sexta-feira, 23 de outubro de 2009

089. Sozinho

Por que?

Por que parece que estou sozinho? Parece que de fato estou. Vejo em alguns rostos o mesmo interesse pela possibilidade de alcançar os conteúdos mais profundos e escondidos que tiram o ar e dão angústia que tenho e mantenho.

Mas são ilusões. Não estão entretidos e dispostos na busca como eu estou.

Alguns decidiram não buscar enquanto outros não estão cientes nem da existência de uma busca que pode ser feita.

Qual busca? A busca pelo conteúdos mais profundos, eu já escrevi.

Quais conteúdos?

Aqueles que estão escondidos, eu já escrevi.

Quais? Tem certeza de que quer saber? Pode acontecer ao leitor (se é que há mais algum) de que ao ser informado também queira adentrar na busca inalcançavel. Por apenas um motivo eu não recomendo: VOCÊ ESTARÁ SOZINHO.

Agora sei o quão sozinho estou. De fato, já estava quando da criação deste blog, mas é que a cada nova descoberta e a cada nova conversa com as pessoas à minha volta, mais sozinho sei que estou.

A cada conversa há uma nova decepção.

É interessante, pois vejo as pessoas conversarem e se alegrarem e viverem sem as preocupações que me acometem.

É incrível saber que as pessoas estão bem hoje, assim como sempre estiveram sem a necessidade de responder as perguntas mais inquietantes da vida.

A maioria é como gado, (para usar uma expressão muito utilizada pelo prof.Osvaldo), e não pesam. Se contentam em ser levadas por um grupo que mantém o aprisco sempre fechado.

Como conseguem? Como podem conversar acerca do novo celular, ou do novo carro, ou das dificuldades no trabalho, ou da falta de tempo para estar com a família ou sobre o que mais se converse (não sou sociável ao ponto de saber), sem que se importem com as maravilhosas obras de Kant, Heidegger, Schleiermacher e outros mais?

Talvez a resposta seja: do mesmo modo que eu vivi até hoje sem conhecimento dessas obras.

Mas tenho a meu favor o fato de que por mais que não soubesse da existência desses autores, já havia em mim a insatisfação.

O vetor de força que me mantém onde estou é a insatisfação.

Insatisfação que não me permite aceitar as explicações fáceis, as respostas prontas, o cotidiano mecanicista de nascer, crescer, estudar, trabalhar, casar, procriar e morrer.

Ao mesmo tempo há a infelicidade de saber que acordei. E infelicidade, pois ainda não consegui me acostumar com a ideia.

Tem que haver mais. Mas este "tem" é apenas pela insatisfação de querer achar algo.

Sei que estou só, pois não vejo as pessoas buscarem sair desta máquina chamada vida programada.

De que adianta saber se Moisés existiu ou não? Para uma pessoa comum? Nada. Nada muda.

É incrível.

Talvez a resposta seja a do autor/es de Eclesiastes e viver a vida seja a única coisa que importe.

Talvez ele/s esteja errado.

Talvez haja mais.

Quem saberá? Apenas aquele que buscar poderá responder ou não esta questão. Mas, ainda que não responda, pelo menos ele saiu da vida programada. Ele quebrou a máquina que o mantinha preso na ilusão.


Há alguém que ande ao meu lado?



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