sábado, 29 de agosto de 2009

047. Não estamos sós, mas dois perdidos não fazem um achado.

E quando eu penso que só estou, descubro outros que caminham na mesma estrada.

Infelizmente, dois perdidos não fazem um achado.

O Texto é um comentário ao texto de Robson Sampaio Guerra, postado em Peroratio.

Olá prof. Osvaldo e olá Robson,

Embora não conheça o Robson pessoalmente, a leitura do texto foi como olhar-me no espelho, pois a estrutura me é muito semelhante, família Batista tradicional, Embaixador do Rei, líder de jovens, corais e etc.

Foi um bom texto. Uma declaração que representa a realidade de vários (diria até maioria, mas seria presunção minha) seminaristas (prefiro o termo “universitários”) que conheci.

Seria de bom grado que pastores tivessem acesso ao teu texto para, movidos pela compaixão que deveriam expressar e, julgo eu, indispensável ao ofício pastoral, mudar suas práticas em relação aos seminaristas.

Quando falei com o pastor da igreja que freqüentava que pretendia ir para o seminário, (sim, fui pedir autorização para entrar no STBSB) ele disse que não concordava que pessoas sem “chamado” fossem para o seminário, pois lá era um local em que “existiam pessoas que não acreditavam em Jesus” e apenas o “chamado” seria a “âncora” que garantiria a perseverança do “seminarista”.

Creio que é por isso que os seminaristas (e aqui não preciso mais das aspas, pois não são universitários mesmo) são sobrecarregados com “projetos” de evangelização, assistência aos irmãos ausentes, cultos jovens, grupo de diáconos e por aí vai.

As inúmeras atividades são a “âncora” que não permitem que seminaristas leiam os livros das disciplinas. Com muito mais de doze trabalhos, nenhum ser humano tem tempo para ler e pensar sobre obras como “O Método”, “A Cidade Antiga”, “Filosofia da Ciência”, “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” entre outras que ajudam no processo de desconstrução necessária para a dessacralização dos conteúdos.

Creio que a igreja precisa passar por uma reforma pedagógica e mudar do Educare para o Educere. Muito difícil de acontecer. Mas não vejo ainda outra solução.

Impedir que as pessoas tenham acesso ao conhecimento é criminoso e muitos pastores (mais uma vez desejo dizer todos) são culpados. Eles enxergam a vida religiosa do indivíduo (embora que até a visualização da pessoa como indivíduo já seja alvo de controvérsias) como parada e por isso a âncora é necessária. Esta posição parece muito com a idéia de posse e, portanto, dogmatismo.

Escreveria sobre “levantar âncora!”, mas chega de termos náuticos.

Se devo me afastar de locais em que estejam pessoas que não acreditam em Jesus (seja lá qual Jesus que o pastor se referiu) então não vou mais ao mercado, à padaria, à universidade, à farmácia e nem à igreja! E o diálogo com as Ciências Humanas? Coisa do demônio...

Abraço,

Harlyson Lopes

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