Eu escrevi que a briga entre Rede Globo e a Rede Record estava interessante.
Perdi o entusiasmo e direi por que, mas antes esclareço que continuarei acompanhando as acusações, pois é interessante como cada uma das envolvidas desenterra segredos da emissora contrária, mas o ânimo em ver quem ganhará a falsa batalha que tentam nos fazer engoli já se foi.
Um dia desses, antes de dormir, eu liguei a TV para me distrair um pouco, (sei que é um péssimo hábito), e vi a seguinte inscrição na tela “Vigília da resposta à perseguição da TV Globo”, além do nome gigantesco (que não significa nada), a imagem de templos lotados foi suficiente para que às 02h00min da madrugada eu não trocasse o canal da TV.
A vigília em questão foi realizada pela Igreja Universal em diversos estados, sendo transmitida ao vivo pela Rede Record.
Acompanhei a programação da emissora até as 03h00min. Vi justamente o momento em que algumas pessoas, em diversas cidades, testemunhavam/foram entrevistadas. Nada de diferente do que pode ser visto em qualquer igreja evangélica, para desespero daqueles que dizem que a Igreja Universal não é igreja. O bispo principal passava a palavra ao responsável, não sei se pastor ou bispo também, em alguma cidade e este assumia por lá a direção do testemunho/entrevista, fazendo perguntas às pessoas. Em geral eram famílias que testemunhavam/eram entrevistadas. Pessoas bem arrumadas e com falas ensaiadas. Novamente digo que não houve nada diferente do que pode ser visto em algumas igrejas evangélicas. O que há de interessante? O discurso.
Todas as pessoas que falaram apresentaram palavras semelhantes e uma ordem específica nos discursos.
O responsável pela entrevista/testemunho perguntava “como chegou ou chegaram à IURD? (Igreja Universal do Reino de Deus)”, “quais eram os problemas que enfrentavam?”, “como está ou estão agora?” e a mais terrível de todas as perguntas realizadas “qual a sua resposta à TV Globo?”.
Como era de se esperar, a vida de cada um dos que foram entrevistados/testemunharam estava “destruída”, palavra muito utilizada, e em todas as áreas, seja a família, o trabalho, a saúde e por aí vai. Não nego que as pessoas estejam falando a verdade. É bem possível que todos realmente estivessem com suas vidas traumatizadas e que após ingressarem na Igreja Universal tenham passado por mudanças que consideram como melhoramentos. Mas isto não significa que fecharei os olhos e taparei os ouvidos para o que é evidente.
A última pergunta sempre era respondida com uma afirmação triste, “na minha casa não existe mais Rede Globo”.
Então a solução para as acusações que a Rede Record sofre é deixar de ver a Rede Globo? E que defesa é esta que para se livrar das acusações, incrimina o acusador? Então se aquele que acusa também tem suas falhas isto significa que as acusações feitas são inexistentes? É o mesmo argumento daquele que mente e diz: “mas eu nunca roubei”, então é inocente da mentira? Não. É culpado.
Não escrevo que a Rede Globo ou a Rede Record são culpadas das acusações feitas. A responsabilidade está nas mãos da justiça, de farinha, do Brasil.
É incrível como os líderes da Igreja Universal não se pronunciam contra (percebe que não escrevo que estimulam) a posição dos fiéis de não mais assistirem a programação da TV Globo. Alguns com certeza vêem, até por que se não o fizessem, não teriam como responder às reportagens com mais reportagens e vigílias.
Enfim, é isto que é cristianismo. Cristianismo é dominação e conquista, de vidas, de bens, daquilo que se pode ver e fazer. Enquanto os fiéis, como ovelhas mantém a cabeça baixa os líderes mantém a cabeça levantada para verem tudo. Triste.
Outro dia ouvi de alguém a seguinte frase: “...está vendo a Globo? Dando IBOPE pra Globo? Quando Deus pesar a mão...”. Que horror. Então Deus “pesará a mão” por que eu decido saber aquilo que é noticiado nos jornais?
E, só para constar, porque os líderes na Igreja Universal não fazem uma vigília contra o Ministério Público de São Paulo ou contra a 9ª Vara Criminal da Capital, que acolheu as acusações?
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