quarta-feira, 28 de abril de 2010

141. Da identificação.

Escrevi há poucos dias que a principal razão para uma leitura do Antigo Testamento como revelação anterior ao e do Novo Testamento ou ainda como promessa do que seria cumprido no Novo Testamento era a necessidade de identificação com o povo de Deus.

Pois bem, estando um pequeno grupo reunido aqui em casa eu obtive mais uma prova de que é não estou errado.

A certa altura da conversa, uma pessoa me pergunta quais as matérias que mais gosto no Seminário. "Exegese do Antigo Testamento" foi uma parte da resposta ao que ouvi a pessoa dizer:

"Eu adoro o Antigo Testamento.".

Como todo seminarista é a "imagem do cão" (rsrsrsrsrs) não poderia deixar uma frase desta passar e fiz a pergunta capciosa do dia.

"Gosta do Antigo Testamento? Se sente em casa lá?"

A resposta não foi surpresa. De fato, poderia ter escrito a resposta antes da pessoa a ter pronunciado.

"Sinto. Eu vejo Deus mais presente lá. Eu sinto como se fosse parte daquele povo. É Deus falando para mim".

rsrsrsrsrsrsrsrsrs

OK...OK... sei que a pergunta tendenciou a resposta, mas foi hilário, não?

Olha a tal da identificação presente. Antigamente o Deus do povo de Israel falava diretamente com o povo e fazia sinais e prodígios, mas hoje está tímido e os sinais estão escondidos. É ocultação de milagre e não mais milagre, de tal forma que o povo anda tão carente de sentir o "poder de Deus" que tudo é místico novamente.

Os rituais de igrejas evangélicas são direcionados para o místico, para o mistério, para o que é acima de tudo, incompreensível. Líderes religiosos fazem uma mistura de versículos bíblicos utilizando a Bíblia como fonte para suas elucubrações doentias e nisso o povo que não lê e não questiona vai andando em cima do sal, passando pelos portões, batendo cabeça com o sacerdote, derramando azeite, derramando sangue falso ou simplesmente vendo a figura do espiritual em tudo, por que quanto mais parecido com o Antigo Testamento, mais identificados com o povo de Israel e com o Deus que não se escondia, mas que agia e falava diretamente com o povo, ainda que com o povo mesmo ele não falasse, mas sim com alguns poucos escolhidos.


Lembro de 2002 (não sei como...) e de uma charge do talentoso Maurício Ricardo. Algo que sempre gostei no site dele é que jamais ofendeu uma religião. Jamais. Brinca e brinca muito, mas mantém suas brincadeiras com total respeito pelas crenças de todos. É um boa política.

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