domingo, 9 de agosto de 2009

32. Do julgamento

Recebi o comentário abaixo no blog:

“Irmão vamos deixar Deus julgar kda um, cabe a nós somente amar e servir a Deus. E colher o fruto de nossas atitudes, sejam elas boas ou ruins.
sabendo todos nós que a sabedoria lá do alto é Pacífica, não polémica.
Que Deus te abençoe!”

Agradeço o comentário.

Após a leitura, escrevi o pequeno texto a seguir.

Eu não “julgo”...só o fazia quando era o “cristão” que fui ensinado a ser. Hoje, cada vez mais livre das catequizações impelidas por anos, parei com os “julgamentos”.

Creio que será de valia para o leitor do blog, ou pelo menos para mim, se, em poucas linhas, esclarecer que julgo sem julgar. Compliquei? Não. Está mais simples.

Eu julgo. Todos os seres humanos julgam e é impossível viver sem julgar. Jesus, ou pelo menos aquele que os autores dos textos bíblicos apresentaram como Jesus, julgou. Duvida? Então o que dizer dos textos de Mateus 6.2, 6.5, 6.16, 7.5, 15.7, 16.3, 23.13, 23.14, 23.23, 23.25 e para não ficarmos apenas em Mateus, que tal Marcos 7.6 e Lucas 6.42?

A palavra “julgar” pode ter vários significados. Os significados mais utilizados são: “decidir (como juiz, árbitro, etc.)” e “sentenciar”. O significado menos utilizado é: “Proceder ao exame da causa de”.

Como razoável cristão que sempre fui sempre tive de me decidir acerca de tudo. Julgar as situações e pessoas é uma ação que parece muito necessária no Cristianismo. Escrevi “no” e não “ao”, ok?

Como não tenho mais uma venda a impedir que meus olhos vejam e muito menos um cabresto a guiar minha cabeça, então parei de decidir e sentenciar, mas examino as causas de muito do que vejo e ouço.

Se um jogador de futebol é ungido como presbítero, eu examino. Se um religioso é acusado de entrar num país estrangeiro com dinheiro escondido numa Bíblia, eu examino. Se alguém diz que Deus falou com ele e me pede R$900,00 para receber uma unção “nunca vista antes”, eu examino.

E, se ao examinar a causa de alguma expressão eu julgo, então continuarei julgando e sugiro que o leitor (se é que há mais algum) também julgue e se gostar de julgar, não me agradeça, não fiz nada.

No meu caso, começar a julgar foi ótimo. Deixar o “julgamento” apenas para Deus gera um problema: muitas pessoas sabem o que Deus quer (ou pelo menos acreditam que sabem ou afirmam que sabem). Se ligarmos a TV será possível observar vários pastores, missionários, bispos, profetas e toda sorte de “enviados divinos” afirmando que sabem exatamente qual é a vontade divina. Então, o que fazemos nós se não analisamos as situações? Esperamos que algum “mensageiro divino” diga qual é o julgamento correto? Esperamos que estes mesmos “portadores da verdade” nos digam o que é certo e errado? Devemos engolir tudo que eles dizem sem julgar antes? Não. Não mais.

Não me cabe apenas “amar e servir” como se não tivesse intelecto ou vontade. Não me cabe esperar que outra pessoa diga o que são “ações boas ou ruins”. Será que não posso julgar aquilo que é certo ou errado? Será que apenas como um boi manso deve carregar o peso que colocam nos lombos devemos nós fazer o mesmo? Minhas costas doem. E não mais deixarei que coloquem peso para carregar.

Com relação à sabedoria que vem do alto ser pacífica e não polêmica...depende daquilo que consideramos como “polêmica”. Se aquele Jesus que está nos Evangelhos realmente esteve entre os humanos, então ele era muito polêmico. Duvida? Então o que dizer de todas as passagens que estão no começo da postagem? Jesus discutiu com os fariseus e com os saduceus (Mateus 3.7) e debateu de tal modo que gerou tanta polêmica que, aos berros, pediram “Crucifica-o, crucifica-o!” (Lucas 23.21).

Os discípulos de Jesus eram tão polêmicos quanto ele. Duvida? Então duvidas demais e isto é ótimo, pelo menos eu penso que sim! Tão polêmicos eram que quando chegaram a Tessalônica ouviram: “Estes que têm alvoroçado o mundo, chegaram também aqui;” (Atos 17.6).

Enfim, a questão é que não julgo pessoas. Julgo ações. Com relação às pessoas apenas entristeço-me.

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