" é "Hades". Então por que o termo "inferno" é usado?

Duas razões:

1a) O termo foi empregado como oficial tendo em vista que Jerônimo (347-420) o utilizou na Vulgata, a tradução da Bíblia para o Latim e esta se tornou a versão oficial da Igreja Católica. De fato, a Vulgata tem no versículo 22 o seguinte final: "foi sepultado no inferno".

2a) Há uma constante identificação de figuras religiosas de outras épocas com figuras atuais. Há uma necessidade de pensar da forma que o "antigo povo de Deus" pensava. Esta necessidade de identificar-se com os cristãos primitivos pode ser uma tentativa de se aproximar do evento cristológico ou do próprio Deus do Antigo Testamento (AT) através da adoção de práticas comuns.

Bem, Hades não é Inferno. Hades é a morada dos mortos. Para todos os mortos. Se há uma separação entre os bons e os maus, então já não é Hades. É uma mudança de entendimento de um conceito, mas se mudar o entendimento é natural e o significado do termo no contexto em que era utilizado não é necessário, então por que usar o texto? Escreve-se qualquer coisa que atenda as necessidades e ponto final.

Não é inferno. Não volto a este versículo. Se fosse um folheto intitulado "O Hades de Fogo" eu continuaria com o versículo. Mas não é.

Próximo!

Mateus 23:33. O texto está escrito no folheto. Eis:

"Serpentes, raça de víboras; como escapareis da condenação do inferno?".

Outra ótima tradução.

São palavras de Jesus, mas Jesus não falou isso. Ele utilizou a palavra geena no final. E o que era a geena? Era o local utilizado pelos habitantes como um depósito de lixo. Jogavam o lixo naquele espaço aberto e levantavam monturos (isso mesmo).

É fácil imaginar este local. Basta lembrar dos lixões que existem hoje. Todos os detritos em decomposição (não havia reciclagem na época) liberavam gases tóxicos que facilitavam a combustão dos materiais, logo, é um local onde o fogo sempre queimava. Há a teoria de que era o local usado para queimar o lixo também, mas não posso apresentar por que não sei as referências necessárias.

E as pessoas que se alimentavam dos detritos? Ser condenado a estar num local desses deveria ser terrível, mas é do "inferno" que o texto fala? Não. É do depósito de lixo da cidade. É da geena.

Próximo!

Salmos 9:17 Texto do folheto:

"Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as gentes que se esquecem de Deus."

Salmos? Sim. AT então. Se é AT, então é de uma perspectiva não cristã. É judaica. Judeu acredita no Inferno? Não. Na época do AT havia sequer a ideia de inferno? Não. Então é do "inferno cristão" que o texto se refere? Uma leitura do texto como está no folheto prejudica demais o entendimento da passagem e compromete a resposta.

O termo usado no hebraico é "XEOL", também conhecido como "Seol" ou "sheol". Para os judeus, o Xeol era o lugar para onde todas as pessoas desceriam, não importando se tivessem sido boas ou más durante a vida. Era o local onde não havia mais nada. Era o local de sono, de repouso. Só. Várias passagens demonstram como o povo do AT entendia o termo. Colocam na boca de Jacó a expressão da descida para o Xeol: "Não, é em luto que descerei ao Xeol para junto do meu filho.". É algo certo. Não era algo que poderia escolher. Era algo tido como definitivo e imutável.

Então não é "inferno". É Xeol e este não é o inferno. É o mundo dos mortos de um povo há 2600/2700 anos separados de nós!

Próximo!

As demais passagens utilizadas falam da esperança escatológica, mas não mencionam o inferno, limitando-se a usar "fogo eterno" e "lago de fogo", mas não mencionam o inferno. Como já sabemos que Jesus utiliza uma imagem comum àquele povo para apresentar sua mensagem, não vejo por que abordar as demais passagens. São apenas mais repetições metafóricas.

Claramente o texto não se sustenta com as passagens apresentadas.

Agora o folheto.

É no mínimo desrespeitoso entregar a alguém um texto que diz: "Você estará gritando e implorando uma gota de água para refrescar sua língua ressecada! MAS SERÁ TARDE DEMAIS!".

E pior ainda!

Sem que saiba qualquer coisa a meu respeito, recebo o apelo: "Meu amigo, eu apelo a você, em nome de Jesus, que abandone sua vida pecaminosa e perversa e clame por uma vida nova em Jesus Cristo.".

Meus amigos não dizem que tenho uma vida pecaminosa e perversa. Não dizem por que não têm motivos. Liberdade eles têm. Como se pode esperar alguma simpatia de alguém a quem se diz que leva uma vida de pecado e de perversão?

Talvez o que mais falte aos cristãos seja o amor mesmo. Amor que consegue ser educado na entrega de um folheto. Amor que não julga as pessoas. Amor que trata as pessoas com carinho. Amor que não exige qualquer atitude das pessoas. Amor que é simples. Simples como um "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." (Mateus 11.28).

O des-amor atual é aquele que acusa. Que julga. Que castiga.

Quanto mais as pessoas tentam ser cristãos como aprenderam, mais distantes ficam de Jesus.

Não agem assim por que são maus. Agem assim por causa do amor. Mas este amor é convertido em des-amor. É por que amam o cristo e querem livrar as pessoas do inferno que acusam, julgam e castigam. Por isso não fico ofendido quando recebo um folheto deste. Fico triste de saber o quão distante ainda estamos.

Talvez um dia o terror do inferno não seja maior do que o terror de maltratar o outro e o des-amor não esteja mais encoberto nas densas trevas da leitura doutrinária, sendo possível ver e entender na palavra "Hades", o Hades, na palavra "Geena", a Geena e na palavra "Xeol", o Xeol.

Talvez um dia ter de impregnar alguém de terror não seja mais necessário. Afinal, é uma mensagem de amor ou de medo?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

138. Wordle

Entrei na onda do Wordle.

Eu gosto da nuvem de palavras por ser tão caótica que me impele a buscar um sentido. É esta mesma a tarefa que escolhi para minha vida. Buscar um sentido em meio ao caos de muitos textos, tradições, fragmentos e arrumar isto numa exegese que faça sentido e me satisfaça ao fazer.

Tem quem ache perda de tempo.

Tem quem ache legal.

Eu acho ótimo!

Clique na nuvem para ver melhor...

Wordle: 03

137. Dos folhetos evangélicos

E tudo começou sem qualquer intenção de se fazer algo sério.

Recebi um folheto, postei aqui no blog algumas considerações com relação ao que li naquele pedacinho de papel e conversei com minha amiga Iara. Pronto. Virou uma troca de e-mails e agora tenho quase a certeza de ter escolhido o tema de minha monografia.

Pretendo estudar a linguagem utilizada pelas diferentes denominações evangélicas e apresentar uma descrição da forma como as igrejas se enxergam, no que se baseiam, quais os textos utilizados no emprego de diversos termos e finalizar com uma análise da linguagem utilizada pelo meio evangélico e o discurso de guerra.

Seguindo tal planejamento agora sou um caçador de folhetos. Espero que me entreguem folhetos onde quer que eu vá. Infelizmente, muitas das pessoas imbuídas desta tarefa dita evangelística devem achar que já sou um caso salvo ou perdido completamente, pois entregam os papéis a 10 pessoas que vão à minha frente e quando estou próximo...viram para o lado!

Enfim, sou um caçador de folhetos agora e procuro em todo lugar. Passando pelas ruas do bairro do Estácio, vi um folheto no chão. Por mais cansado que estivesse, tive de parar e pegar o folheto do chão. Nele estava escrito:

"SEXTA-FEIRA DO MANTO SAGRADO"

07:00, 10:00, 15:00 e às 19:30

"Você que tem algum problema seja ele, na saúde, familiar, econômico, sentimental ou em qualquer área de sua vida. Venha nesta SEXTA-FEIRA para tocar no MANTO SAGRADO e verdadeiramente serás livres."

Por fim há o endereço da igreja. Não postarei aqui. Não preciso de problemas.

Manto sagrado? hum...interessante.

Não sei exatamente qual a passagem que utilizaram para validar a ideia de ter um manto sagrado numa igreja evangélica, afinal, não são os protestantes ainda mais iconoclastas que a Igreja Católica? Não são os evangélicos que afirmam não adorar qualquer pessoa ou artefato senão o próprio Cristo Deus?

O convite é para "tocar no manto". Bem, o caro leitor que é muito inteligente e sabe tudo de Bíblia lembrou que existe uma passagem com estas palavras. Qual é? Exatamente! Mateus 09.20! A mulher que sofria há 12 anos com o fluxo de sangue e que apenas toca na orla da roupa de Jesus e fica curada.

Fica muito mais fácil estudar o ritual agora que sabemos sua origem.

E uso a palavra ritual, por que de fato é um ritual e um ritual mágico e quase pagão.

O tal manto torna-se sagrado por alguma razão que não se sabe. Teria de estar presente numa das reuniões para saber se esta informação é compartilhada, mas não tive oportunidade para estar na tal igreja.

Tem-se um manto que é sagrado. Sua origem? Desconhecida. Sabe-se que é sagrado. Isso basta. Por ser sagrado tem poderes mágicos. Poderes que resolverão tudo na vida. Meus problemas estarão resolvidos se eu tocar no manto.

Mas que manto é este? É o sagrado ora bolas! E pare com esta argumentação sem sentido!

Mas de onde vem este manto?

Você não sabe? A mulher estava doente por 12 anos com um fluxo de sangue que não a deixava e ela tentou se aproximar de Jesus e...

Simples não é? Com uma narrativa fantástica (por ser fantasiosa) Não se responde uma questão essencial, mas se mantêm um ritual mágico.

Para que ninguém fique chateado pelo fato de chamar de ritual mágico a este ritual, esclareço que o manto é apresentado para aqueles que têm problemas de qualquer origem e há uma promessa de liberdade ao tocar o manto. Este é o ponto principal da reunião.

Ao contrário do que acontece na passagem bíblica, o manto não é apenas um detalhe. O manto desbanca a figura de Jesus. Escrevo aqui o texto para a questão ficar clara:


20

E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla de sua roupa;

21

Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua roupa, ficarei sã.

22

E Jesus, voltando-se, e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E imediatamente a mulher ficou sã.


Pronto. Qual o papel que o manto de Jesus tem na paráfrase? É a roupa que ele usa a fonte da cura daquela mulher ou é a fé de que Jesus pode curá-la? A roupa é vista como extensão de Jesus, mas não como um artefato de poder para fora de Jesus. Sem Jesus, é só manto. Com Jesus é ele, é extensão dele.

Mas onde está Jesus agora? Não se pode mais tocar nele. Não se pode mais sentir sua carne aqui. Então é mais fácil usar um pedaço de roupa e atribuir a este pedaço alguns poderes mágicos. Se para isso for necessário usar o Jesus e a passagem bíblica, então que se use mesmo. O que importa não é o texto, mas sim que a igreja atual aja conforme o povo que esteve com Jesus.

OPA!!!

Então o texto não é importante. Não é por que uma simples análise do texto garante que ele não serve como base para sustentar a prática corrente. O texto é usado e lido como se quer para garantir que o processo de identificação com o povo antigo, visto como referencial para os cristãos atuais, permaneça.

As pessoas precisam se identificar com algo. E no caso dos cristãos, é necessário se identificar com o Israel de Deus justamente para ser o Israel de Deus, logo, o que está em jogo não é se o manto tem poderes ou se é um acessório sem importância no texto bíblico ou ainda se é feita uma exegese correta do texto. O que está em jogo é a própria identidade de um povo, no caso, de uma igreja.

Se é necessário que haja um discurso que não se preocupa com o texto bíblico, que faz promessas infundadas, que adota práticas ditas pagãs, que usa uma inversão de foco para garantir a identidade de um grupo, então pergunto: Que tipo de identidade é essa?

Esse é um problema para a própria igreja, mas que não se resolve com um toque no manto.

terça-feira, 20 de abril de 2010

136. Televisão

“Eu vi muita televisão quando criança, o jeito foi fazer televisão para depois dizer que foi tudo pesquisa” (Mat Groening – Criador de “The Simpsons”).

Zapping, audiência, concorrência, comercialização, sedução, criatividade, curiosidade, slogans, programação, mídia, chamada, promoções, intervalo, fascínio, propaganda, novela, anúncio, mídia televisivo, baixaria, teaser, neste, quadro, grade, peoplemettres, ibope e ibope, publicidade, canais, mercado, espectador, sonho, consumo, identificação, informação, interatividade, notícia, produção, redação, locução, edição, computação gráfica, gerente, direção, Deus, zapping.

O texto acima parece desalinhado, mas para os profissionais de Comunicação e os estudantes da área, os termos empregados formam uma melodia clara, da qual a maioria dos telespectadores comuns não reconhece os acordes. Uma melodia da televisão.

Televisão? Este é um blog sobre Teologia! Não. Não é um blog sobre Teologia. É um blog. Neste blog escrevo principalmente acerca da Teologia, mas este blog é sobre a verdade que eu vejo. Verdade que pode estar errada, pois ainda está em construção e o processo é demorado, mas a apresento como enxergo. Agora enxergo TV. Falarei da TV.

O objetivo de um curso de Comunicação Social é mudar o olhar dos alunos quanto aos meios de comunicação, tal mudança, no entanto não consiste em positiva ou negativa, provocando aceitação ou negação da TV, rádio, jornal, internet ou outros tantos, mas sim despertar uma visão crítica do que é veiculado, ensinando a perceber sutis mensagens subliminares que permeiam as informações transmitidas e atingem os indivíduos, no caso deste texto, especificamente os telespectadores.

É notória a necessidade dos seres humanos de receberem informações, de conhecerem o novo e a disposição dos mesmos ao recepcionarem aqueles que trazem tais informações. O próprio Mercúrio era recebido com festas e folgas. O papel que a TV ocupa é parecido com o da figura mitológica do semideus; estando presente em quase todos os locais do mundo, a TV torna-se o maior veículo de comunicação existente, passando à frente do rádio, substituído pela imagem, e da Internet não disponível para todos, principalmente por questões financeiras.

É de conhecimento comum no meio evangélico que o pastor evangélico Billy Graham já foi visto na TV por mais de um bilhão de espectadores, marca que expressa a facilidade na transmissão de informações da TV.

Tal abrangência e rapidez fizeram a TV adotar o conceito de que a informação é preciosa e pode se utilizada como moeda, assim como nos tempos antigos. Se a informação é preciosa e riqueza é igual a força ou poder, a TV se tona o mais poderoso veículo de comunicação do mundo e quem a controla detém o poder mundial. Esta não é uma tese nova. Já foi abordada diversas vezes em filmes blockbuster, como “O Amanhã nunca morre” em que o 007 tem de enfrentar justamente um magnata da mídia.

Num mundo assolado por males como a fome, a violência e o desemprego, a TV vem suprir necessidades básicas utilizando como alucinador um mundo novo de informações. A questão é: a TV, e agora me refiro aos responsáveis pela mesma, estaria à altura de tal responsabilidade?

Partindo desta questão, a TV passa de aparelho no meio de tantas salas espalhadas pelo mundo, para objeto de estudo. Estudo que para iniciá-lo deve-se compreender o que a TV representa na vida, não de cada pessoa, pois seria impossível, mas sim na vida de um todo.

Pergunta-se qual o papel da TV na vida. A maioria dos responsáveis diria que nenhum. Alguns diriam ter alguma influência e poucos assumiriam o papel real. Qual papel seria esse?

A resposta é simples e impressionante, como a TV gira em torno de audiência e comercialização, a troca da concessão federal por entretenimento e informação sofre alterações pelo desejo do mercado, o que é veiculado fica restrito ao fato de dar audiência, e esta só é conseguida se o telespectador identificar-se com o programa, ou seja, estabelecer uma relação de proximidade. Com esta identificação o papel da TV varia de pessoa para pessoa, mas todas se sentem próximas, como se pudessem confiar, e realmente confiam no pequeno aparelho que lhes acorda pela manhã e lhes embala o sono à noite.

Investida da autoridade que as igrejas, os partidos e as escolas perderam, a televisão faz soar a voz de uma verdade que todo mundo pode compreender rapidamente.

Com um discurso rápido e tendo como ponto forte a imagem que passa a ideia de que se vê o que realmente é da forma que está ou que esteve acontecendo, a TV torna-se amiga de todos. Com as variedades de seus programas, torna-se interativa e tem-se uma piada quando se quer rir, uma canção quando se quer cantar ou uma informação quando se quer saber, mesmo que não se queira saber tudo, mas só um pouco.

Esta relação de intimidade do público com a TV possui uma falha, sendo um compromisso baseado no segredar, o telespectador não informando o que assiste na TV e a TV não revelando o que o telespectador faz enquanto a assiste, ambos confiam um no outro, mas a TV não cumpre tal acordo se os segredos do seu público puderem gerar audiência.

A condição de “ter audiência” isenta a TV da culpa, se é que a tem, de revelar os segredos que quem lhe pediu sigilo, o interessante é que nenhum telespectador pede por tal sigilo (é algo que soa natural), e poucos se sentem ofendidos por serem vistos na TV, mesmo que seja para escárnio, tem-se como exemplo as comuns pegadinhas nos programas atuais.

O ponto a ser abordado com cuidado é quem está por trás da TV em quem se confia? Quais os interesses daqueles que dominam o veículo que nos fascina e sabe os nossos segredos?

Os EUA, detentores da maioria dos satélites em órbita, comandando as ondas e possuindo o monopólio da informação, demonstram força através do controle das informações que o restante do mundo deseja, e poderiam ser considerados como os detentores do poder, mas analisando a variedade dos canais, a TV americana disputa entre si a audiência de forma muito mais arisca que os demais países, enquanto no Brasil uma emissora detém mais da metade da audiência do país.

Não sendo uma questão tecnológica, pois os investimentos das emissoras são compatíveis podemos afirmar que foi ensinada uma forma de ver TV e um estilo como o certo.

A TV que faz circular tudo o que pode ser convertido em assunto e despreza tudo aquilo que não interessa ao público, criou um quadro de programação intrínseco na história de cada um. Exemplo disso é que a maioria da população sabe exatamente os horários das novelas, ou dos jornais ou ainda o significado do “PLIM-PLIM”.

Implantada tal ideia em cada indivíduo, tem-se um telespectador fiel. O passo seguinte é criar novos hábitos e necessidades a ponto de se tornarem essenciais. Os programas passam a ser produtos e a TV se torna um sonho que fala de consumo.

Sempre de forma discreta, os telespectadores passam a ser conhecidos pelo poder de compra que possuem. Eis então revelados os interesses daqueles que estão por detrás da televisão, mudar cada indivíduo para que as necessidades dos patrocinadores e anunciantes sejam saciadas.

A TV no desejo de comercializar é capaz de criar, renovar, transformar, mudar e alterar o curso natural de tudo que pode ser transformado em notícia. Curso natural? Parece até uma falsa ideia. Mas existe algo mais natural do que alguém dizer o que viu? Infelizmente os donos do poder influenciam criando falsos axiomas.

Se os problemas são resolvidos em casa, como diz o ditado, lá existe um aparelho de TV mudando conceitos. Se forem resolvidos no trabalho, lá se comenta o que foi visto nos telejornais e isto quando não se têm aparelhos de TV nos locais de trabalho, algo muito comum hoje em dia, e assim por diante em todas as áreas do cotidiano.

Para obterem sucesso, os donos do poder formam exércitos de profissionais altamente qualificados que tem por obrigação conhecer o íntimo de cada telespectador em cada situação para agirem da forma certa, no momento certo em que o indivíduo cai na falácia que lhe é apresentada.

A TV, no entanto na luta para tentar mostrar a maior variedade de produtos e informações a serem consumidos, enfrenta um obstáculo, o efeito zapping.

Tendo por característica a rapidez, a TV criou um desejo no público pela velocidade e agilidade no trato com as informações, tal rapidez foi adquirida pelos telespectadores com a invenção do controle remoto, objeto pequeno e de simples manuseio, o controle, como diz o próprio nome, além de trazer praticidade, pôs “o controle” da programação nas mãos do telespectador. Num instante menor que o segundo, o possuidor do controle vê o que diversas emissoras estão transmitindo, e em um curtíssimo espaço de tempo, está a par de uma quantidade de informações muito grande.

Mas utilizando-se desta velocidade, que é reflexo da TV, o telespectador corta, tomando o papel de editor de imagens e sons, o que já apresenta uma versão resumida dos fatos, absorvendo menos do que o que foi considerado essencial para ir ao ar. Desta forma, não se sabe nada e acha-se que se entende tudo. Talvez se saiba o que aconteceu e não o porquê. Talvez nem sequer o que aconteceu de fato.

Da mesma forma vêem-se rapidamente produtos brilhantes e coloridos que vão e vem sem chamar atenção. A TV luta contra o que implantou para poder comercializar os produtos que a mantém. Esta é uma questão interessante. A TV luta contra aquilo que criou. Uma geração de mini donos da grade de programação. Quem pensa que a luta das emissoras é contra as concorrentes está muito enganado. A luta é contra o telespectador, eterno insatisfeito que não se mantém mais fiel a qualquer emissora.

Outro ponto importante é que num momento que dura de um frame a um segundo não há tempo para analisar a informação, e quem pode afirmar que o que foi visto é verdade, ou simplesmente o que querem que seja visto?

Nunca saberemos ao certo se o que estamos vendo no filme é exatamente o que ficou registrado.

As informações são aceitas como verdades. Não há análise e abrem-se possibilidades para entendimentos equivocados e opiniões tendenciosas. As tragédias humanas viram comerciais, mas se as vítimas pudessem falar o que diriam? Não se sabe, mudou-se de canal.

Tudo na TV tem um propósito. Nada acontece por acaso, seja uma imagem ou um som, sempre há uma razão que explica a ação. Para entender, deve-se ver, perceber, observar, notar e questionar. Recomendo o excelente Observatório da Imprensa. Mas a ele cabe a mesma cautela. É mídia. Cuidado!

A TV pode ser utilizada de muitas formas importantes na vida global proporcionando à humanidade usufruir muito mais do que momentos de lazer, descontração e informação. A TV pode ser uma ferramenta utilizada para educar e ajudar, revelando a verdade e não só a aparente verdade.

O criador do desenho animado “The Simpsons”, simplesmente viu televisão durante toda a sua vida, e resolveu transmitir tudo o que aprendeu em forma de desenho, hoje, cada episódio vale US$1,6 milhão.

A TV como concessão que é, pertence a quem detém as ondas de transmissão, mas quem está por trás na aceitação ou recusa é o telespectador como você ou/e eu.

Qual o papel da TV na sua vida? O que você assiste? E principalmente, por quê?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

135.Rio...

Gravei este vídeo. Rua Conde de Bonfim, na Praça Saens Penã por volta da 00:00 de Segunda Feira.

134. E chove...

Saí de casa às 05:30 de segunda feira para ir à FABAT. Cheguei lá exatemente às 20:29. Normalmente o percurso consome 1h30min...

Muito mais, não é mesmo?

Não.

Saí da FABAT às 21:40...não havia transporte, chovia demais, centenas de pessoas na Praça Saesn Penã no bairro da Tijuca. De fato, nunca vi aquela praça com os pontos tão cheios. Centenas de pessoas espremidas em pontos de ônibus e marquises.

Esperei que algum ônibus ou van aparecessem, mas nada. Os poucos ônibus que conseguiram chegar não me serviam. As vans, pouquíssimas, saíram lotadas, com pessoas de braços e costas a sair pelas janelas.

Fiquei no ponto. Vi a Rua Conde de Bonfim se tornar um rio. Vi sacos de lixo passando pela rua, blocos de concreto serem arrastados, esqueletos de armários descendo a rua e indo em direção aos bairros mais baixos, como o Estácio. Soube de um senhor, que por lá estivera, que muitos carros enguiçaram e os ônibus não tinham manobrar, ou seja, nada de esperança.

22:00, 23:00, 00:00, 01:00, 02:00...encharcado, com frio (por que os pontos de ônibus da cidade foram projetados da forma que são? Não conseguem proteger as pessoas da chuva!) e a lutar contra as baratas. (????) Com os bueiros a transbordar, as baratas não ficariam lá então era um festival de tapas e de pessoas se coçando, mulheres gritando de nojo e susto (sem qualquer conotação machista. Se um homem tivesse gritado, eu colocaria "pessoas gritando") com baratas subindo pelas pernas, entrando em roupas, cabelo...

Enfim, vencido pela fome que me atormentava o corpo sinalizou. Dor de cabeça. Já eram várias horas sem beber ou comer nada. Saí do ponto e andei pelas ruas da Tijuca com água no joelho e em alguns locais na cintura! Encontrei uma padaria ainda aberta e tentar limpar o estrago da chuva. Pude comer algo do dia anterior que estava frio e sem gosto. Parei em outro ponto de ônibus. Conversei com algumas pessoas que estavam na mesma situação. Algumas foram até a padaria que indiquei para terem um banquete como o meu, outras simplesmente foram embora para o trabalho, já que não havia mais tempo de voltar para casa.

Um senhor me disse que viera andando da Central. Uma mulher veio andando da Lapa. E muitas outras histórias foram se somando até que a risada sobrou. Disso eu gosto no perfil brasileiro. Sempre sorrimos. Sempre gargalhamos de nós mesmos. Embora isso seja terrível por que com o riso nos acomodamos, ainda assim diminuimos a dor do momento.

Algumas dores, no entanto, não passam tão facilmente. Vi agora há pouco que no Bairro de Santa Teresa alguns bombeiros localizaram uma criança soterrada. Falaram com ela. Chegaram a tocar a mão da criança, mas outro implacável deslizamento ocorreu e a criança faleceu. Seus poucos 08 anos de idade conferem uma tristeza que abala a qualquer um. FORÇA! Aos bombeiros que lutam nas frentes, a todos os envolvidos com as ajudas e a todos nós que vemos uma cidade considerada quase referência de um país no mundo ser castigada por uma chuva que já dura 48 horas.

Ouvi alguns dizerem que "com a natureza não se brinca". Não vamos fechar os olhos para a realidade do que está acontecendo agora. A chuva era inesperada? Sim. Mas lembro que Cuba enfrentou um furacão sem que uma pessoa morresse. É preciso estar preparado. Educação par a população que joga lixo nas ruas e atrapalha o escoamento da água e investimento do Governo para garantir a segurança da população.

São 113 mortos até agora. Mais de 60 desaparecidos. Uma multidão de pessoas desabrigadas. Escolas e universidades paradas. Bairros sem energia. Bairros isolados. Pessoas isoladas.

Tenho 4 opções para sair do bairro em que vivo para ir à faculdade. As 4 opções estão interditadas pela Defesa Civil. Ainda bem que as aulas foram canceladas. Não teria como chegar lá. O Rio de Janeiro está mergulhado no caos.

04:40 UMA VAN!!!!

Um motorista audacioso e uma cobrador disposto resolveram tentar e conseguiram atravessar o Alto da Boa Vista. Vieram e levaram a van superlotada. No caminho não havia energia no Alto. Várias árvores caídas fizeram com que mudássemos o caminho, saíssemos da van para que ela conseguisse subir na calçada e assim foi a viagem. Em determinado momento a van parou sem possibilidade de continuar. Uma árvore, caída em fios de alta tensão impedia a passagem totalmente. Teríamos de descer o Alto da Boa Vista no escuro, na chuva e a pé. Chega. Descemos da van. 7/8 caras. Tiramos os galhos e afastamos a árvore que permaneceu lá , mas agora com a possibilidade de passagem da van. Voltamos para a van e descemos o Alto. A chuva e o vento eram tão fortes que eu tremia quando voltei à van.

Cheguei em casa as 05:50.

08h e 10min depois de ter saído da FABAT.

Agora sim, muito mais.

sábado, 3 de abril de 2010

133. Ferir e magoar

Eu digo que sou herege.


Digo mesmo. É mais fácil para as pessoas olharem para mim como herege do que como um cristão às avessas. Calma! Não sou tão às avessas assim. Não fumo, não bebo, não jogo (jogos de azar), não tenho relacões extra conjugais, não uso drogas, leio a Bíblia, vou à igreja (mais ou menos como você pode estar pensando) e etc...todas aquelas regras de conduta e que caracterizam (mas não deveriam) um cristão como se conhece hoje são seguidas por mim. Mas sou às avessas. Sabe por que? Por que não fumo, não bebo, não jogo, não me drogo, não tenho relações extraconjugais, leio a Bíblia e vou à Igreja por que quero e não por que alguém me obriga.

A fé que tantos dizem ser a razão motivadora para estas atitudes não é a razão que me faz agir assim. Daí, surge uma questão que muito converso com uma amiga da faculdade: um cristão é um ser moral por ser cristão? Os ateus não são seres morais por que não têm fé em uma divindade? Conheço inúmeras pessoas maravilhosas que não professam a mesma fé que os cristãos e que até "dão de 10 a 0" nos cristãos.

Convenhamos que atualmente ser cristão não é sinônimo de ser uma pessoa íntegra. Estava em uma sala de espera de um consultório médico quando as pessoas começaram a falar mal de outras pessoas por quem foram enganadas, furtadas, prejudicadas. Com profunda vergonha ouvi um comentário no decorrer da conversa. Um senhor, ao se referir à pessoa que o ofendera, disse: "E é da Igreja!".

Caí. Fiquei no chão um tempo. Não com o corpo, é claro, mas com a mente e principalmente com meu orgulho de Cristão. Envergonhado, fiquei lá...MAS DECIDI NÃO FICAR PARADO!

Falei em alto e bom som: "Eu sou da Igreja! Essa pessoa aí não é! Ela diz ser!".

Em poucos segundos as pessoas resolveram sair para fumar ou comer e fiquei só. Conquanto tenha descoberto uma forma de nunca mais esperar em salas de espera, foi meio constrangedor. Sabia que as pessoas estavam saindo por minha causa. Mas na época isso não me abateu. Defendi a Igreja, defendi a fé! "Guerreiro do Senhor!". Ridículo.

O ponto que quero demonstrar é a sempre presente disposição dos cristãos para defenderem a fé ou a igreja. Somos constantemente convocados para a "Guerra Santa" que se trava contra todos que pensam diferente. Se alguém falar mal da igreja é melhor que esteja preparado, pois cristãos que se prezem andam com espadas na cintura e não têm medos de usá-las! E por "espada", não me refiro à Bíblia, embora esta também seja usada para ferir e magoar.

E justamente por falar em ferir e magoar que volto-me para o assunto chave desta postagem.

Nunca vi o filme ou o musical "Jesus SuperStar" de Tim Rice e Andrew Lloyd Weber. Não vi por que a imagem de um superstar não era das melhores e a imagem de Jesus era a melhor. Fazer uma comparação entre os dois já era uma falta de respeito. Não esqueçam que sempre fui fundamentalista...

Pois bem, vi duas cenas de uma adaptação portuguesa produzida por Felipe La Feria e Antonio Leal.

Uma pessoa muito querida me enviou um link para a canção "Gethsemane", traduzida como "Monte das Oliveiras", interpretada pelo cantor Gonçalo Salgueiro. Vi o vídeo. Imediatamente o fundamenlista que eu pensei ter morrido há anos retornou como uma erupção vulcânica. Não é exagero. A ira se acendeu sobremaneira e fui infeliz com a pessoa que me mandou o vídeo. Disse que havia ficado ofendido e passamos muito tempo conversando acerca do vídeo, das razões de minha ofensa e etc.

Agi mal. Muito mal. Fui um irracional e me assustei amargamente quando percebi que tudo aquilo contra o que lutei para vencer e apagar retornou tão facilmente. Tenho o receio de que volte e que eu retorne ao caminho de onde vim. Espero que esta experiência contribua para que eu tenhas forças para não retornar e poder continuar.

Para aqueles que nunca ouviram a música, posto aqui a letra e explico as razões de me sentir ofendido. É o personagem Jesus cantando:

Eu quero saber se te posso pedir
Afasta de mim o cálice
Eu não quero seu veneno
Que me queima

Eu mudei
Já não sei onde errei
Tinha tanta fé quando comecei
Estou tão triste, tão cansado do caminho já andado
Tanto sofrer

Que mais queres Pai? Que mais posso fazer?

Se eu morrer
Será que vai cumprir todo teu querer?

Deixa que me cuspam, batam, preguem na cruz

Quero saber, Senhor
Quero crer, Senhor

Mas se eu morrer
diz-me então
que minha morte não será em vão
Que não é inútil este amor, esta paixão

Eu quero crer, eu quero crer, Senhor
Não duvidar, não duvidar, Senhor
Eu quero crer, Eu quero crer, Senhor

Acreditar, acreditar, Senhor

Se eu morrer, o que irá acontecer?
Se eu morrer, o que irá acontecer?

Quero saber, quero saber, Senhor
A razão por que devo morrer

Diz-me então
que minha morte não será em vão
Que não é inútil este amor, esta paixão

Pai, quero saber por que tenho que morrer
não importa onde ou quando,
mas sim o porquê

Por ti eu morro, por ti eu morro
Mas quero acreditar
não duvidar, Senhor
Acreditar

Quando comecei tinha tanta fé
Estou tão triste, tão cansado
Do caminho já andado

Tenho medo, estou sozinho
Estou tão triste, tão cansado

Pai, o jogo é teu e eu sou apenas eu
Beberei o teu veneno
Prega-me na cruz, Senhor
Seja feita a tua vontade
se é este o teu amor
Se é este o teu amor


O musical é dos anos 70, então é lógico que seja contestador. Ainda mais por ser norte americano. Guerras no mundo todo incluindo a espacial e a armamentista, revoluções, recessão na economia, década da discoteca, estréia de alguns dos filmes mais famosos da história como "Tubarão", "O Poderoso Chefão", "Guerra nas Estrelas"... enfim, uma década que tem grande relevância na história mundial.

Agora vamos às razões da ofensa sentida.

1) "eu não quero seu veneno". Provavelmente se refere ao conteúdo do cálice, no entanto no final da música ele afirma que o cálice é dado por Deus e se refere ao veneno de Deus e não do cálice, "Beberei o teu veneno". Dizer que Deus dá veneno a uma pessoa é contrariar a ideia de que ele seja bom ou amor. (Lucas 18.19 e I João 4.8).

2) "eu mudei, já não sei onde errei, tinha tanta fé quando comecei". Afirmar que Jesus mudou é contrariar a passagem de Hebreus 13.8, de que "Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente". Dizer que Jesus errou é contrair a passagem de II Coríntios 05.21 em que "aquele que não conheceu o pecado, o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos filhos da justiça.". Se Jesus não tinha mais fé no decorrer de sua jornada, então suas palavras acerca da fé são no mínimo hipocrisia como em Mateus 17.20 quando considera a falta de fé dos discípulos a razão de não terem conseguido realizar a expulsão de um demônio. E o que fazer com a passagem de Romanos 1.17 em que a fé é a razão vida do justo?

3)"se eu morrer, será que vai cumprir todo o teu querer?". Mais uma vez Jesus está em dúvidas e agora coloca sua missão em dúvida. Se Jesus estava em dúvida de sua missão, então a passagem de Lucas 24.46 é o testemunho de sua conversão? "ahhhh agora que eu morri e ressucitei, então 'convinha que o Cristo padecesse...'".

4) "Quero crer". Se Jesus queria crer então por que diria para crer em Deus e crer nele também, se nem ele sabia se de fato acreditava? (João 14.01 é claro, "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim." e Mateus 14.31 então?)

5)"Se eu morrer o que irá acontecer?". Se Jesus não sabia então aplicou uma pegadinha no condenado da cruz ao lado, pois disse que no mesmo dia ele estaria com ele no paraíso (Lucas 23.43). Mas se Jesus se referia ao que aconteceria na terra após sua morte, então foi mentiroso ao declarar aos discípulos que deveriam ter bom ânimo em meio às aflições face ele (Jesus) ter vencido o mundo. (João 16.33).

6) "A razão por que devo morrer". Este Jesus não faz a menor ideia do que morreria pelos pecados da humanidade. E Mateus 26.49? Jesus diz claramente que os acontecimentos são a cumprimento das Escrituras! Ou ele sabia ou então leu as Escrituras de forma errada e se enganou feio...

7)"Pai, o jogo é teu". Ok. Essa é pesada. Então a vida humana é um jogo de Deus? Ele está em algum lugar jogando dados e rindo daqueles que morrem na cruz? Ou chorando? Dizendo algo como "Errei nessa! Na próxima eu acerto!". Será que a paixão de Cristo foi só um lance no jogo de Xadrez (ou foi Damas) divino? Bem...a julgar por Jó, sabemos que a divindade gosta de uma boa disputa! (Jó 01.11-12).

8) "Se este é o teu amor". Por fim Jesus declara não saber qual é o amor de Deus senão que ele (Jesus) beba o veneno divino e seja pregado na cruz. Onde está o "Aba" de Marcos 14.36? Aliás, esta passagem é justamente de Jesus no Getsêmani...e o "paizinho"? E o cuidado de pai para filho? Não. O cuidado sentindo pelo Jesus Superstar é veneno e pregos na mãos e pés!

Enfim, poderia levantar muitas razões mais para ficar ofendido. Poderia analisar a música linha por linha. Jesus é uma figura sagrada para um batista, assim como a Virgem Maria é para um católico. É preciso ter muito cuidado com símbolos sagrados. Ofender o outro é muito fácil, ainda mais quando se trata de religião. Ofender a fé de alguém é triste. Brincar com o sagrado do outro é brincar com o que de mais precioso há para o outro.

Mas esta música não brinca.

A música é séria. Faz duras críticas. Apresenta um Jesus só, perdido e em dúvida. Talvez por isso tenha me incomodado tanto. O símbolo mais forte do fraco cristianismo que ainda sobrevive em mim, retratado como um homem qualquer. Mas, Jesus não foi um homem? E se passou pelas mesmas dificuldades que os homens passam, então por que não sentiria a agonia que o ser humano sente?

Em meio à conversa que tive com a pessoa que me mandou o link, estando eu alterado, a pessoa disse exatamente as seguintes palavras: "Talvez o objetivo fosse esse. Colocar Jesus como homem para que percebêssemos a dimensao do que sofreu". Caí. E foi uma queda violenta.

Já li algumas propostas de leituras dos Evangelhos e uma das que mais gosto é aquela que lê Jesus como alguém que não veio morrer e que sua ressurreição é justamente a indignação de Deus contra o homem pecador. Deus não aceitaria a morte do homem Jesus e o ressucita para provar aos homens que sua vontade é completamente diferente do que imaginavam.

Estava tão enfurecido por ver passagens que conheço há anos serem desrespeitadas que não pude enxergar o que os autores da música foram capazes de fazer. Apresentar o lado mais humano de Jesus.

O Jesus que veio e sofreu é geralmente esquecido pelo Jesus glorificado e sumo-sacerdote apresentado em Hebreus.

Ouvi a música novamente. E novamente. E várias vezes desde então. Se entendermos Jesus como um homem e não como Deus, a música é perfeitamente aceitável. É linda. Comovente. Para piorar a minha situação, quem disse que Jesus era Deus? Jesus? Ele disse que ele e o Pai eram um (João 10.30). Só. Até chegar ao Concílio de Nicéia que formulará o conceito de Jesus como sendo da mesma essência de Deus vão-se quase 300 anos em que Jesus não é considerado Deus por todos as pessoas e nem por todos os cristãos.

Infelizmente isso não veio à minha mente no momento da conversa e por isso peço desculpas (já pedi, mas peço novamente) à pessoa com quem conversei. Sinto muito.

A música é linda. A interpretação é fantástica. Gonçalo Salgueiro é um cantor e ator fenomenal. Queria colocar o vídeo aqui, mas não consegui, pois o detentor do vídeo no youtube proibiu este tipo de postagem. Passo o link e peço a todos que se dêem este presente. Caso você não tenha clicado no link do começo da postagem, clique agora, veja o vídeo. Para ver o vídeo, clique aqui.

Como sei que existem muitas pessoas que não têm paciência para clicar em links e que o youtube pode ser bloqueado em alguns lugares, consegui o vídeo abaixo de uma apresentação de Salgueiro num programa televisivo português. Ele canta a mesma música.

A conclusão da música tanto é uma entrega total do Jesus à vontade divina quanto uma crítica mordaz ao Cristianismo. Então a vontade de um Deus de amor é matar o próprio filho? É fazê-lo sofrer? Intenso. Precisa de uma resposta dos cristãos. Eu não darei a minha. É preciso ter fé para responder esta e eu não vou dizer se ainda tenho alguma, mas a questão está aí.

"Quando comecei tinha tanta fé, estou tão triste, tão cansado do caminho já andado. Tenho medo, estou sozinho, estou tão triste, estou tão cansado", é comovente e é possível se identificar com este Jesus sofredor.

Vi e tenho visto estudantes de Teologia que começaram com tamanha fé a ponto de se julgarem inabaláveis, agora, depois de anos de estudo estão esgotados, cansados do longo caminho que percorreram e por que não parece haver uma saída ou solução, com medo por suas crenças serem abaladas diariamente, sozinhos, pois não há com quem contar quando se descobre que a verdade não está nas mãos e ninguém pode ajudar a procurar, tristes por que viveram uma vida inteira (e pode ser 1 ano ou 20 ou 100 anos) de um cenário pintado .

Eu sou um destes estudantes de Teologia, por isso me identifico com este Jesus sofredor.

Os autores da música conseguiram mostrar um Jesus humano acima de qualquer representação que eu já tenha visto. Sua dor e angústia podem não estar descristas da mesma forma que estão nos Evangelhos, mas é de admirar que se tenha conseguido tamanho grau de realidade. É possível perceber a aflição.

Quem dera que cristãos do mundo todo questionassem Deus desta forma como está no vídeo. Ouvi uma pregação há muitos anos em que uma pastor dizia da experiência de um homem. Este, teve sua oração mais sincera proferida no enterro de sua filha, morta ainda criança, quando ele olhou para o céu e disse "Eu te odeio.".

De que adianta não chorar para pensar que se está mantendo a fé? Por que não questionar a existência de Deus? Por que não gritar por uma resposta? Por que se calar diante da inefável presença divina e tolerar os desesperos da vida?

O Jesus da música chora. Questiona. Grita. Não se cala. Gostei deste homem Jesus sofredor, mas eu sou um cristão às avessas.

Espero que vocês também gostem.




Então é aqui?

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