“Eu, Menego, pensava que a morte me livrasse dos meus pavores, que não amolasse mais ninguém, mas fez justamente o contrário, levando-me um filho que era capaz de me livrar de qualquer problema e preocupação; depois me levou a mulher, quer era quem cuidava de mim, e os filhos e filhas que me restaram me consideram louco, dizem que eu fui a ruína deles, e essas é a verdade, se eu tivesse morrido há quinze anos, eles estariam livres de problemas com este podre desgraçado.”. (Domenico Scandella, em carta enviada ao Santo Ofício em 22 de Janeiro de 1597. apud GINZBURG, 2008, p.167).
No livro “O queijo e os vermes” Carlo Ginzburg conta a história de Menocchio, um moleiro que viveu no norte da Itália, nascido em 1532 e falecido aproximadamente em 1601. Este homem simples de uma classe não apreciada pela maioria teve uma vida fantástica. Não fez grandes viagens ou grandes expedições. Não foi responsável por grandes descobertas e nem salvou pessoas com algum talento excepcional. Menocchio viveu a maior parte de sua vida em uma vila chamada Montereale, pequenina aldeia nas colinas de Friuli. Trabalhou como carpinteiro, marceneiro, pedreiro e “outras coisas”. Ali, escondido entre as montanhas e os trabalhos este homem incomum se atreveu a pensar e a dizer o que pensava e por tal audácia ele foi executado.
Ginzburg descobriu as páginas que narram a história do processo de Menocchio por acaso. Procurava informações acerca de uma seita de curandeiros e bruxos na Itália e se deparou com detalhadas páginas acerca de um processo inquisitório. Sua curiosidade o deteve e algum tempo depois retornou àquelas páginas. Muita coisa foi mantida. Era algo com certeza incomum. Um processo tão extenso deveria ter sido por demais importantes. Ginzburg estava certo.
Menocchio sabia ler e escrever. Isto já o diferenciava da maior parte dos habitantes locais. E lendo e escrevendo, embora não se saiba o que ele escrevia, Menocchio incomodou. Ele leu alguns livros. Segundo Ginzburg apenas 11 obras podem ser afirmadas como de conhecimento de Menocchio, pois são citadas nos processos. Apenas 11 obras em uma vida. Tão distante da realidade universitária de nossos dias. Mas não era um estudioso. Era um moleiro numa região de analfabetos.
Não se pode separar a vida nesta época da religião. Conquanto o Renascimento já fosse realidade e já inflamasse as mentes, a religião estava no ar. E mais ainda devido aos acontecimentos da Reforma Protestante tão recente e da invenção da imprensa. Estas duas forças revolucionárias são descritas como decisivas para que possibilitassem ao incomum Menocchio sua raridade, de fato, afirma-se que a:
imprensa lhe permitiu confrontar os livros com a tradição oral em que havia crescido e lhe forneceu as palavras para organizar o amontoado de ideias e fantasias que nele conviviam. A Reforma lhe deu audácia para comunicar o que pensava ao padre do vilarejo, conterrâneos, inquisidores... (GINZBURG, 2008, p 25).
A religião estava em toda parte. A Igreja Católica se fortalecera sobremaneira na Idade Média, mas os ritos pagãos continuaram a ocorrer no campo. O mundo encantado na vida das pessoas comuns se manteve com algumas mudanças mais de incorporação do que de separação entre crenças. A Reforma Protestante e o movimento de Contra Reforma foram choques dramáticos na vida cotidiana. O conhecimento do divino centrado apenas em uma instituição foi radical e irreparavelmente questionado. Não se deveria admirar que a religião, os dogmas, os conceitos hoje apenas assunto de estudiosos e eclesiásticos fossem assunto comum nas diversas conversas entre moleiros, taverneiros, carpinteiros e demais pessoas de uma vila qualquer.
Ainda que o assunto fosse comum a todos e que o discutissem, sem aprofundamento acadêmico é claro, Menocchio foi além. Em suas leituras Menocchio arriscou um pensamento livre. Tais pensamentos livres destoavam do que na época a Santa Igreja afirmava e Menocchio foi acusado.
O delator, sem qualquer significado pejorativo, mas apenas de ser aquele que denuncia, foi o pároco de Montereale, dom Odorico Vorai. Este foi instigado pelo padre dom Ottavio Montereale. Tal inimizade do clero é entendida facilmente devido à aversão de Menocchio que não reconhecia a autoridade dos religiosos, chegando a dizer que:
padres e frades, querem saber mais do que Deus; são como o demônio, querem passar por deuses na terra, saber tanto quanto Deus da mesma maneira que o demônio. Quem pensa que sabe muito é quem nada sabe. (GINZBURG, 2008, p.41-42).
Além desta questão, Menocchio expressava opiniões que contrariavam algumas das doutrinas firmadas como verdades absolutas, muitas delas, antes do Concílio de Trento. Suas explicações são tão arrebatadoras que transcrevemos algumas aqui:
Da Sagrada Escritura
“Acho que a Sagrada Escritura tenha sido dada por Deus, mas, em seguida, foi adaptada pelos homens. Bastariam só quatro palavras para a Sagrada Escritura, mas é como os livros de batalha, que vão crescendo.”.
“A respeito das coisas dos Evangelhos, acho que parte delas é verdadeira e, noutra parte, os evangelistas puseram coisas da cabeça deles, como se pode ver nas passagens onde um conta de um modo e outro de outro.”.
Das imagens
“Quanto às relíquias dos santos são como qualquer braço, cabeça, mão ou perna, acha que são iguais aos nossos braços, cabeças, pernas e não devem ser adoradas ou reverenciadas [...] Não se devem adorar as imagem, e sim Deus, só Deus, que fez os céu e a terra; vocês não vêem”, exclamou Menocchio para os juízes, “que Abraão jogou todos os ídolos e imagens no chão, e adorou só a Deus?”.
Da confissão
“Ir se confessar com padres ou frades é a mesma coisa que falar com uma árvore.”.
“Se esta árvore conhecesse a penitência, daria no mesmo; alguns homens procuram os padres por que não sabem que penitências devem ser feitas para seus pecados, esperando que os padres as ensinem, mas, se eles soubessem, não teriam necessidade de procurá-los.”.
Do Batismo
“Acho que quando nascemos, já estamos batizados, porque Deus, que abençoa todas as coisas, já nos batizou. O batismo é uma invenção dos padres, que começam a nos comer a alma antes do nascimentos e vão continuar comendo-a até depois da morte.”.
Da lei e dos mandamentos da Igreja
“Acho que a lei e os mandamentos da Igreja são só mercadorias e que se deve viver acima disso.”.
Do amor a Deus e ao próximo
“Acho que amar o próximo é um preceito mais importante do que amar a Deus.”.
“[...] por que eu li na Historia Del Giudicio que, quando chegar o dia do Juízo, Dirá a um anjo: ‘Você é mau, nunca fez o bem para mim’; e o anjo responder: “Senhor, nunca o vi para fazer-lhe o bem”. “Eu tinha fome, e não me deu o que comer, eu tinha sede e não em deu o que beber, estava nu e não me vestiu, quando estava na prisão, não vinha me visitar. ’ “E por isso eu achava que Deus fosse o próximo, porque disse ‘Eu era aquele pobre’”.
Da superioridade da Fé Cristã
“Senhor, eu penso que cada um acha que a sua fé seja a melhor, mas não se sabe qual é a melhor; mas, por que meu avô, meu pai e os meus são cristão, eu quero continuar cristão e acreditar que essa seja a melhor fé.”.
Jesus Cristo
“Minha dúvida é que [Cristo] [...] não tivesse sido Deus, mas um profeta qualquer, um homem de bem que Deus mandou pregar neste mundo...”
“Eu acredito que seja homem como nós, nascido de um homem e de uma mulher como nós, e que não tinha nada além do que recebera do homem e da mulher, mas é bem verdade que Deus mandara o Espírito Santo escolhê-lo como seu filho.”.
Deus
“Acredito que tenha acontecido com Deus o mesmo que acontece às coisas deste mundo, que vão da imperfeição à perfeição, como uma criança, por exemplo, que, enquanto está no ventre da mãe, não compreende, nem vive, mas logo que sai começa a viver e, à medida que cresce, começa a entender; assim Deus, que era imperfeito enquanto estava no caos, não compreendia nem vivia, mas depois, se expandindo nesse caos, começou a viver e a compreender.”.
Menocchio acreditava, pensava, achava e tinha dúvidas. É possível perceber que a mente do intrépido moleiro não tinha descanso. Aguçado pelas leituras que fazia Menocchio falava com seus conterrâneos. Um moleiro era uma figura depreciada pela sociedade da época como se pode perceber no canto popular toscano:
pela barba um moleiro segurava
e tinha um alemão por sob os pés
e um taverneiro e um magarfe presos:
lhe perguntei qual era o mais malvado
e ele me disse: “Atenta que te mostro.
Vê bem quem é que com as mãos rapina:
o moleiro que mói a alva farinha.
Vê bem quem é que com as mãos agarra:
o moleiro que mis a farinha alva.
Da quarta parte salta a alqueire inteiro:
o mais ladrão de todos é o moleiro.
Um moleiro que falava demais não devia ter mais consideração. Mesmo assim por várias vezes as testemunhas afirmam que Menocchio conversava com todos e que parecia amigo de todos, de fato, chegou a ocupar alguns cargos na aldeia, dos quais se destaca ter sido novamente cameraro (administrador) da igreja de Santa Maria de Montereale após o fim do primeiro processo.
Ginzburg conta a história de forma simples. É uma progressão sem muitas surpresas para os que sabem como a Inquisição agia. No entanto o que faltava de extraordinário nos trâmites inquisitórios sobejava na eloqüência e atrevimento de Menocchio. Suas respostas assombravam e se os responsáveis pelo processo não fossem sagazes de certo seriam tragados por suas palavras.
É uma história triste. Perturbadora. Não se pode evitar a simpatia pelo moleiro falastrão. Ainda mais devido à sede de saber e de compartilhar conhecimentos e dúvidas demonstradas por Menocchio ser uma característica da época atual. Os inúmeros sítios virtuais conhecidos como blogs são um exemplo. Milhões de pessoas desejando ser ouvidas. Renegando o silêncio. Expondo e, se expondo, ao mundo o que não pode mais ser contido.
Menocchio não podia ser abafado em sua aldeia. Sua mente fitava os Andes e ele falava. Tão incomodado por sua vontade voraz de expor ao mundo suas ideias não se reprimiu e desejou mais. Quis falar aos príncipes e ao papa e quando finalmente teve ouvintes capazes de debater se expôs ingenuamente apesar dos amigos terem pedido para que falasse pouco. Como? Como se calar diante de tal oportunidade? Quando um homem comum seria novamente ouvido pelos guardiões da doutrina? Calar não era uma opção e, assim como criança, Menocchio não soube calar-se.
Escreveu uma carta aos inquisidores antes da sentença. Belíssima carta. Obra de um espírito livre. Uma carta precisamente elaborada. Uma carta para ser solto, mas sem negar suas ações, convicções e dúvidas. Uma carta quase jocosa que ele teve a coragem de encerrar com um pedido de desculpas nada sincero. Escreveu “... não levem em conta minha falsidade e ignorância.”. Talvez tenha se rido ao engendrar essa frase, surpreendido pelo próprio pensamento, mas é só conjectura.
Foi condenado. Torturado. Preso.
Uma segunda carta, agora com o apoio de um advogado e do filho a quem se refere no parágrafo que abre este texto, Ziannuto, conseguiu mudar a sentença. Liberto, Menocchio foi obrigado a usar um hábito penitencial que o estigmatizava, prejudicando o sustento da família. O árduo tempo que ficou na “prisão escura” parecia ter mudado o espírito do moleiro. Permaneceu calado e cumpridor dos ditames da Santa Igreja. Anos se passaram até que novamente a alma inquieta o movesse. Quando novas denúncias foram feitas o incauto habitante de Montereale foi chamado para o que seria o início de um novo processo inquisitório.
Neste momento é possível perceber as terríveis conseqüências que o primeiro processo deixara. Menocchio estava diferente. Não era mais loquaz. Não pretendia ser destemido. Diante das hábeis perguntas do inquisidor manteve uma postura evasiva. Suas respostas foram curtas. É difícil acreditar que fosse o homem que há 15 anos trouxera rebuliço ao Santo Ofício.
Menocchio se limitava a dizer que tivera fantasias, fizera brincadeiras apenas e desmentia-se. Dizia que “os padres e frades, que estudaram, fizeram o Evangelho através da boca do Espírito Santo.” (GINZBURG, 2008, p. 161-162). Em alguns momentos Menocchio chegava a afirmar que não sabia o que dizer, de fato, disse: “Eu não sei o que eu disse; eu sou ignorante.”. Quanta diferença daquele outro homem!
Por fim, quando já não encontrava mais possibilidade de qualquer acordo apelou para a lenda dos três anéis claramente invocando a tolerância. Menocchio explicou a lenda da seguinte forma:
Um grande senhor declarou seu herdeiro aquele que tivesse um certo anel precioso; aproximando-se da morte, mandou fazer outros dois anéis parecidos com o primeiro e, como tinha três filhos, deu a cada um deles um anel. Cada um deles julgava ser o herdeiro e ter o verdadeiro anel, mas dada a semelhança, não se podia saber ao certo. Do mesmo modo, Deus possui vários filhos que ama, isto é, os cristãos, os turcos e os judeus, e a todos deu a vontade de viver dentro da própria lei e não se sabe qual seja a melhor. Mas eu disse que, tendo nascido cristão, quero continuar cristão e, se tivesse nascido turco, ia querer viver como turco. (GINZBURG, 2008, p.92).
É impressionante como mesmo sob tantos riscos a centelha ainda ardia dentro de Menocchio. O desejo de falar e de ser ouvido permanecia. Encoberto por aflições passadas e memórias dolorosas estava o moleiro que desejava ser ouvido.
Foi um dos últimos gritos de Menocchio. Aí veio a segunda carta. Segunda por que esta, assim como a primeira, não teve auxílio de um advogado ou do filho, já falecido. É uma carta de um espírito atormentado.
Parte desta carta abre este texto.
É possível sentir a dor que afligia Menocchio. De todas as amarguras sentidas a solidão parece ser a que mais lhe pesava. O isolamento sempre foi um fardo. Não podia conversar com os conterrâneos analfabetos que o consideravam alguém de espírito ruim. Tentava e atraía maus olhares. Estava só em meio à multidão. Não havia lugar para Menocchio.
Entre as seitas da época não havia lugar para o moleiro. Ginzburg deixa clara a incompatibilidade das ideias de Menocchio com as correntes religiosas da época.
Entre as tradições orais comuns no ambiente camponês europeu não havia lugar para o moleiro.
Considerado louco, possesso, falastrão, ateu ou apenas um homem de comum ao qual não se poderia atribuir qualquer entendimento, o moleiro de Montereale estava condenado à solidão.
A segunda carta é um pedido de misericórdia em que Menocchio pede para ser livre de suas atribulações.
Foi condenado. Torturado. Preso. Executado.
Uma história triste. Dentre todas as acusações feitas a Menocchio a fundamental não está presente. Ele era um pensador.
A sede de saber deste moleiro impressiona. Vê-lo definhar nas páginas da obra de Ginzburg é agonizar com ele como se nossa voz também fosse brutalmente emudecida. Os quase 500 anos que nos separam de Menocchio são esquecidos quando sofremos com ele a dor de não se compreendido e de ser acusado. Quando tentamos de forma pueril defendê-lo o tempo nos lança contra a realidade de que o moleiro está perdido.
Em muitos momentos vibramos com as descobertas do moleiro. Com a maneira sagaz de sua mente ler um texto e interpretá-lo de forma única. É certo que a tradição lhe diz como ler e entender, mas é ainda mais visível como ele percebe e a transforma de acordo com sua vontade. Ele cunha uma chave de leitura magnífica que usará por toda a vida.
Pobre Menocchio. Não sabia que não há espaço no mundo para espíritos livres. Estes morrem. Devem morrer. Ousar pensar e dizer de forma diferente da maioria é um caminho infausto. Muitos outros foram como ele e alguns até seus contemporâneos. Infelizmente são tantos e tão dramaticamente silenciados que não temos muitos conhecimentos de seus pensamentos e ditos senão pouquíssimas frases. Mas Menocchio permaneceu, ainda que hoje o conheçamos em sua hora derradeira e por intermédio de seus algozes.
Este texto começou com as palavras de Menocchio. É apropriado que o moleiro tenha a última palavra.
Ó Senhor Jesus Cristo, misericórdia, Jesus, misericórdia, eu não me lembro de ter discutido com ninguém, eu poderia até morrer por ter seguidores ou companheiros, mas eu li por conta própria, ó Jesus, misericórdia. (GINZBURG, 2008, p. 170).
Prepare a Igreja para chegada do Anjo da Morte o fogo consumidor.
ResponderExcluirAh...ok?
ResponderExcluirQuando ele estiver próximo, alguém me avisa?
Não foi uma tentativa de ser engraçado. É que não sei o que escrever quando alguém faz um comentário deste.
Escrevo uma postagem razoavelmente boa. Ou pelo menos acerca de um tema no mínimo interessante e alguém me fala para preparar a igreja para a chegada do Anjo da Morte...
(Cara surpresa e meio desapontada).
Posso não ter entendido. Talvez haja outro significado que tenha coerência com a postagem, mas tenho de ter em mente que provavelmente a pessoa nem se deu ao trabalho de ler o que escrevi, então, seja como for, obrigado pelo comentário.
Não se pode encobrir aquilo que é fato: a Inquisição ou outros processos semelhantes de eliminação daquilo (ou daquele) que é diferente são fatos reais que aconteceram na humanidade.
ResponderExcluirOps, eu disse aconteceram? Errei o tempo verbal: acontecem. Muitas vezes não pela eliminação, mas pela segregação que pode acabar levando à primeira.
Processos assim, com maior ou menor apoio do Estado (ou até realizados por estes) com certeza são páginas absurdas da humanidade. E aqui, falo de todas: a "Inquisição Católica", a "Inquisição Protestante" e outras que foram acontecendo sem o nome de inquisição...
Não posso aqui, como Católico, simplesmente dizer que os processos de inquisição católicos foram tão só e somente levados a cabo pelos interesses dos Estados e que a Igreja simplesmente cedeu. Isto foi verdade em inúmeros processos, mas os homens (parte falível da Igreja) tiveram sim também sua culpa, fato inclusive assumido pelo Papa João Paulo II em 2000, reconhecendo vários erros históricos da instituição Igreja Católica e pedindo desculpas. Não que estas resolvam tudo que ocorreu (longe disso), mas não deixou de ser uma posição histórica.
Não concordo com o teor das posições citadas no texto e atribuídas a Menocchio e não hesito em afirmar que são heresias segundo minha visão de Católico, assim como as posições sobre reencarnação e tantas outras atualmente tão presentes.
Mas, por outro lado, não se pode resolver estas questões com a morte, com a violência. Quanto a isto, não dá para concordar.
Enfim, hoje já podemos falar de Diálogo Inter-Religioso e de Ecumenismo como duas realidades em processo - não ainda perfeitas, mas...
Bom, por fim, acredito que na medida em que não aceitarmos simplesmente o que nos passam como verdades prontas, mas nos interessarmos em buscar mais conhecimento para podermos fazer uma análise crítica do conjunto, poderemos caminhar para a possibilidade de diálogo. Penso que violência é a arma daqueles que podem até estar defendendo o lado verdadeiro mas, no mínimo (presumindo a honestidade), não sabem porque defendem aquilo.
Muitíssimos dizem ter uma fé ou que gostariam de ter uma, mas quantos realmente se interessam por estudar, buscar as raízes (não só nas leituras sagradas de cada religião, mas também na antropologia, na psicologia, na teologia, na história...)? A superficialidade infelizmente marca fortemente (ufa!, mas não totalmente...) a humanidade.
Idéias se destróem ou se reconstróem ou se aperfeiçoam ou se confirmam através de diálogos (dialética) e não através da força física.