terça-feira, 4 de agosto de 2009

28. Religião se discute?

Jogar RPG on-line tem vários benefícios. Além de estimular a imaginação e de ser um passatempo muito saudável (apesar do que os pseudo-entendidos dizem) o jogo permite que se converse com inúmeras pessoas tão afastadas de ti que, provavelmente, se dependesse das circunstâncias cotidianas da vida seria impossível conhecê-las.

Ontem estava conversando com um grupo de jogadores do TRIBALWARS. Papo animado, muitas risadas, clima legal e, num estalo, surgiu o tema da religião. A maioria dos jogadores pediu que mudássemos de assunto, pois “política e religião não se discutem”. E foi aí que uma surpresa agradável surgiu.

Um dos jovens, um rapaz de 22 anos, queria continuar a conversa sobre religião, então fomos, ele e eu, para outra janela (facilidades da vida virtual) e continuamos a conversa.

Ele apresentou algumas passagens com as quais não concordava, a saber, I Timóteo 02,11-15:

11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.
12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.
13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
14 E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.
15 Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação.

Ele não conseguia entender como um Deus que enxergava todos os homens como iguais poderia considerar as mulheres como seres menores. Expôs, também, que nunca lhe tinham explicado estas passagens e que sempre lhe apresentavam passagens “bonitinhas”, mas que ao pegar a Bíblia em suas mãos, via contradições que nunca eram assunto das aulas de catequese, que freqüentou por 10 anos.

Antes que o leitor (se é que há algum) protestante sorria, a catequese Católica não é inferior à EBD evangélica. Também não é superior. As duas são iguais, pois ensinam a mesma coisa: doutrina.

O fato é que o jovem declarou um profundo respeito e admiração por sua mãe e, portanto qualquer passagem que indique uma inferioridade da mulher lhe seria inaceitável. Declarou ainda que resolveu não “perder tempo” estudando um livro que se contradiz e assim sendo, tornou-se ateu.

Conversamos. Parti do princípio de que ele não acreditava em Deus. Conversamos acerca da importância da Bíblia e de outros textos sagrados, sua relevância para o Ocidente, o contexto histórico da formação do texto bíblico, a dificuldade de interpretação do texto bíblico, o fundamentalismo, os discursos presentes na Bíblia e etc.

Em momento algum procurei “convertê-lo” ou “demonstrar a existência de Deus”. Não foi necessário. As dúvidas que o apoquentavam não precisavam de “fé” para explicação.

Após alguns minutos de conversa, ele declarou “...gostei”.

Não sei se o leitor concorda com o que eu fiz. Talvez os mais conservadores digam que eu deveria ter explicado as “4 leis espirituais”, mas eu pergunto (e faço muito isto por aqui), as dúvidas seriam sanadas com uma tentativa de evangelização? O que era mais importante? Conquistar a alma ou responder os desgostos da alma?

Ele pode apenas ter sido educado com a declaração final. Eu prefiro acreditar, por enquanto, que foi aprazível para ambos reescrever a frase inicial e poder dizer: “religião se discute sim!”.

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