terça-feira, 13 de outubro de 2009

080. Daniel

SOARES, Dionísio Oliveira. O livro de Daniel: Aspectos sócio-históricos de sua composição. Rio de Janeiro: Letra Capital Editora, 2008. p.237-247.

No texto “O livro de Daniel: Aspectos sócio-históricos de sua composição” o autor Me. Dionísio Oliveira Soares apresenta uma análise geral do livro bíblico e da história apresentada do personagem “Daniel” em relação às evidências históricas coletadas por historiadores e sua relevância no contexto histórico de Israel.

O autor destaca que o livro de Daniel é datado do período intertestamentário, sendo o último a entrar para as Escrituras Hebraicas. As Bíblias cristãs incluem o livro de Daniel entre os profetas seguindo a tradição da Septuaginta, enquanto as Escrituras Hebraicas o arrolam nos “escritos”.

O autor apresenta a possibilidade de que o personagem “Daniel” tenha sido inspirado na antiga figura de “Dan’el”, homem reverenciado por sua sabedoria e justiça. Tal possibilidade é baseada em evidências arqueológicas estabelecidas por tabletes encontrados no norte da Síria conhecidos como os poemas de Ras Shamra datados do XIV século a.C.. De fato, o livro de Daniel faria parte de um ciclo de escritos apócrifos. Outros ciclos seriam os de Salomão, Isaías e etc. Desta forma o autor assinala que o personagem do livro de Daniel é “unicamente literário”.

O texto adita a data de composição do livro entre 167 a.C. e 164 a. C. tendo como base o capítulo 11 onde são descritas as guerras entre Selêucidas e Ptolomeus e a descrição do reinado de Antíoco IV Epífanes. Esses dois grupos rivais representavam a divisão do império de Alexandre, o Grande, morto em 323 a.C., sendo os Selêucidas na Síria e Palestina e os Ptolomeus no Egito.

A seguir, o autor destaca o período de dominação pelos Selêucidas como mais difícil para Israel devido às intensas guerras travadas pelo rei Antíoco III contra Roma. De fato, o ápice do sofrimento de Israel neste período aconteceu quando Antíoco IV Epífanes assume o trono e saqueia o Templo de Jerusalém, instaurando um culto oriental helenizado, que era uma característica da política da Macedônia. Este momento é identificado como a “abominação da desolação” descrita em Dn 11,31 e 12,11 e culminará na revolta macabaica.

Para o autor o livro de Daniel é uma compilação de histórias de homens que demonstraram firmeza na fé apesar dos problemas e por isso foram salvos por Deus. É um livro de fim catequético cujo propósito é amparar Israel durante os momentos conturbados sob a dominação dos Selêucidas.

Uma questão levantada pelo texto é a respeito da relevância que os acontecimentos nos séculos III a.C. e II a.C. teriam para um povo cativo no século VI a.C. Se o livro fosse datado na época do exílio na Babilônia, para o povo cativo não haveria nenhuma valia saber dos acontecimentos que se dariam três séculos depois como os conflitos e alianças entre Ptolomeus e Selêucidas e o reinado de Antíoco IV Epífanes.

Outro aspecto enfocado no texto é a possível existência de um círculo de literatura daniélica mais extenso do que o apresentado no livro bíblico. Esta existência é devida a fragmentos encontrados em Qumran. Foi encontrado um trecho na Caverna IV que apresenta a “Oração de Nabônides”. Esta oração tem semelhança com a oração de Nabucodonosor descrita no livro de Daniel, mas no trecho encontrado em Qumran há a menção de um “mago” judeu ao invés do nome do personagem “Daniel” como no livro bíblico. Assim, segundo o autor, os capítulos 2-6 do livro bíblico seriam remotas tradições babilônicas adaptadas pelo redator de Daniel.

A necessidade de datar o livro na época dos macabeus para entender os significados presentes no livro bíblico é assegurada no texto. Desta forma, o autor compreende a origem do livro do livro de Daniel através de um processo de composição iniciado no século III a.C. e finalizado no séc. II a. C. e que comporta histórias antigas conhecidas como “relatos da corte” que abrangem os capítulos 1-6 e as narrativas sob o domínio de Antíoco IV Epífanes nos capítulos 7-12.

Por fim, o autor destaca o livro de Daniel como representante do desenvolvimento do apocalipsismo afastando-o da corrente profética primitiva.

Em linguagem singela e fluente, o autor expõe o livro de Daniel como um livro de protesto contra a interferência estrangeira nos rituais religiosos de Israel e desmitifica as profecias nos capítulos finais através da possibilidade de contextualização histórica do livro, no entanto, não vai de encontro ao pensamento dos cristãos mais tradicionais por apresentar o livro bíblico como uma formação posterior ao período babilônico, mas afiança que as lições apresentadas pelo redator do livro constituem o testemunho da esperança e fé de Israel diante das tribulações numa época específica.

Um comentário:

  1. Absurdo voce como estudante de teologia aceitar a postura de um racionalista, como citei no item 34! Se a Biblia pode ser interpretada pela historia não ha necessidade de fe, ela se torna um livro comum, sem sentido para a cristandade. Acho que voce esta perdido, sem fe, sem saber em que acreditar! O ensino racionalista nos seminarios e faculdade teologica tem confundido a cabeça dos alunos e levado a posturas ceticas, nao cristãs. Analise melhor sua leitura, enxergue nas entrelinhas e vera a verdadeira intenção dos racionalistas, destruir a biblia, a palavra de Deus, tirar-lhe o crédito, e voce assina embaixo!

    ResponderExcluir

Obrigado pelo comentário, seja crítica, elogio ou sugestão. O que importa são suas palavras.

Então é aqui?

Pesquisar este blog